ONDE TUDO COMEÇOU

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Oi, eu sou a Tókio, você provavelmente se lembra de mim. Eu sempre narrei essa história, mas às vezes mudanças ocorrem, e nessa história, mudança é o que mais existe.

Meu nome é Amsterdã, mas quando tudo começou, eu não me chamava assim. É brincadeira, eu sempre me chamei Amsterdã, até mesmo antes da minha vida mudar completamente.

Era uma tarde comum como qualquer outra, o dia estava ensolarado e nada fora do comum. Eu me encontrava jogada no sofá com um pote de sorvete, tentando prestar o mínimo de atenção na televisão que falava pela milésima vez sobre o assalto à Casa da Moeda. Eu já não aguentava mais ouvir sobre isso, e mais uma vez aquela mesma repórter que estava fazendo a cobertura sobre o assalto, anunciava o fim dele.

"Agora há pouco os ladrões que assaltaram a Casa da Moeda fugiram. Os policiais já confirmaram que um dos membros da quadrilha foi morto a tiros. Andrés de Fonollosa, apresentado ao público como Berlin. Voltamos assim que que tivermos mais notícias."

A campainha tocou, mas eu ignorei, afinal eu nunca recebia visitas. A campainha tocou novamente e eu resolvi atender, talvez fosse o carteiro ou algo do tipo.

Eu me levantei e fui até a porta de entrada. Ao abrir a porta avistei um homem alto, de olhos castanhos, cabelo meio bagunçado, e que com certeza não era o carteiro.

- Desculpa te incomodar, mas eu realmente preciso de ajuda. - o homem disse meio ofegante me encarando e apoiada na porta.

Eu o olhei de baixo para cima meio que automático. Será que eu havia passado tempo demais dentro de casa sem convívio social ao ponto de estar alucinando?

- Claro. Entra. - falei dando espaço para que ele entrar.

- Muito obrigado, você salvou a minha vida. - ele disse ainda ofegante, seu rosto estava suado, ele visivelmente havia fugido de algo ou alguém.

- Por falar em vida, não era para você estar morto? - eu perguntei olhando-o confusa.

- Você sabe quem eu sou? - perguntou-me me olhando. Parecia estar mais confuso do que eu.

- A Espanha inteira e provavelmente o mundo sabe quem você é.

- E você não vai surtar, pedir socorro ou chamar a polícia?

- Por que eu faria isso? Já viu um rato ter medo de outro?

- Claro que não. Mas o que isso tem a ver?

- Seres humanos tem medo de ratos! Um rato não tem medo de outro porque são da mesma espécie.

- Espera, quer me dizer que você também é assaltante? - ele me olhou com um sorriso sarcástico.

- Exatamente.

Ele não me respondeu nada, apenas sorriu mais ainda.

- Do que está rindo? Eu estou falando sério. - eu disse cruzando os braços tentando impor o respeito que eu não tinha diante dele.

- Ah, e o que você roubou meu bem? Doces em mercados? Não estou te julgando, é um bom começo.

- Eu não assalto diretamente, eu comando tudo de longe.

- Então uma garotinha de quatorze anos, que provavelmente mora com os pais é líder de assalto? - ele falou ironicamente. - Afinal, onde estão os seus pais?

- Eu não tenho quatorze anos! E onde estão os meu país não é da sua conta. Quer saber? Vai embora da minha casa, agora.

- Não, calma. Começamos errado, vamos tentar de novo. Muito bem, meu nome é Berlin e o seu?

Amsterdã- La casa de papel Onde as histórias ganham vida. Descobre agora