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— Mona, eu quero que você fique aqui do meu lado

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— Mona, eu quero que você fique aqui do meu lado. Fernanda, você aqui do outro — Valerie informa, dando batidinhas na terra, levantando um pouco de terra.

— Por que eu tenho que ficar do teu lado? — Mona diz desconfiada.

— Não se faça de boba, você sabe que é por causa da sua avó, e de um jeito ou de outro, você vai ser extremamente útil...

Mona apenas solta um suspiro e senta no chão, quando ela coloca a mão sobre a barriga, o olhar de Valerie suaviza.

— Não vou deixar nada acontecer com vocês... — sorri de maneira encorajadora e segura os dedos frágeis da menina. — E as duas bonitas em pé aí, podem ir se aproximando e sentando também, vamos ter que cercar o corpo. E aconteça o que acontecer, não soltem as mãos.

As meninas fazem como são informadas, e por um momento não fazem mais nada, apenas segurando as mãos e respirando nervosamente. Ninguém fala por uns bons minutos, e poucos segundos antes de Fernanda perguntar o que ela está esperando, Valerie aperta a sua mão, até um ponto de sentir dor.

— Oi Blue linda — Valerie fala com uma voz alterada e Fernanda soube no momento que estava segurando a mão de sua ex. Teve uma vontade súbita de largar a mão, como se aquilo fizesse mal, mas engoliu a sensação, e manteve o aperto.

— Olá — Fernanda mal reconheceu a frieza da voz que saiu de sua garganta.

— Sabia que você viria por mim quando eu tivesse aquele pulguento, feliz por acertar... — Valerie tinha um sorriso disforme e sua voz aprofundou ainda mais.

— Somos civilizadas aqui... Não fale dele assim... — Fernanda aperta mais a mão de Valerie e sabe que é sem sentido, mas queria de alguma forma tentar ter um pouco de controle.

— Você não aceitava mais falar comigo linda, eu tinha que dar um jeito...

— Onde. Ele. Está? — necessitou toda a paciência dentro de Fernanda para ela falar essas três palavras.

— Se eu falar, você promete que vai parar de me ignorar? — de algum modo, a voz alterada que saiu de Valerie ficou mais carinhosa. Fernanda sem conseguir ser sincera com palavras, apenas levantou a cabeça e acenou uma vez. — Ele está no terreno atrás de local onde a gente deu o nosso primeiro beijo. — emoções faiscaram nos olhos da Fernanda. Valerie incorporando a ex deve ter notado, já que apenas deu de ombros com um sorriso. — Fazer o quê, se eu sou romântica...

— Se algo tiver acontecido com ele... — Fernanda praticamente rosna.

— Você acha que sou maluca? Ele está bem cuidado, tem uma caminha confortável, ração e água. Não sou tão desalmada como você me retrata e...

O olhar de Valerie cai para o corpo no meio da nossa roda.

— E-essa sou eu... — a voz que antes estava até que controlada, agora ecoa e quebra em diversos pontos. — Mas se essa sou eu, quem...

Ela para de falar e a cabeça pende para baixo. Segundos depois, ela volta a levantar a cabeça.

— Merda, merda, merda! — Valerie parece ansiosa e a voz tinha voltado ao normal.

— Isso não é uma palavra que eu quero escutar quando estamos fazendo uma coisa dessas Valerie! — April diz e sente as palmas de suas mãos já querendo suar.

— O que está acontecendo? — Ivy diz ao sentir a terra tremer abaixo dela.

— Erro de principiante Valerie, erro de principiante... — Valerie reclama consigo mesmo. — Soltem minhas mãos, tenho que ser rápida agora!

As meninas fazem como requerido, e assim que o fazem, a terra racha em diversos pontos sob elas. As quatro estavam de olhos arregalados e nervosas, enquanto Valerie era a única que parecia ter algum tipo de controle sob a situação.

Ela saltou sob o cadáver no chão, que pareceu não estar tão morto assim, começando a se mexer e terra saiu aos montes da boca com dentes enegrecidos. Fez o que tinha que fazer e então o corpo parou de se mover.

— Prontinho, agora só pra garantir, melhor enterrar esse daí num canto onde ninguém vai encontrar e podemos ir resgatar o cachorro — Valerie diz, batendo as mãos, limpando a terra entre seus dedos.

— A-acabou? — Ivy pergunta trêmula.

— É, só pegar as pás e comecem a cavar, agora o trabalho é pesado!

Sete palmos de terra depois, e sem mais corpo, as meninas entram no carro, mesmo exaustas, para colocar no GPS o local dito por Fernanda. April liga o seu carro e elas partem, deixando suor e uma pessoa enterrada para trás.

Elas não estão lá para ver quando duas mãos que tinham acabado de enfiar na terra, saem dela.


Blue ClubWhere stories live. Discover now