Cap. 4 ∥Moeda de troca

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Continuei olhando estática para ele. Meus músculos tremiam. Esse era o medo que Oolong tanto sentia? O que te faz congelar e mal ter voz para dizer uma única palavra?

Não, eu não tinha medo dele. Devia ser só o efeito da surpresa, afinal é assim que você se sente diante do inesperado. Como se seu coração errasse batidas de propósito.

─ P-Piccolo? ─ Sorri torto. Muito torto. ─ O que faz aqui?

Nada, ele não me respondeu. Suspense, drama, não sei. Quem sabe 'terror' era uma definição melhor para aquilo.

A pior parte era que ele continuava sorrindo. O que deu nele?

Porfavornãomemate, porfavornãomemate! ─ Oolong já reagia no desespero, se enfiando debaixo da mesa.

─ Cala essa boca, se não quiser morrer agora mesmo! Minha conversa não é com você! ─ Gritou Piccolo.

Assustada, vi Oolong desaparecer naquela escuridão. Minhas pernas bambearam. Os olhos piscavam em um tique nervoso. Toda aquela ignorância que tive, se transformava em pânico, um pânico contagioso e generalizado.

─ Bom, eu não sei o que o senhor quer comigo... ─ Lancei meu olhar para a janela aberta. ─ Mas tá ficando tarde, então eu já vou indo!

Mal terminei de falar e saí correndo para saltar pela abertura, com sorte conseguiria sumir da vista dele.

Quando já via a liberdade, ela foi tomada de meus olhos pelo puxão que recebi na gola da camisa.

─ Aonde pensa que vai?

─ O quê? ─ Gritei, desesperada. ─ Não, espera! Me solta!

─ Sua força não adianta de nada se não souber como usá-la! ─ Fui arrastada contra a minha vontade, ainda pela gola. Os pés lutavam para se manterem firmes sobre o chão de madeira, o que infelizmente não era possível.

Tudo bem, eu tenho medo dele.

─ O-Oolong, por favor! ─ Me debati, sem o mínimo sucesso. Eu só queria sair dali. ─ Me ajuda!

─ A-Aseri!

"Por favor, me ajuda...!" ─ Supliquei, outra vez, com olhos desesperados.

De olhos baixos, ele simplesmente evitou me olhar; Como se eu mal estivesse ali. Algumas palavras ainda tentaram sair de minha boca, mas falharam quando a incredibilidade me engasgou como saliva.

─ Ele não vai poder fazer nada, e mesmo que tente, só vai ganhar um lugar no cemitério! ─ Debochou Piccolo, gargalhando como se aquilo tudo fosse muito engraçado.

As portas se chocaram contra as paredes, provocando um grande estrondo. Lá fora, o vento gelado da noite agredia minha pele, assim como a lâmina de uma faca. O resto de minha sanidade foi perdida, tão rápido quanto a velocidade em que o chão se tornava apenas um borrão diante meus olhos.

─ V-você voa!?

"Isso só pode ser um pesadelo, isso só pode ser um pesadelo...!"

─ Tem medo de altura? Imagino que se sentirá melhor se eu te soltar...

Naquele instante eu cerrei os punhos. Nessa altura ─ literalmente ─ eu não estava afim de ouvir comentários desse tipo.

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⏰ Last updated: Oct 08, 2020 ⏰

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