*** #29. QUeM MATOU A BeL? ***

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*** SONGBOOK. #29. QUeM MATOU A BeL? ***

Sentou-se no sofá de dois lugares, ao lado do tapete no qual o cachorro tinha se deitado. Daquele ângulo percebeu que havia um papel no chão. Reconheceu o papel que Aline segurava quando foi retirar Scooby de suas mãos.

Abriu o papel e leu. Procurou por um dos aparelhos de telefone que tinha distribuído por toda a propriedade. Escolheu o que ficava em cima do bar. Discou o número, nervoso. Enquanto aguardava a chamada se completar com o telefone entre a orelha e o ombro, serviu um copo de conhaque com uma dose de uísque. Nunca foi dado a esses detalhes. A chamada caiu. Largou o copo para discar novamente. Pegou a garrafa e tomou um gole no gargalo. A ligação completou:

- Ruivão, tenho outra composição para adicionar ao Songbook.

- Esteve com os moleques, não?

- Como sabe?

- Coloquei um papel com clip anexado à agenda e agora, em menos de dois dias, a página já está marcada quando retiro o papel para ler.

- E daí?

- Não tem nenhuma outra página marcada na agenda.

- E daí, homem dos infernos?

- E daí que você nunca colocou um cartão com o número de telefone dos moleques anexado com um clip em página alguma da agenda.

- Olha, eu sei que pisei na bola contigo. E que essa não é a primeira vez... Pisei na bola e preciso de ajuda... quero dizer... e posso te ajudar também... estou com a letra da música aqui na minha mão. Vou levá-la para ti e a identificação dos moleques e... Olha, escuta: tô saindo agora.

- Tá, bom. Seguinte, vem direto para cá e eu te ajudo. Tu me ajuda e eu te ajudo.

- Tá! Negócio fechado!

- Então, tá. Vem agora ou eu vou te buscar onde quer que estejas.

Ruivão falou e desligou o aparelho. O produtor largou o telefone no gancho e tomou o copo que já estava servido em um só gole. Quando largou o copo, pegou novamente o papel que Aline deixou cair no tapete. Ajeitou o ângulo e releu a canção que os moleques fizeram naquele final de semana:

29. QUEM MATOU A BEL.

(1) Ele renega a vida//a morte a cura e a ferida//o sangue do
corte já não jorra mais//de suas veias imortais

(2) O veneno de suas artérias cicatriza o talho//não é preciso
mais zelar pelos mortais//muito antes pelo contrário

(3) Contrária é a sua história//longe da luz que o gerou//torto
e desprovido da graça do próprio pai

(4) Assim se diz Caim//no banco dos réus//apontado por
todos como um bandido cruel//vil assassino de pobre
menina//doce criatura//linda Maribel

(5) Caim matou a Bel//Caim matou a Bel//Caim não vai pro
céu//pro céu mandou a Bel

(6) Anjo do céu//menina linda Maribel//Anjo do céu//menina
linda Maribel

(7) Anjo do mal, Caim//nas trevas//é imortal//anjo do mal,
Caim//das trevas e letal

(8) Anjo do céu, menina//linda Maribel//Anjo do céu, menina//
linda Maribel


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Continua no próximo capítulo:
*** 1994. SeTeMBRO. DOMINGO. PAR De OLHOS. ***

Caso tenham interesse em publicações anteriores, as obras que aqui publicamos: aqui continuam publicadas.

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Versão em quadrinhos:

https://my.w.tt/gUkoloi2l0

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Agradecemos às visitas.

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asM3M. Songbook. Playlist para o quarto volume.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora