*** 1994. SeTeMBRO. SeXTA. SeM eSPUMA. ***
A casa do tio do Pereba era relativamente grande, começava em um terreno de esquina no alto da rua e descia ao longo da rua lateral com três andares.
As garagens no andar de cima eram grandes e uma delas já estava sendo preparada para o ensaio da Mistery Machine Band.
A casa com os muros e as paredes externas alaranjadas e de grades verde-musgo nos balcões que se projetavam nas janelas dos andares superiores lembravam um cenário mexicano.
Enquanto os rapazes organizavam os instrumentos e caixas de som sobre os tapetes no estúdio-garagem, Zora mostrava o tabuleiro para Aline. Mal podiam esperar para contatar os mortos. Todos, exceto Izabel. Ela permanecia calada, apreensiva, apenas observando os rumos dos acontecimentos e pensando em uma maneira de convencê- los a desistir da ideia. Entretanto, eles já pareciam definitivamente convencidos a seguir os planos dos integrantes da banda, como sempre. Antes de entrar na kombi, ela foi voto vencido, como sempre. Permanecia ao lado de Scooby, acarinhando-lhe o dorso e as orelhas. Ambos aparentavam um certo desânimo.
Zora e Aline espalharam pelos cômodos adjacentes alguns recipientes nos quais queimavam algumas ervas. A queima produzia um certo aroma inebriante... um aroma que não combinava com a decoração da casa e que pareceu fazer com que a noite chegasse mais cedo do que o esperado.
Pereba colocou uma música alta no toca-discos e cuidou para que os discos de vinil não parassem de tocar até que pegassem os instrumentos e começassem o ensaio. O som estava alto o suficiente para exigir que elevassem a voz se quisessem ser ouvidos.
As garrafas de cerveja começaram a aparecer nas mãos da turma. Caim se encarregava de distribuir a bebida e garantir que os copos permanecessem cheios.
Ao comando de Aline, Caim encheu o copo dela:
- Vai, dimenor. Não me deixa com o copo pela metade, não. E vê se não enche meu copo de espuma, vacilão.
Caim fez cara de quem não curtiu o comentário, mas já estava acostumado com a acidez das palavras da vocalista. Ainda assim, ensaiou iniciar um protesto:
- Eu não sou vacilão! Estou aqui, não estou?
- É, mas tu tava naquelas de não vir... Já fazia tempo que tínhamos conseguido a casa e o Kennedy já tinha topado. Foi difícil virmos com o cachorro pra cá. Já pensou? Ser um megassucesso antes de ter 18 anos, não é para qualquer um...
Pereba e Aline já tinham 19 anos e talvez conseguissem deixar o segundo grau neste ano. Zora completou 18 no início do ano. Os demais ainda estavam na casa dos 17. Maria Izabel faria dezoito anos em breve.
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***Continua no próximo capítulo:
*** SONGBOOK. #19. X AS TAKING AS NO ONe. ***Caso tenham interesse em publicações anteriores, as obras que aqui publicamos: aqui continuam publicadas.
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***Versão em quadrinhos:
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***Agradecemos às visitas.
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asM3M. Songbook. Playlist para o quarto volume.
Mystery / ThrillerUma letra de música rabiscada em uma folha de caderno, arrancada e esquecida dentro do violão que Ruivão segurava em suas mãos diante do corpo sem coração do guitarrista, podia ser uma evidência de que as musas visitavam um mesmo protegido. Entr...