Capítulo 1

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Eu estava em minha sala, aguardando a filha de Lorenzo que tomaria posse da revista, mas, quanto mais esperava, mais atrasavam meus serviços. Decidi ir fazer minhas coisas e fui até o estúdio fotográfico da revista, onde chamei Leandra pelo Zello, aplicativo que tínhamos nos celulares e pelo qual nos comunicávamos o dia todo.
— Le, a modelo já chegou? O Cris está esperando há horas para fotografar e preciso disso pra ontem — a questionei.
— Então, Gu, nada ainda da modelo, vou ver o que consigo — Leandra respondeu, me deixando ainda mais preocupado.
De repente, entrou uma mulher alta, magra com curvas, de cabelos pretos, lisos e compridos, boca carnuda, nariz fino e empinado, olhos verde esmeraldas e pele morena jambo brilhante. Levei a mão ao peito, como se uma pontada me incomodasse, cheguei a ficar sem ar. Que bunda era aquela? Vou dormir com essa modelo hoje – pensei.
Ela veio andando em câmera lenta, como se o chão a fizesse levitar. A equipe se aproximou e começaram a enchê-la de perguntas e informações, já tirando a roupa dela e colocando a roupa com a qual seria fotografada. Dava para ver o quanto ela estava assustada, mas achei que era o tipo de modelo que é tímida.
Depois de pronta, Cris a fotografava e nos olhávamos embasbacados com o jeito dela em frente às câmeras, profissional, cada pose mais linda que a outra. Quando estávamos quase terminando, entrou outra modelo no estúdio e começou a gritar.
— Vocês me contratam, chego aqui e estão fotografando outra? Eu vou processar vocês — esbravejou, fazendo todos olharem para ela.
Me aproximei e ela começou um escândalo. A modelo que estava sendo fotografada olhou e se aproximou também, prestando atenção na outra que gritava, sem parar, que tinha contrato e ia nos processar.
— Isso aqui é uma bagunça. Como não sabem quem é a modelo que irão fotografar? Se foi ela que contrataram, porque estou sendo fotografada? — Perguntou a morena espetacular.
Olhei para Leandra com cara de desapontamento.
— Gente, calma, eu nunca tinha visto a modelo. Quando vi você, já imaginei que não podia ser ninguém menos que uma modelo. — explicou Patrícia, a responsável pelas sessões de fotos e meu braço direito, junto a Leandra.
— Isso é um desrespeito! — Gritou a modelo escandalosa.
— Olha, desrespeito é você achar que é a mais importante modelo do mundo, para chegar aqui atrasada desse jeito e sem dar uma satisfação. Aqui ninguém trabalha pra você. Modelo importante, respeita horário e leva seu trabalho com seriedade — disse a modelo espetacular, fazendo com que todos ficassem boquiabertos.
— E você pensa que é quem pra falar assim comigo? Uma modelinho que não é conhecida e está se aproveitando do meu atraso para ter quinze minutos de fama?! — Ironizou a escandalosa.
A morena espetacular se aproximou dela, a olhou com sarcasmo e levantou a sobrancelha.
— Eu, queridinha, sou a DONA desta revista e aqui você nunca mais trabalha. E no que depender de mim nunca mais vai fotografar nesta cidade, entendeu?
Quando ouvi ela dizer dona, quase surtei. Não pode ser! Não vou conseguir ficar todo dia no mesmo ambiente que esta mulher.
— Susana? — perguntei surpreso.
— Sim — disse me estendendo a mão. — E você?
— Sou Gustavo Alencar — me apresentei, suando gelado.
— Muito prazer, Gustavo. Meu pai tem falado muito de você — cumprimentou-me com o sorriso mais encantador que já vi.
Ela foi atrás de um biombo e se trocou, voltou e olhou para a modelo que ainda estava ali parada.
— Você, como se chama? — perguntou para Leandra que a olhou surpresa.
— Leandra, senhora — respondeu temendo algo.
— Chame os seguranças e peça que levem essa mulher para fora daqui. Não quero mais ouvir falar dela, entendeu? Quanto a modelo que vai fotografar, deixe comigo, vou chamar uma amiga minha. Deixem tudo pronto para as quatro da tarde, sem atrasos, porque, ao contrário dessa infeliz, as modelos que conheço são profissionais e nunca se atrasam, muito menos fazem escândalos quando estão erradas — Susana foi firme, mostrando a que veio.
Saímos em direção a sala que foi de Lorenzo e que pedi para arrumarem para ser dela. Quando entramos, ela observou tudo a sua volta e me olhou com um sorrisinho de canto.
— Pelo jeito você está querendo impressionar, até flores pediu pra colocarem? — perguntou, circulando pelo ambiente.
— Não é querer impressionar, só quis fazer um agrado para nossa nova colaboradora, afinal, mesmo sendo a chefe, você veio para nos ajudar — falei na tentativa de saber qual seria sua posição.
— É claro, vim para contribuir, mas não pense que pouparei alguém aqui, não vou admitir erros e muito menos algo como o que aconteceu hoje. Desta vez vou deixar passar, mas da próxima vez cabeças vão rolar, diga ao responsável que não perdoarei uma próxima vez. Entendeu, senhor Alencar? — indagou com firmeza e muito séria.
— Sim, senhora, realmente o que aconteceu hoje foi imperdoável e agradeço por dar uma segunda chance a pessoa que foi responsável por deixar tudo isso acontecer. Eu mesmo conversarei e avisarei o que foi decidido aqui — dei razão a Susana.
— Quero ver tudo que for decidido antes de ser levado à diretoria, para avaliação — ela pediu, me fazendo entender que ela sabia exatamente o que queria, e pelo jeito sabia muito mais do que eu pensava.
— Pode deixar, eu fecho a pauta todas as quintas e nas sextas, logo pela manhã, levamos a pauta à diretoria em reuniões semanais. Começamos as impressões no último final de semana do mês, sempre na sexta-feira, e todas as revistas saem daqui rumo as bancas — detalhei a forma como trabalhávamos.
— Tudo bem, toda quinta eu ficarei até tarde e esperarei para avaliar antes que seja levada à reunião da diretoria, para que no final do mês possamos enviar o melhor conteúdo para a gráfica — ela falava tudo com muita certeza e eu estava lá, extremamente vidrado na beleza daquele espetáculo de mulher, concentração não fazia parte de mim no momento.
— Será tudo do jeito que decidir, só peço que leve em conta minhas opiniões, já que estou aqui há mais de sete anos e ajudei seu pai nesse tempo — falei cruzando a perna sentado à sua frente.
— Sua opinião será levada em conta, mas não quer dizer que acatarei. Eu vou analisar e ver se acho que é a melhor opção — respondeu com ar de superioridade.
Eu queria estar com ódio dela, mas tudo que eu conseguia sentir era vontade de comê-la de todas as maneiras possíveis e conseguia imaginá-la uivando de prazer em meus braços. De repente, senti meu pênis endurecer e fiquei sem graça, tentando disfarçar.
— Se é só isso, preciso voltar para meu trabalho, Susana, qualquer dúvida é só pedir para a secretária me chamar — disse me levantando e virando de costas, seguindo em direção a porta. Eu precisava sair dali antes que fosse tarde, na verdade, tinha que ir ao banheiro me aliviar.
— Pode ir, qualquer coisa eu te chamo — concluiu.
Aproveitando a chance, saí da sala dela e fui direto para a minha. Eu não sabia como conseguiria trabalhar com aquela mulher, de duas uma, ou acabo a matando ou a comendo.

O Jogo do Amor  - Tudo pra Conquistar minha ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora