⏳. Os remédios estão fazendo efeito (extra)

533 81 57
                                    

🕙 Namjoon.

Não faça isso. — A voz dela me parou no meio do caminho. — Não faz isso, Nam.

— Só queria te dizer para pegar seu cobertor. Você girou até ele cair no chão. A noite está muito fria para ficar destampada.

Sonolenta, ela se sentou na cama e acendeu o abajur. Seus olhos quase se fecharam no primeiro instante. Suas mãos subiram aos cachos bagunçados e fizeram um coque desengonçado, e em seguida ela coçou os olhos e me encarou por alguns segundos. Deu um suspiro profundo antes de voltar a falar.

— Te pedi pra ficar no outro quarto.

— Eu estava no outro quarto. — Expliquei, andando para mais perto, enquanto ela pegava o edredom caído no chão. — Mas achei que você pudesse ficar refriada.

— Não sei porquê esse edredom fica caindo. Nunca fui de me destampar a noite... — Eu sorri.

— Quando eu dormia do seu lado não deixava você ficar desconfortável de maneira alguma. Mas, você sabe como a vida é... — Dei de ombros, checando se o cobertor estava cobrindo todo o corpo dela outra vez. — Me colocaram para dormir no outro quarto.

— Sabe o motivo pelo qual eu te pedi para fazer isso.

— Eu sei, mas não precisamos falar disso agora. Durma, amor. — Meus lábios encostaram em sua cabeça por alguns instantes, e ela se deitou em seguida. — Eu vou ficar de olho, só caso o edredom caía outra vez.

— Vai pro outro quarto, Nam. Deixa isso pra lá...

— Por quê? — Estava frustrado. Não queria vê-la se afastando cada dia mais. Não conseguia ver isso. — Eu compreendo que não me queira mais tocando em você, nem que eu durma do seu lado. Mas pelo menos, nem que seja de longe, me deixa cuidar de você...

— Não posso. — Seu corpo se virou de bruços e ela afundou o rosto no travesseiro. — Não consigo mais olhar pra você, minha cabeça dói tanto...

— Você sabe que dá tempo de parar com isso.

— Logo agora? — Deitou o rosto de lado para que eu a ouvisse melhor. — Não posso parar agora.

— Claro que pode.

— Não dá, Nam.

— As vozes já sumiram. Você sabe disso. Logo, logo, nem meu toque você vai sentir mais.

— Me desculpe, anjo. — A luz ainda acesa do abajur me permitiu ver uma lágrima dela molhando o lençol. — Me desculpe.

— Tá tudo bem. — Me sentei do seu lado. — Tá tudo bem.

— Não tá, não. — Falou baixinho. — Vou te perder. Eu não quero isso, mas eu preciso. Entende? Eu preciso, preciso...

Shh, não diga mais nada.

Entrei debaixo dos lençóis, ouvindo seus soluços baixinhos. Me perguntei qual seria a dor que ela estava sentindo no momento: se era culpa, se era medo, se eram as duas coisas. Acomodei-a mais para perto, sentindo seu cheiro e seu corpo.

Precisava daquele corpo.

Precisava sentir os movimentos de perto, ouvir as batidas do coração, sentir suas mãos junto das minhas; precisava dela cada vez mais. Precisava de qualquer detalhe do seu ser que me mostrasse que eu ainda não a havia perdido.

— Minha cabeça dói quando você tá perto, Nam.

— Eu sei. Sinto muito. — Segurei a respiração por alguns segundos.

Cronofobia • knjDonde viven las historias. Descúbrelo ahora