• treze

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B e r n a r d o

- panqueca, panqueca, panqueca. - Samanta gritou animada.

- garotinha, são. - olhei o relógio. - 8:15AM, para de gritar tão alto.

- é que eu estou com fome e eu adoro suas panquecas.

- eu sei disso. - toquei em seu nariz. - vamos fazer panquecas. - levantamos.

××

- papai? - a encarei. - você gostou da nossa nova amiga? - engasguei com o café.

- por que a pergunta, filha?

- nada, só fiquei curiosa. - ela sorriu. - eu quero calda.

- não, vai comer com fruta. - ela fechou a cara. - e nem adianta fazer essa cara, está comendo muito doce.

- tô não, é impressão sua.

- aham, anda, pode comendo tudinho. - ela bufou. - e sem bufar, mocinha.

××

- papai, eu prefiro o frozen, não gosto do outro.

- mas a gente já viu esse mais de 10 vezes.

- mas eu gosto. - me rendi.

- ok, frozen então.

Coloquei no canal que passava o filme que ela queria e voltei minha atenção para o computador, eu estava respondendo alguns e-mails.

Samanta adorava frozen, sabia todas as músicas e sonhava em ser a Elza. Por isso se aniversário desse ano vai ser temático do seu filme preferido. E óbvio que ela vai ser a Elza, a mini Elza.

- livre estou, livre estouuu. - ela cantou pela sala. - não me importa o que vão falar, tempestade vem, o frio não vai mesmo me incomodar. Vem papai, canta comigo.

- mas eu não sei essa parte, filha. - disse com a atenção na tela.

- sabe sim. - ela se jogou em cima de mim.

- não sei não, pequena.  - levantei com ela. - mas a gente pode dançar pela sala. - girei com ela.

- eu tô ficando "tolta". - eu ri com a sua pronúncia.

- você tem um problema com essa palavra em. - ela concordou. - bom, eu acho que já está na hora de ir deitar né. - olhei o relógio.

- não, papai, tá cedo ainda. - ela fez bico.

- nem adianta fazer bico, vamos pra cama, já são 9:30PM.

- posso dormir com você? - ela abriu um sorrisão.

- você já dormiu na noite passada, hoje você vai dormir no seu quarto. - ela fez um bico maior ainda.

- não vou cair na sua chantagem de novo, dessa vez é sério, eu preciso resolver umas coisas antes de dormir.

- posso te ajudar?

- não, senhora, amanhã tem aula, já pro banheiro escovar os dentes.

- mas, papai.. - a interrompi.

- nada de mas, vai Samanta.

- aah, tá bom. - ela saiu pisando duro.

Ela tem o gene da Laura, cuspida e escarrada. Ri comigo mesmo e voltei a atenção para o computador. O canto da minha tela acendeu, indicando uma nova mensagem pelo chat do intagram.

- olá, senhor cobertura.

Era a Malu, sorri ao ver a mensagem, mas logo me veio a dúvida, como ela me achou?

- olá, garota do 605, estou com medo de perguntar como você me achou, por acaso você é daquelas pessoas stalker? kkkkkkkk

- talvez você ache que é mentira, mas eu te achei por pura coincidência da vida, estava como sugestão.

- vou fingir que acredito nessa sua desculpinha. Como vai?

- eu vou bem, como está você e a pequena Samanta?

- nós estamos bem também, estávamos vendo um filme, mas mandei ela ir dormir.

- tadinha, nem deixou ela terminar o filme?

- ela já viu 97 vezes, sabe até as falas.

- hahahahaha vai falar que nunca foi fanático por algum filme? se falar que não eu sou obrigada a dizer que está mentindo.

- ok, sou culpado.

- kkkkkkk viu só, não tem o direito de julgar sua filha.

- vai ficar contra mim também? duas contra um é derrota na certa.

- sinto em dizer mas você foi derrotado, senhor cobertura.

E quando eu percebi, já era madrugada.

×

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