• oito

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B e r n a r d o

A mulher tinha a pele morena, seus cabelos tinham um tom de castanho, mas ao mesmo tempo tinha um dourado nas pontas, ela vestia um macacão jeans junto de uma blusa de frio, em suas mãos tinham algumas bolsas.

- se mudando? - perguntei pra quebrar o silêncio.

- sim, estou indo para o 605. - ela sorriu tímida. - você é de qual?

- eu sou do 702. - ela assentiu.

- cobertura. - ela disse sem me olhar. - lá é tudo isso o que dizem ser? - ela me encarou de um jeito divertido.

- lá é um apartamento como os outros, só que no topo. - eu ri.

- tem razão, não tem nada demais em ficar na cobertura, no topo de tudo, ter acesso ao telhado, tudo perfeitamente normal, eu entendo. - ela riu.

- bom, pode até ser que seja um pouquinho diferente.

- viu, é tudo isso sim. - ela sorriu.

- tudo bem, é tudo isso que falam sim. - ri. - só que pra mim é normal.

- puff, essas pessoas que moram na cobertura. - ela disse descontraída.

- ah, é assim? - ela riu. - vou ser julgado desse modo?

- aham. - ela sorriu. - esse é o meu andar, tchau senhor cobertura. - ela disse assim que o elevador abriu.

- tchau garota do 605. - ela sorriu e a porta se fechou.

Sorri sozinho e esperei meu andar chegar, sai e entrei em casa.
A casa estava uma bagunça, cheia de brinquedos e coisas pra todo lado, eu preciso arrumar essa casa. Coloquei Sam no seu quarto e guardei suas coisas.

- 605. - ri ao lembrar.

Espantei meus pensamentos e fui até a cozinha, minha barriga tinha acabado de dar sinal de vida.

- vamos ver. - abri a geladeira e analisei o que tinha pra comer. - é, acho que vou pedir alguma coisa. - fechei a mesma.

Disquei o número do restaurante e fiz meu pedido. Não é que eu não saiba cozinhar, eu sei, mas não estou com a mínima disposição pra isso hoje. Tomei um banho longo e coloquei uma roupa confortável, me sentei no sofá e liguei a tv. O relógio marcava 9:40PM, isso quer dizer que a minha série começa daqui a pouco.

Meu interfone tocou avisando que minha comida tinha chegado, desci e fui pagar o entregador. Quando estava subindo de volta pude ver o elevador parar no 605, sorri e esperei, mas não foi ela que entrou, foi uma mulher mais velha, sorri e esperei meu andar chegar.

Eu podia jurar que a mulher era parente da garota do 605, elas tinham a mesma cor dos olhos, e um sorriso tímido idêntico. Espantei meus pensamentos no momento em que abri a embalagem de comida, me peguei apreciando meu belo bife acebolado, junto de uma porção de fritas, melhor jantar impossível.

Me sentei no sofá da sala e jantei vendo Lucifer passar na televisão. Confesso que cochilei um pouco, mas logo levantei, verifiquei as portas e janelas, escovei meus dentes, dei uma olhada na Samanta, que vale ressaltar que estava agarrada ao Barry, seu ursinho. Meu corpo se aconchegou na cama quentinha e eu pude sentir todos os meus músculos relaxarem e o sono chegar.

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| My Little Girl |Where stories live. Discover now