CAPÍTULO XIV - Por Diego

3.1K 254 30
                                    

 

 

 

O fora que tinha recebido da Alexandra havia me paralisado por breves instantes. Na selva, os animais costumam se utilizar do instinto para sobreviverem, eu para isso, me utilizava do orgulho.

Foi o orgulho que havia me feito agir friamente ao dizer que nosso envolvimento devia ser apenas profissional. Mesmo corroendo-me de raiva, não queria que ela fosse prejudicada no trabalho. Não entendia porquê queria protege-la. Sabia que ela me atraia mais do que qualquer uma que eu tinha me envolvido antes, mas na minha cabeça eu só era capaz de proteger aqueles que eu conseguia definir o que sentia.

Mais uma vez a Alexandra fugia de todas as regras, preceitos já estabelecidos e perpetuados em minha vida.

O orgulho raramente era o melhor conselheiro. Da mesma forma que poderia te fazer sair por cima, também poderia te afundar. Eu raramente, pesava esses dois lados e na maioria das vezes ignorava totalmente essa segunda possibilidade.

Sabia que seria impossível voltar àquela mesa, sentado de frente para Alexandra, com vontade de continuar beijando-a e explorando tudo o que fosse possível, sustentando uma dolorosa ereção que não havia se abalado após o fora recebido. Nem todas as cabeças do meu corpo compreendiam os acontecimentos da mesma forma. A bebida e o orgulho ferido não estavam ajudando em nada para que eu pensasse de forma coerente.

A única certeza dominante na minha mente, era de que não voltaria àquela mesa.

Perdido por mais de vinte minutos em pé próximo ao balcão, com um copo de cerveja quase intocado na mão, olho em volta do bar, como se estivesse procurando por ali uma solução para acariciar meu ego e dar uma levantada na moral. Paro meu olhar numa mulher loira, com peitos enormes nem vestido azul tão justo que temo imaginando que a qualquer momento ela possa desmaiar por falta de ar.

A loira parecia estar desacompanhada e olhava fixamente na minha direção, como se estivesse hipnotizada. Seu corpo se movia sensualmente ao som do grupo atual de pagode que tocava no palco. Esse sempre foi o tipo de mulher que sempre havia ficado, quanto mais gostosona, roupa mais curta, safada, oferecida era melhor. Nunca fui do cara que curtia desafios de correr atrás de uma mulher, ainda mais quando a mesma deixava claro que não queria nada comigo.

Agora eu olhava para aquela loira e só conseguia visualizar uma boneca inflável. Sabe aquelas que vivem aparecendo nos filmes? Nuas, geralmente brancas demais, com peitões, um buraco estratégico embaixo e a boca bem aberta com lábios grossos bem vermelhos? Com certeza, aquela loira havia sido feita no mesmo molde.

Naquele momento, eu estava pouco me lixando, precisava sair bem daqui, precisava acalmar meu companheiro, meu amigo fiel. Não queria, necessariamente, ser visto saindo dali acompanhado, queria isso como uma prova pessoal de que era o mesmo cara e pegava quem eu queria. Se aquele tipo de mulher sempre havia sido suficiente para mim, hoje também cumpriria seu papel. Mesmo que uma morena enfezada insistisse em atravessar meus pensamentos.

Balancei a cabeça, larguei o copo já com a cerveja quente sobre o balcão, caminhei na direção da loira e fui direto ao ponto. Nomes eram supervalorizados em alguns momentos, esse não se encaixava neles.

No embalo do destino (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now