CAPÍTULO IX - Por Alexandra

3.6K 270 18
                                    

Estava caminhando pela rua em direção a casa da tia Alice. Eu parecia estar flutuando na rua, com um sorriso tolo no rosto. O meu teste oral com a Elizabeth pareceu ter sido muito mais do que satisfatório.

No inicio, fiquei meio ressabiada de falar de algumas coisas que eu achava desnecessárias, exageradas ou irrelevantes em algumas campanhas, mas pensei bem que deveria dar tudo de mim. Vai que aquilo era um teste para ver se eu pegaria esses detalhes? Vai que ela tinha aumentado certas coisas nessas campanhas que pediu para ser analisada, tendo o intento de fazer pegadinha comigo? Então, preferi jogar tudo no ventilador e fui falando de verdade o que achava. Foi uma excelente decisão.

A Elizabeth não confirmou minhas suspeitas de adulteração nas campanhas para transformá-las em pegadinha, mas também não negou. Ela falou sobre alguns candidatos terem sido desclassificados, por terem se preocupado mais em ficar “babando o ovo”, elogiando sem nenhum critério e não fazer uma analise crítica das campanhas.

Nem a irritação com o filhinho do chefe, conseguiu atrapalhar esse meu momento de leveza.

Enquanto observava algumas pessoas caminhando apressadas em direção a uma universidade perto, outras em direção ao metrô e outras caminhando lentamente com crianças em direção a pracinha, sinto meu celular vibrar na bolsa. Não reconheço o número, mas atendo mesmo assim.

- Alô. – Ouço um pagodinho tocando no fundo e alguém falando para eu esperar um momento. Ok, agora fiquei curiosa.

 

- Ale? – Soa uma voz forte do outro lado da linha, agora sem o pagodinho ao fundo da ligação.

- Sim, quem está falando? – Não tinha a menor noção de quem era.

- É o Alex, do Lar do Samba.. irmão do “o gatinho” como vocês chamam o Marcos. – Ele dá uma risada gostosa, meio nervosa.

- Claro, como você está? – Na realidade queria saber como ele conseguiu o meu telefone.

- Eu estou bem. Consegui o seu telefone com o Marcos, que pediu para Eliz. – Será que ele conseguia ler a minha mente? Olha a viagem, D. Ale! – Eu queria saber como você estava. Na sexta, não deu para gente conversar muito e vi você chorando na hora que eu estava cantando. Fiquei com medo de ter cantado tão mal e ter sido o culpado das suas lágrimas.

Além de fofo, cantar bem, simpático, bonito, atencioso, ainda era engraçadinho.

- Você poderia culpar também os vários chopps e tequilas que bebi naquela noite. Além dos drinks que você enviou várias vezes para a mesa durante a noite.

- Estou começando a ficar mais aliviado e sentindo o peso da culpa sair dos meus ombros.

- Pode tirar ele todo do seu ombro. Naquele dia, eu estava comemorando porque tinha conseguido um emprego, estava feliz por estar com as minhas primas que tanto amo, tinha bebido um bocado, já estava cansada e aquela música do Raul parecia um roteiro para o que eu passei até conseguir esse emprego. Sempre persistindo e lutando, mesmo quando tudo tentava me fazer parar.

No embalo do destino (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora