CAPÍTULO III - Por Alexandra

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Entro na sala da minha, se Deus quiser, futura chefe Elizabeth Maia. Minhas pernas não param de tremer, não sei nem como consigo andar até o lado de dentro.

Sinto como se estivesse em cima daquelas caixas de som imensas, com o som no máximo volume e as caixas ficam batendo incessantemente, fazendo as minhas pernas tremerem sem parar.

           

Enquanto caminho para dentro da sala e um milhão de pedidos e promessas estão sendo processados em minha mente, reparo na sala. Bem diferente da que eu tinha imaginado como sendo de alguém com um cargo alto numa empresa grande e conceituada. A mesma não era muito grande, mas estava repleta com armários de arquivos, uma estante grande que tomava toda uma parede recheada de livros. Tive de conter uma vontade gigante de ir até ela e ler os nomes dos livros, saber quais os autores que predominavam ali, abrir um ou outro exemplar e folheá-lo. Havia ainda uma cafeteira ligada mesmo estando vazia, uma mesa que ocupava grande parte da sala com um notebook em cima, ao lado de uma impressora que parecia cuspir folhas impressas sem cessar.

Atrás da mesa, encontrava-se uma mulher de estatura pequena, aparentando estar na casa de uns cinqüenta anos, usava um par de óculos grossos sob o nariz e parecia muito concentrada na tela do notebook, até se dar conta da minha presença e focar sua visão em mim.

           

- Boa tarde! Você segundo consta aqui é Alexandra Poltz. Eu sou Elizabeth Maia. – Diz ela me dando um cumprimento de mãos e em seguida indicando a cadeira do outro lado da mesa, para me sentar.

- Boa tarde! Sua informação esta correta, sou eu mesma, e é um prazer conhece-la. – Tentei soar o mais tranquila possível, mas sentia que havia falhado miseravelmente e o olhar querendo esconder um sorrisinho que notei no semblante de Elizabeth me dizia que meu sexto sentido não havia falhado.

- Desculpe a demora, tinha que fechar um projeto antes de te entrevistar.

- Sem problemas, eu compreendo perfeitamente.

- Alexandra, eu analisei seu currículo vi sobre sua graduação, uma das melhores alunas da classe, vários cursos na área, inclusive um voltado para marketing numa instituição de prestigio, fluência na língua inglesa. Notei também que não tem experiência. – Estava cansada de escutar isso, mas antes que minha língua se soltasse e dissesse o que não devia mesmo em meio a todo o meu nervosismo, ela continuou. – Sei também que só se adquiri experiência quando se tem oportunidade. Já analisei vários currículos e entrevistei alguns fortes candidatos e sempre fazendo as perguntas padrões. Como estou cansada e você será a última a ser entrevistada para o cargo, vou fazer diferente com você.

Agora ferrou. Não sabia se isso seria bom ou ruim. Será que era melhor receber o mesmo tratamento e responder, possivelmente, as mesmas coisas e contar com a sorte na hora que ela “sorteasse” ou tirasse o melhor no palitinho; ou tentar algo novo que ela estava disposta a oferecer? Prendi a respiração, a vi chegar o corpo para trás se recostando confortavelmente em sua cadeira e deixei ela continuar.

- Quero que você me diga, porque cargas d’água eu devo contratar você, uma moça jovem de vinte e três anos, sem experiência, que deveria ser modelo de pasta de dente e não nenhum dos outros que já entrevistei? – Ela faz a pergunta com um tom desdenhoso. Respiro fundo e sigo escutando. – Colocando em conta, que alguns deles tem experiência em carteira de trabalho, são mais velhos com mais vivência, malícia profissional e poderiam ser muito bem sucedidos aqui.

No embalo do destino (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now