CAPÍTULO VII - Por Alexandra

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Sabe aqueles dias em que você abre os olhos pela manhã e tem um pressentimento de que finalmente as coisas parecem estar engatilhadas corretamente nos trilhos? Aqueles dias em que você acorda com tanta energia que seria capaz de iluminar uma grande metrópole? Ou tanta disposição que seria capaz de correr uma maratona ida e volta e ainda chamar a galera para escalar um morro?

Pois é, eu hoje era uma pessoa completamente energizada, disposta e otimista sobre o que aconteceria comigo.

Meu horário na empresa era a partir das nove da manhã, mas a moça do setor de recursos humanos que tinha recolhido meus documentos, havia me falado que eles eram bem flexíveis quanto aos horários e não havia marcação cerrada sobre os mesmos. Lógico, que eu não abusaria e muito menos chegaria atrasada no primeiro dia e nem nos outros, pois esse não era o meu perfil. Sempre adiantava meus relógios em dez minutos, para nunca chegar atrasada e sempre ter uma folguinha caso houvesse algum imprevisto. Sim, eu sou um pouco neurótica!

De qualquer forma, mal dormi essa noite de tanta ansiedade que estava sentindo. Fui conseguir pregar os olhos depois de uma da manhã, depois de contar um trilhão e quatrocentas corujinhas (desculpem, mas eu sou fã incondicional dos livros e filmes do Harry Potter e eu queria muito ter uma coruja igual a Edwiges), o cansaço venceu e meu sono chegou.

Ainda eram dez para as seis e eu já estava acordada a um tempinho. Como a empresa era na Tijuca mesmo, eu poderia ir até andando, ou seja, teria tempo de sobra ainda para esperar.

Sentei-me na cama e fiz uma oração, pedindo a Deus para naquele dia correr tudo bem, que me desse força e sabedoria para lidar com as atribulações e desafios que surgissem.

Como estava muito energizada e também disposta a trabalhar para me livrar da pancinha instalada na minha região abdominal, resolvi colocar uma roupa de malhar para dar uma corrida numa pracinha próxima ao prédio da casa da minha tia.

Correr sempre tinha o poder terapêutico de me acalmar, relaxar, me fazer pensar e aliviar tensões. E definitivamente, eu necessitava muito ficar o mais tranquila possível.

Depois de jogar uma água no rosto, escovar os dentes, trocar de roupa e pegar uma banana, antes de seis meia, já estava no térreo do prédio começando um alongamento. Ao sair cumprimentei o Alair que já se encontrava na portaria.

Coloquei meus fones, liguei meu MP4 ao som de um pop rock suave e iniciei um ritmo leve na corrida em direção a pracinha.

Mesmo cedo, já haviam muitas pessoas na rua. Umas apressadas em direção aos pontos de ônibus, ou a caminho do metrô. Haviam, ainda, casais de idosos seguindo a mesma direção que eu, mas num ritmo bem mais leve de caminhada, como se tivessem todo o tempo do mundo, apreciando a vista, conversando.

Enquanto corria, via como surpreendente o fato de que mesmo numa cidade grande como o Rio de Janeiro, muitas coisas que pareceriam simples, mas de um valor imensurável ainda aconteciam com naturalidade. Delicadezas como proferir um singelo bom dia a um estranho que passava por perto, ou um veículo parar para a travessia de pedestres mesmo sem a existência de um sinal de transito ou a imposição dessa parada pela figura de um guarda de transito, ainda aconteciam.

No embalo do destino (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now