Capítulo Trinta e Três

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Alexy parecia desolado na manhã seguinte.

Eu permanecia deitada sem a menor vontade de me levantar algum dia. Havia sido forte por muito tempo, fingindo que aquela perspectiva triste de futuro não estava destinada a mim, mas estava, e a realização disso me deixou quebrada por dentro.

― Eu sinto muito pelo que aconteceu ontem ― declarou entrando na cela e fechando as barras atrás de si.

Dei de ombros, tombando a cabeça para encará-lo.

― Não foi sua culpa ― respondi querendo dizer isso. Não havia sido ele que desferiu os golpes contra mim.

Aquilo não o confortou, no entanto.

― Pode não ter sido eu a saltar em seus ossos, mas foi minha irmã bebê, Camren, a garota com quem eu cresci, a garota que eu praticamente criei, que te encantou ― ele estava furioso, isso era notório, mas o amor que ele sentia pela irmã era claro. ― Fui eu que bolei todo o plano para te trazer até aqui, fui eu que te carreguei para dentro quando chegou e fui eu que te guiei até aquela sala ― falou gesticulando loucamente.

Me encolhi internamente ao ouvir todo aquele discurso.

― Você é o General, era de se esperar que planejasse coisas ― sussurrei.

A apatia com a qual eu agi durante os últimos dias era insuportável, insustentável. Sempre fui daquele jeito. Uma menininha sem valor, sem brilho, que havia vivido como personagem secundária, rindo das diversões dos outros, vencendo e perdendo através das vitórias e derrotas alheias.

Eu estava cansada disso, cansada de esconder tudo o que sentia por medo, cansada da odiosa apatia, minha companheira fiel desde que me lembrava. Haviam me tirado de casa, de meus amigos, de meu marido e em breve, de minha filha. A raiva, a tristeza e a dor me consumiam e eu temia que em pouco tempo nada além disso restasse.

Quem era Luna Victoria Canberight?

Ou seria Sumnit? Eu e Nicholas não havíamos tido tempo de discutir sobre isso.

Alexy continuava falando e se desculpando, mas eu não era capaz de ouvi-lo.

Como estariam todos nesse ponto? Pelo que eu sabia, estava desaparecida por pouco mais de seis meses. O que eles teriam feito nesse meio tempo? Haviam tentado encontrar-me? Ou achado que eu fugi? Como Nicholas estaria? Estaria bem depois de todo esse tempo ou ainda estaria devastado pela perda?

Não tinha certeza se queria saber a resposta para as inúmeras perguntas que habitavam minha mente. Só queria continuar deitada ali. Queria parar de me preocupar com tudo. Queria morrer. Mas sabia que não podia, não quando minha filha ainda estava crescendo dentro de mim. Talvez mais tarde, quando ela já tivesse nascido e sido arrancada dos meus braços, eu pudesse...

― Luna ― Alexy praticamente berrou, o rosto a centímetros do meu. ― Você está malditamente me ouvindo? ― Questionou se afastando. Dei de ombros. Não estava ouvindo e no momento, não dava a mínima. ― Eu sou o maldito General, inferno. Eu posso te dar informações que mais ninguém estaria autorizado a dar, posso te contar coisas que mais ninguém pode.

Levantei o tronco com dificuldade em vista da minha barriga agora enorme. Ele se precipitou para me ajudar, mas o recusei com um aceno. Era extremamente difícil me acostumar com os efeitos da gravidez aumentados todas as manhãs. Hoje havia notado que a minha barriga estava tão grande que eu só conseguia ver os dedos dos pés. O bebê chutava com tanta força, que era preciso me curvar cada vez que acontecia, mas de certa maneira era reconfortante saber que se ela chutava daquele jeito era porque estava bem.

Alexy deve ter percebido que eu havia começado a divagar novamente, pois se pronunciou novamente:

― Teoricamente, você está grávida por causa de Sophia.

When We CollideOnde as histórias ganham vida. Descobre agora