Quando acordei estava muito frio, o que era estranho, afinal estávamos em junho ainda, mas talvez aquilo fosse normal naquele lugar, já que eu não fazia a mínima ideia de onde estava. Eu poderia estar em outro hemisfério, bem como poderia estar em uma dimensão mágica.
― Está um frio horrível lá fora ― declarou entrando vestido como um esquimó. ― Eu abri a janela e voei cinco metros.
― Você não voou cinco metros por causa do vento ― respondi balançando a cabeça.
Ele deu de ombros e riu antes de me entender o braço com um floreio.
― Vamos, minha lady?
― Claro, meu lorde ― brinquei de volta.
Eu não pensava que era possível, mas estava ainda mais frio lá fora. Nicholas colocou em minha cabeça seu gorro, em meu pescoço seu cachecol e em minhas mãos suas luvas. Apesar das minhas negativas, os meus tremores e dentes batendo devem ter denunciado o quanto aquele frio estava me matando.
Nós caminhamos abraçados até a figura esguia e encasacada de Henry.
― Graças a Crown! Achei que ia congelar antes que os dois chegassem! ― Exclamou, vapor saindo de seus lábios a cada palavra.
Nicholas revirou os olhos e eu sorri.
― Então, crianças ― falou ironicamente. ― Vocês não podem aprender o caminho do labirinto.
― Mas você havia dito... ― começou Nicholas.
― Vocês não podem aprender o caminho ― cortou. ― Mas há uma forma de se guiarem. Quando vocês passarem pela cerimônia de escolha, seus pés caminharão por este labirinto como se fizessem isso desde a mais tenra infância e então o que eu lhes ensinarei hoje será completamente inútil. Vamos lá ― no momento em que as palavras saíram de sua boca um ar quente passou por nós me esquentando até os ossos.
Nicholas deixou de me abraçar para segurar a minha mão.
― Olhem para o chão e só para ele ― alertou o moreno enquanto adentrávamos a cerca viva. ― Vocês conseguem ver?
Abri a minha boca pronta para dizer não, quando como um vidro sendo desembaçado eu vi. O caminho por onde percorríamos estava em chamas.
Elas não eram reais, eu sabia, mas pareciam.
― O que veem? ― Insistiu.
― Fogo ― respondi.
Ele virou a cabeça levemente para me deixar ver o seu sorriso.
― Eu sabia que a tua aura era incandescente e se te deixa mais tranquila eu vejo ossos. Como pequenos ossinhos para cachorros ― ele riu mais uma vez. Eu não era capaz de entender como ver ossos, mesmo que fossem para cachorros, era remotamente engraçado. ― E você Nicholas? ― Ladrou.
― Eu vejo uma espécie de nevoa.
― Nevoa? ― Perguntei alarmada. ― Isso é ruim?
― Não, apenas significa o poder dele ainda não se manifestou completamente. O seu e o meu, sim. Crown escolhe à hora certa para chamá-los, Nicholas está apenas algumas semanas adiantado, a névoa é um bom sinal.
Apertei a mão de Nicholas como conforto e ele me deu um beijo na bochecha.
***
Retirado do diário de Luna Victoria Canberight
Hoje eu e Nicholas aprendemos a atravessar o labirinto e por mais que isso tenha me tranquilizado em um sentido espiritual, não sei se a ideia a ideia de fugir é logica, afinal, nem sei em que parte do grande continente esse lugar se encontra.
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When We Collide
FantasyVerhallow - Livro 1 Todos os anos quinze adolescentes entre doze e dezoito anos são "picotados". Tirados de seus familiares e amigos e levados para... Bem, ninguém sabe ao certo para onde. Alguns dizem que eles tem uma vida de rei e outros que os ma...