Capítulo Vinte e Cinco

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Dessa vez as coisas foram diferentes. Fomos enfileirados na mesma sala, que dessa vez tinha mais iluminação e um garoto de cabelos azuis ficou parado em nossa frente pronto para dar ordens.

― Da esquerda para a direita se posicionem na frente do colega do lado ― pediu.

Jackeline sorriu para mim se colocando na minha frente. Abraham fez uma grande cena ao sair da formação e parar na frente de Maxwell, fazendo Hunter reclamar que agora não tinha ninguém a sua frente e Dakota revirar os olhos indo até ele e deixando Tate sozinho. Fale sobre efeito dominó.

― Eu não disse que vocês poderiam escolher na frente de quem ficariam ― falou o garoto com um sorriso que me pareceu cruel. ― Saia da fila Abraham, você não precisa passar por isso. Te chamei aqui para me ajudar, não para atrapalhar.

― Não, Ethan ― protestou o moreno.

― Saia ― ordenou mais sério. ― Caso o contrário, eu poderei ter um pequeno deslize. Você sabe, acidentes são muito comuns durante o Scan ― informou com escarnio.

Abraham saiu da fila com as mãos em punhos e parou ao lado do garoto de cabelos azuis ― Ethan ― que riu.

― Tate, vá para frente do ruivinho ― pediu e o outro assim fez. ― Não fechem os olhos, é importante que vocês fiquem com os olhos abertos para aproveitar o máximo ― disse de uma forma que eu considerei jocosa ― da experiência ― concluiu.

Ele mexeu as mãos de forma teatral e jogou um jato de água sobre Jenna que estava na frente de Bellamy. Ela arquejou encharcada e o garoto atrás dela riu, completamente seco. Pimenta nos olhos alheios é refresco, não é o que dizem?

Na minha vez, Ethan entortou os lábios de um lado para o outro e deu um sorriso sádico antes de soltar uma bola de fogo na nossa direção. Jackeline se abaixou assustada e o fogo me alcançou. Ouvi Nicholas gritando, mas apesar de estar envolta em uma esfera vermelha, eu não sentia nada. Quando aquilo acabou, eu caí sentada no chão atordoada.

― Você está louco, cara? ― Berrou Nicholas tentando me levantar a força. Ethan não pareceu nem um pouco abalado pela expressão de pura raiva do moreno.

― O que você acha? ― Perguntou o colorido para Abraham parado ao seu lado. ― A aura dela ainda não tem uma cor definida. Costumava ser completamente incandescente, mas agora as pontas estão começando a ficar arroxeadas ― ele cruzou os braços e apontando com o queixo levemente.

Abraham deu de ombros.

― Ela é uma mestiça. Isso pode significar várias coisas, Ethan. Que tal você perguntar para o Oráculo o que deveria ser seu trabalho?

― Você está apenas bravo porque eu te separei de seu ruivinho, mas fique tranquilo, não há muito que eu possa fazer com ele.

― Meu Deus! Desculpe-me, Luna! ― gritou Jackeline tampando a boca com as mãos pequenas, em choque, me desconcentrando da conversa alheia.

― Tudo bem, Jackie. Eu acho que teria me abaixado também ― sorri tranquilamente. ― Volte para o seu lugar, Nicholas, eu vou ficar bem, meu amor.

― Luna ― tentou franzindo as sobrancelhas grossas para mim.

― É sério ― o tranquilizei. ― Eu não sinto nada. Estou perfeitamente bem ― garanti espanando a barra da saia.

Ele acenou, mas não parecia convencido.

― Perfeito! ― Exclamou Ethan em falsa alegria depois que se deu por satisfeito. ― Tudo transcorreu perfeitamente bem, estou verdadeiramente impressionado ― falou colocando a mão direita sobre o coração com um sorriso falso. O que havia de errado com ele, afinal? ― Scans tendem a não terminar muito bem para alguns ― riu. ― E vocês me surpreenderam, o que quando você tem mais de um milênio de vida, não é algo tão simples e fácil quanto parece. Parabéns! Vocês concluíram os testes e só precisam completar mais um passo antes de serem oficialmente membros da Seita. Segunda-feira, vocês iniciarão os quatro últimos testes e na sexta, se tornarão finalmente membros. Inclusive, apesar de eu achar a cerimônia sem propósito quando se têm a eternidade, parabéns pelo casamento, Luna e Nicholas.

Todos os Iniciandos nos aplaudiram um pouco constrangidos e Nicholas ficou vermelho como uma maçã. Mantive meus olhos no chão enquanto saiamos da sala, mas por dentro eu tinha vontade de rir.

No domingo, estava relativamente mais calor do que os outros dias, apesar de o inverno que estava cada vez mais próximo.

Maxwell havia corrido até o meu quarto e acordado a mim e Nicholas ― a cena havia sido constrangedora, mas o ruivo ficava tão adorável corado de vergonha que havia sido impossível ficar brava pela intromissão ― e nos obrigou a descer para o jardim.

Formamos uma meia lua em volta de Abraham, ao lado dele havia uma pequena pilha de armas brancas, e ele parecia alheio aquilo já que estava de braços cruzados, sorrindo ligeiramente para Max. Eu estava extremamente curiosa sobre o que estava acontecendo entre eles, mas não acho que Maxwell faria qualquer coisa além de ficar constrangido e vermelho se eu perguntasse.

― Na sexta-feira, vocês se tornarão membros oficiais da Seita e como sou eu que irei treiná-los, pensei que talvez devesse mostrar como funcionará o ritmo de seu treinamento. Qual de vocês eu devo escolher para ser o primeiro? ― Ele franziu a testa e vi com o canto do olho Max acenando loucamente para o maior. ― Luna, venha até aqui.

― Abraham, por favor ― Nicholas tentou dando um passo à frente.

― Fique tranquilo, Nicholas, não irei machucá-la ― ele deu um sorriso dolorido. ― Tenho prática em treinamento.

O moreno então olhou para mim e eu dei de ombros antes de caminhar até ele, abrindo e fechando os punhos em uma tentativa de catalisar a minha energia para as mãos.

― Escolha uma e invista contra mim ― pediu quando me aproximei. Abaixei-me pensando em pegar uma bela adaga de jade, mas em seguida desistindo. Acabei optando por uma espada com lâmina dupla. Afastei-me alguns passos do moreno, respirando fundo antes de investir contra ele, que desviou do movimento sem nem piscar.

― Apoie os pés com firmeza no chão ― afirmou. ― De novo.

Investi mais uma vez e ele se afastou, um início de sorriso brotando em seu rosto destruído, mas ainda assim, belo.

― Menos força no cabo, ataque com mais fluidez ― indicou. ― Sua espada não deve ser um objeto, e sim uma extensão do corpo.

Com a visão periférica, vi meu pai parado não muito longe, de braços cruzados, assistindo a tudo.

Fiz o que Abraham pediu e dessa vez quase o acertei.

― Essa foi melhor ― ele se abaixou pegando uma espada de madeira mais robusta e curta que a minha. ― De novo. Na horizontal dessa vez, quando você ataca de cima para baixo, a parte inferior de seu abdômen fica desprotegida.

Ataquei de acordo com a sua demanda e ele interceptou o golpe com a espada de madeira, que acabou partida pela metade.

Ele olhou para o cabo, agora inútil da espada em suas mãos, antes de soltá-lo.

― Essa foi quase perfeita ― ele me deu um sorriso completo dessa vez ― para um iniciante, naturalmente. Parabéns, Luna ― pegando outra espada de madeira, ele rapidamente se voltou para os outros. ― Algum voluntário?

When We CollideDonde viven las historias. Descúbrelo ahora