1.2 / Ossos do ofício

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São PauloMaio, 2017

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São Paulo
Maio, 2017

"A câmera é o meu instrumento. Através dela dou uma razão a tudo o que me rodeia"
— André Kertész

Hoje está muito movimentado aqui na DóRéMi Music. São convidados, funcionários e a equipe do buffet. Meus pais me "contrataram" para fotografar a escola. A escola está fazendo aniversário, e com isso essas fotos vão servir também para divulgar o trabalho deles. Minha mãe costuma ser calma e serena, mas hoje ela está muito nervosa. Se eu não fizer o meu trabalho com competência, capaz dela arrancar o meu pescoço. Resumindo, se der algo de errado com as preciosas fotos, a culpa será minha. Quase todos os alunos e funcionários estão presentes para celebrar. Meu trabalho é fotografar as salas de aulas e os convidados. Não estou fazendo tudo sozinho, meus pais contrataram um fotógrafo profissional para cobrir o evento. Eu vou ficar em uma sala que está adaptada para tirar as fotos das pessoas, essas fotos serão para a publicidade da escola e para presentear os alunos. Ah, e também vão para o cartaz que vai ficar na recepção.

Deixei os equipamentos muito bem organizados e posicionados na sala de fotos, e mais cedo fiz testes para verificar se a iluminação e o ângulo estão bons. O cenário é composto pela logo da escola e algumas ilustrações dos instrumentos que são ensinados aqui. Como piano, violão, violino e flauta. A minha mãe é a professora de piano e o meu pai é o professor de violino. A Sheila, minha madrinha e amiga da minha mãe, é a professora de flauta.

— Oi, Benzinho. Você precisa de ajuda? — Lavínia, uma aluna da minha segunda turma se aproxima de mim com a intimidade que ela acha que tem. Depois que beijou a minha bochecha, tenho certeza que ficou a marca do batom vermelho que ela está usando.

Desde que ela me conheceu, nunca escondeu o interesse que tem por mim. Da primeira vez que ela teve atitudes como essas, eu deixei passar, acreditei que só estava sendo simpática. Na segunda vez que ela deu em cima de mim durante a aula para quem quiser ver, eu conversei com ela. Dispensei os alunos e pedi para que ela permanecesse na sala, Lavínia achou que eu queria algo a mais com esse pedido, mas deixei bem claro que não seria nada além de uma conversa. Quis conversar em particular para que ela não ficasse constrangida na frente dos outros. Disse para ela que eu era somente seu professor, e que eu não sentia nada além de uma possível amizade. De jeito algum eu iria me envolver com alguma aluna ou iludir alguém.

— Não, obrigado. - tiro delicadamente sua mão do meu corpo — Estou conseguindo dar conta.

— É uma pena, porque sou muito boa no que faço.

— A gente conversa depois. Estou bastante ocupado agora. — coloco a câmera no tripé. Lavínia vai para onde os outros estão.

— Felipe, do outro lado da rua dá para ver essa mancha de batom no seu rosto. O que pensa que está fazendo? — minha mãe entrega um lenço para eu limpar.

Ela está tão elegante com um vestido vermelho. Não sei o que ela fez nos cílios, ficaram mais longos, seus olhos verdes ficaram mais em evidência com os cílios assim.

— Estou ajustando a câmera. Por quê?

— Você sabe muito bem do que estou falando. — ela estreita os olhos e eu me arrependo das minhas palavras. É raro minha mãe ficar assim — Vou chamar seu pai para começarmos as fotos.

Minha mãe vai atrás do meu pai. Reposiciono o primeiro softbox mais para ao lado do cenário e o outro softbox eu deixo onde está, de frente para quem vou fotografar. Eles chegam e eu peço para que os dois fiquem no centro do cenário. Meu pai passa o braço na cintura da minha mãe, fazendo com que fiquem mais próximos. Eles sorriem e eu tiro a foto.

Passei a próxima hora fotografando meus pais com os funcionários, meus pais com os alunos, os alunos de cada turma separadamente, os alunos com os instrumentos e, por fim, também fotografei os pais dos alunos. Sorte a minha que fotografei as salas de aula antes, quando cheguei mais cedo. Agora estou guardando todos os equipamentos com todo cuidado para não acontecer nenhum acidente.

— Minha esposa Alexandra — ouço meu pai dizer — irá fazer uma apresentação para encerrar a noite.

Deixo tudo para trás e vou para o ambiente que está ocorrendo a comemoração. Minha mãe senta de frente para o piano, fecha os olhos, respira fundo e sorri. Ainda com os olhos fechados, ela toca as primeiras notas. Fico ao lado do meu pai para assistir à apresentação. Ele olha para ela com tanta admiração e amor. Será que um algum dia irei olhar para alguém do mesmo jeito ou até mais intenso? Quando os últimos acordes são tocados e a canção acaba, todos aplaudem.

Apesar de eu estar exausto por estar desempenhando os meus dois trabalhos, — música e fotografia — vou aproveitar a noite. A escola é muito importante para mim, não posso ignorar esse fato. Pode ser cansativo e, às vezes, estressante; no entanto, faz parte da rotina, são ossos do ofício.


Oi, pessoal

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Oi, pessoal. Estão bem? Acho tão lindo quando alguém ama verdadeiramente sua profissão, é um sentimento de satisfação. E é o que o Felipe sente com a música e a fotografia.

Sim, a Lavínia vai aparecer outra vez. Tenham paciência. No fundo, eu acho que ela só precisa da atenção certa, família e amigos. E, é claro, que uma dose de bom senso nunca é demais.

Não percam o próximo capítulo, okay? Estou falando sério. Se o wattpad não notificar, fiquem tranquilos, vou avisar no meu mural.

Beijinhos e até amanhã! 😙❤

Não Era Para Ser [EM PAUSA]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora