0.5 / Talvez é o início de um recomeço

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São Paulo Dezembro, 2017

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São Paulo
Dezembro, 2017

"Não podemos voltar atrás
e mudar o que já aconteceu, mas
sempre há uma oportunidade de recomeço."

Hesito e dou um passo para trás. Não sei se é uma boa ideia ser inconveniente e interromper meu pai, talvez ele não tenha tempo livre para me receber. Provavelmente, não. Ele está trancado no escritório há três horas, não saiu de lá nem para almoçar. Tudo o que disse de manhã, foi que precisava trabalhar em um novo caso, pelo visto, deve ser muito importante. Não quero atrapalhar, mas, eu preciso muito conversar com ele. Porém, se vou incomodar ou não, só saberei depois de tentar. Então, aproximo um pouco mais da porta e estendo a mão para bater. Depois de quase ter que arrombar a porta, pois ele não deu sinal de vida e eu não ouvi nenhum barulho, finalmente meu pai respondeu e me deu permissão para entrar. O grau de concentração dele com certeza é enorme.

Coloco a mão direita na maçaneta e abro a porta. Adentro no cômodo timidamente, não sei o porquê se é somente meu pai. O máximo que posso ouvir é "não tenho tempo agora, Tina". Como imaginei, ele está concentrado digitando no computador. Vou até a mesa.

— Então o senhor agora é adepto à tecnologia?

— Acabei me adaptando. Não posso ficar para trás, preciso acompanhar o ritmo da evolução tecnológica. Aconteceu alguma coisa para você vir até aqui?

— Não. O senhor não almoçou, posso trazer um lanche, se quiser.

— Estou bem, obrigado. Sente-se, preciso mesmo dá uma pausa, não faço ideia de quanto tempo estou aqui trabalhando. O Danilo está afastado e eu peguei o caso dele, tenho que entender a situação desde o início.

— Qual é o caso da vez? — sento na outra cadeira e aproveito a brecha para continuar o assunto.

— Vou contar a versão resumida. O avô paterno de duas crianças assumiu as responsabilidades quando seu filho morreu e a nora abandonou a família e fugiu. Agora ela voltou e quer a guarda das crianças. Ela sumiu do mapa por oito anos.

— Que situação complicada. As crianças devem estar confusas com a situação. 

— O avô delas está totalmente arrasado.

— Imagino. Pai, tem certeza que não quer comer nada?

— Já que você insiste, quero sim. Pede para a Lúcia preparar um sanduíche natural, por favor.

— Ok.

Saio do escritório sem me preocupar em fechar a porta. Mudo minha rota e vou ao quarto para ver se Bia vai querer comer também. Ela nega enquanto tenta se equilibrar segurando o pé esquerdo e um esmalte vermelho. Desço a escada e vou na cozinha fazer o sanduíche de papai.

— Como sempre a senhora sabe do que precisamos. Obrigada, Lúcia. — Lúcia está preparando exatamente o que vim fazer aqui.

— Disponha. — ela entrega a bandeja para mim com o sanduiche favorito de papai e um suco de manga — Seu pai está no escritório há várias horas e sei que ele não comeu nada. Estou acostumada a lidar com ele. Bom, você vai sair hoje? Eu ouvi sua prima dizer que você deveria sair com o Felipe. Você está namorando?

— Eu? Não, claro que não. — posso sentir minhas bochechas esquentarem de tanta vergonha — Felipe é um cara que eu trombei com ele no aeroporto quando cheguei aqui. — literalmente — Não estamos juntos, nem o conheço direito.

— Sei. Mal chegou na cidade e já está arrasando corações. — ela gargalha do próprio comentário e guarda os ingredientes que estão no bancada.

— Bondade sua, Lúcia. Eu vou ir lá levar, obrigada de novo.

Caminho segurando a bandeja com o maior cuidado para não deixá-la cair. Ainda bem que a porta ficou aberta, facilita muito. Eu saí para buscar o lanche e mesmo assim meu pai não largou o trabalho, continua digitando no computador.

— Aqui está. — coloco a bandeja na mesa e sento no mesmo lugar de antes — O senhor disse que iria dar uma pausa.

— E vou, só estava esperando o seu retorno. Vou parar e comer.

— Pai, eu quero conversar com você. — respiro fundo e escolho minhas próximas palavras para que não soem de forma grosseira — O que vamos fazer enquanto eu estiver morando aqui?

— Filha, a cidade é enorme. Você pode sair com a Bia para conhecer tudo. É só tomar cuidado e não chegar tarde.

— Eu sei. Mas o que eu quero saber é quando vamos fazer alguma coisa juntos. Quando você vai ter tempo para mim?

— Eu não sei, Tina. Eu estou sempre ocupado. Você vai ficar várias semanas aqui, irá surgir alguma oportunidade e vamos planejar qualquer atividade que vocês duas gostem, não se preocupe.

— Tem certeza, pai?

— Eu prometo.

Espero que não seja uma promessa vazia e sem intenção de cumprir. Uma vez minha mãe disse que papai não se propôs em mudar e dizer que o divórcio não era necessário. Acho que ele já enxergava o casamento como um fracasso e por isso não insistiu. Se aquele cartaz que ele segurou naquele dia tem algum significado, talvez é o início de um recomeço. 

Oi, pessoal

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Oi, pessoal. Vocês estão bem?
Será que isso é um sinal de uma relação melhor da Tina com o pai dela? Eu espero que sim, sinceramente. Eu atrasei esse capítulo porque estou desgastada com o que estou escrevendo agora. Péssima hora para eu ter um bloqueio criativo. A vontade de desistir está presente, mas quero continuar lutando contra esse sentimento de insuficiência e insegurança. Bom, esse capítulo é curto, mas é bastante significativo.
Se você gostou, não esquece de deixar seu voto.
Beijinhos e até o próximo capítulo! 😚❤

Não Era Para Ser [EM PAUSA]Where stories live. Discover now