O21 - Toque

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Eu senti o toque. Eu juro que senti. Sim, eu de fato senti. Você pode enganar o meu corpo e mente, mas você não pode me enganar. Senti o toque da tua pele. O teu toque. O toque da tua candura e bondade. O toque da sua seriedade e saudade. O mais simples esbarrar foi capaz de entrar na minha cabeça: isso não é toque. Você toca as minhas ideias sem a minha permissão, coloca a mão na minha imaginação, impregna o meu ser com o teu. Invadiu desde os meus sonhos mais inconscientes até os pesadelos mais vivos, sem nunca se esquecer de que não deveria estar aqui, mas estava mesmo assim. Tocou o meu passado, abraçou o meu presente, tateou o meu futuro. Por que tão presente? Sua casa não lhe é mais morada suficiente para que tenha de vir expulsar-me de mim mesmo? O que te basta para tocar? Os cem por centos do meu ser? Não. Você quer cento e um, dois, três: nada será o suficiente para te alimentar? Tudo que fizeste foi tocar-me, e ainda assim você tocou todos os meus mil e um eu. O teu toque é virtual e irreal e chega até mim ressoando como coisa da minha cabeça. Pode essa? Agora tocas a minha consciência. Já que gosta tanto de me tocar aqui, podes tocar uma música? Você já está dentro de mim, então sabe quais são as minhas favoritas. Você já está dentro, então não posso pedir para que entres. Você já está dentro, então não há porque pedir que sentes – pois o único a sentir aqui sou eu. Você já está tão dentro, que eu me sinto fora.

Meus escritos. Eu quem escrevi.Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora