Bruxa Má

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Jully

Ele ficou a me fitar intensamente, fazendo com que eu não conseguisse escolher minhas palavras.

-Jully?- ele se aproximou, arqueando a sobrancelha.

-O que está fazendo aqui?- questionei. Algo nele me incomodava.

-Para cuidar das flores, faço isso sempre depois...- antes que terminasse de falar, eu o cortei.

-Então por que mandaram eu cuidar dessas flores idiotas?-arqueei a sobrancelha enquanto olhava em volta, simplesmente não conseguia olhar diretamente para ele por causa de seus olhos roxos... tinha alguma coisa neles, eu não sei.

-Fez alguma coisa para que o Jones ficasse nervoso?- ele regava uma bela rosa.

-Só bati em 4 caras hoje, qual o problema?- bufei, desviando o olhar quando ele voltou seus olhos para mim novamente.

-Ah... acho que ele aproveitou essa chance pra que eu recebesse ajuda- ironizou.

-Esse jardim não está um lixo como nas outras escolas. Você sabe cuidar disso sozinho, eu não sei nada sobre plantas- franzi o cenho.

-Não precisa virar botânica, só regar as plantas e eu cuido do resto... se precisar de alguma ajuda...- sugeriu, mas novamente eu o cortei.

-Olha, eu não preciso da sua ajuda... de ninguém aliás- cerrei os dentes e punhos, olhando fixamente para ele.

-Sinceramente, não tenho dificuldades com isso. Mas se o Jones...- tentou falar. Notavelmente, eu não sou do tipo que deixa os outros terminarem de falar.

-Que se ferre o Jones, se você não tem problemas, eu não tenho nada o que fazer aqui- simplesmente me virei e fui em direção a porta.

-Ok, não vou tentar convencê-la do contrário... afinal as escolhas são suas e você decide seu destino- ele deu um pequeno e rápido sorriso.

-Você é psicólogo por acaso?- arqueei a sobrancelha, olhando-o de canto.

-Não- ele sorriu- Eu só estou dizendo a verdade, se é esse o caminho que escolheu... continue- sorriu de canto e voltou a cuidar das flores.

Apenas bufei e sai fechando a porta com força. Caramba! Ele é irritante! Continuei a andar. Aqueles olhos roxos parecem me desafiar e eu sei que a voz dele é sexy - ele também - mas mesmo assim... eu prefiro ficar longe dele!

Ia virar no corredor, mas por motivos desconhecidos, eu fiquei colada no chão. Olhei para trás e vi o jardim, logo ouvi um barulho. Era como se eu fosse duas pessoas, uma queria ir embora e ignorar todos, e a outra queria voltar lá e obedecer o diretor. Dei-me um tapa na cara.

-Voltei. Satisfeito?- ironizei enquanto jogava minha bolsa no chão.

Silêncio... Isso aí Jully, quando você finalmente age como um ser humano, a criatura te ignora! Franzi a testa, estava com raiva dele.

Mas logo notei que ele estava parado e curvado, olhando para o vaso quebrado e a pequena flor longe de sua casa. Eu estava com vontade de socá-lo por me fazer voltar por nada, mas sinceramente... eu não sabia o que fazer, os olhos dele voltados para a flor, pareciam de alguma maneira... triste e refletindo sobre algo... parecia que se identificava com ela. Ah Jully, pare de pensar bobagens!

-Ei!- me aproximei, fazendo com que ele tomasse um pequeno susto e olhasse para mim. Meu estômago embrulhou.

-Me desculpe por isso- mordeu o lábio inferior.

Notei que sua cadeira de rodas estava encostada na prateleira, provavelmente fez a manobra errada, esbarrou no vaso e o derrubou. Revirei os olhos e me aproximei um pouco mais.

Goodbye and Keep GoingWhere stories live. Discover now