42 dias desde a Praimfaya....

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      O sol estava em seu auge, o solo extremamente seco e quente e a radiação parecia persegui-los. Sem água para banho eles permaneciam sujos, com poeira até nos ouvidos.

     É a vez de Bellamy dirigir ele está irritantemente animado. Clarke não entendia ao certo o porquê de tanto otimismo, ela apenas o observava sem nem sequer perceber e sorria com a confiança absolutamente irritante dele. Ela se perguntava como seriam seus dias sem Bellamy ali, se conseguiria suportar vinte e quatro horas com sensação de trezentos e sessenta e cinco dias sem a companhia irritante dele. A resposta é sempre não.

— O que foi? — Só então Clarke percebe que estava fazendo de novo, o observando dirigir e sorrindo de um jeito meio boba. Era constrangedor quando ele notava, ou melhor, quando ele falava. Era quase impossível não perceber suas encaradas.

— Nada. — Responde fazendo ele balançar a cabeça negativamente e voltar seus olhos para frente com um sorriso cínico estampado em seu rosto. Clarke sorri. — É só que. — ela faz uma pausa se perguntando se ele entenderia. — Obrigada. — diz o deixando com olhar confuso. — Eu não conseguiria sem você. — Bellamy franze o cenho e a olha nos olhos.

— Está errada. — Diz com irritação na voz. — Você conseguiria sem mim.

     Bellamy olha para ela, não com sua autoconfiança, mas pela primeira vez em dias seus olhos mostravam sua vulnerabilidade, como se ele fosse quem precisasse dela. Clarke sorri e segura sua mão. Eles seguem em silêncio durante o resto do caminho.

     Ela não conseguia entender aquele olhar, mas sabia que as palavras dele haviam lhe dado um certo ânimo. O fato era que Bellamy acreditava nela e em sua força, não na Wanheda, como a maioria, mas sim na Clarke e isso a fez bem.

     O plano era ir a Polis e entrar no bunker. Mas só conseguiram forças para isso a algumas horas, quando juntaram comida e água o suficiente para suportar a viagem.

     Eles nunca tinham sido tão gratos a Becca como naqueles dias que estavam presos naquele porão, lá tinha comida o suficiente para que eles não morressem de inanição por um tempo e depois de algumas buscas nos escombros, encontraram mais algumas barras de cereais restantes que seriam o suficiente para chegar a polis, ou pelo menos era o que eles esperavam.

     Aqueles 42 dias haviam sido horríveis. Eles demoraram quase três semanas até conseguir achar uma brecha para sair dali, já que haviam ficado soterrados. Quando entraram no bunker não imaginavam que outra onda passaria por ali e que faria com que a estrutura cedesse. Os primeiros dias foram os piores, Bellamy quase surtou ao notar que estava preso e que Clarke havia ficado doente, nada muito sério, mas para alguém que não entendia aquela pequena alergia era o fim do mundo... talvez fosse. Mas apesar de toda a angústia eles se agarraram a sua última esperança: achar o bunker onde os outros estavam, entrar e passar os próximos cinco anos ao lado de seus amigos e família.

     No meio do deserto Clarke foi capaz de notar algo estranho na areia e após cavar percebeu que era o Rover, todo o sofrimento parecia ter sumido quando ela e Bellamy haviam conseguido desenterrá-lo e seus rostos foram tomados por um sorriso que a muito não se via.

     A cada minuto que se passava eles estavam mais perto de se salvarem, mas Clarke tinha medo de que os Wonkru também tivessem sido soterrados, e ela sabia que Bellamy também estava ciente dessa possibilidade, mas nenhum dos dois parecia disposto a destruir a esperança um do outro.

— Polis. — Bellamy lê a placa caída sobre uma pilha de concreto. Aquela nem de longe era a Polis que Clarke conhecia.

     Eles descem do carro e seguem a pé até o lugar onde o bunker deveria estar. Uma onda de raiva, tristeza e desespero toma Clarke por completo após ver que a torre havia caído em cima do bunker e que eles possivelmente não conseguiriam tirar todo o entulho de cima. Ela não conseguia pensar em mais nada, nem mesmo na confiança irritante de Bellamy, ela só conseguia pensar que iriam morrer e que sua mãe estava tão condenada quanto eles.

In Another Life - The 100 [REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora