Capítulo 5: Encontro

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O pranto me levou a exaustão, chorei tanto que adormeci na esperança de tudo ser mais um dos meus pesadelos

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O pranto me levou a exaustão, chorei tanto que adormeci na esperança de tudo ser mais um dos meus pesadelos. A noção de tempo é inerente ao ser humano, visto que todos somos em princípio capazes de reconhecer e ordenar a ocorrência dos eventos percebidos pelos nossos sentidos. Contudo acredito que meus sentidos e percepções neste momento eram mestres em me enganar. Havia a sensação de que em certos momentos, determinados eventos transcorriam de forma muito rápida e de que em outros os mesmos eventos pareciam eternos, mesmo que o relógio afirmasse o contrário. Em resumo, eu não tinha a mínima ideia de quanto tempo, horas, dias ou meses, estava naquela situação.

Acordei, mas desta vez não estava sozinha no quarto, que por sinal era bem luxuoso. A enfermeira amável estava parada em um canto do cômodo com uma prancheta em mãos, de costas para mim e conversando com ela havia um homem alto. Seus cabelos castanho escuros, eram quase pretos. Os ombros muito largos, eram perceptíveis mesmo sob o jaleco. Imaginei que poderia ser o médico responsável pelo meu caso. Talvez ele pudesse me dar algumas respostas ou não... Enfim não custava nada tentar.

Não queria ser rude e interromper a conversa, então tratei de me mexer, até ser percebida. A gentil enfermeira olhou e sorriu. Logo em seguida o médico, acredito que o fosse, virou-se para mim também. Quando olhei para ele, vi aqueles olhos azuis! O pavor, a dúvida e a excitação tomaram conta de mim, era ele. Aquela pessoa com quem eu havia sonhado tanto. Não era possível! Eu só poderia estar delirando mesmo. Não havia nenhuma explicação lógica para tudo isso.

Ele esboçou um breve sorriso, como que por educação, mas sem perder a seriedade. Em silêncio, pegou um estetoscópio e verificou meus batimentos cardíacos. Me senti envergonhada, deveriam estar muito acelerados, a proximidade em que estávamos me deixou perturbada.

— Olá, como está se sentindo? Esperamos você despertar por um bom tempo. Poderia nos dizer seu nome e idade? — Ele me indagava com uma voz quase paternal enquanto examinava meus olhos. Não consegui articular nenhuma resposta racional. Estava perplexa e hipnotizada. Seu maxilar marcante e boca perfeitamente desenhada, fazia com que toda minha lucidez, ou o que sobrou dela, sumisse.

Fez algumas anotações e continuou o exame físico. Achei correto não falar, não sabia o que dizer, fiquei apenas observando cada passo que dava. Entretanto, um detalhe me incomodava. Ele não era como em meus sonhos, não me refiro somente a sua aparência. Fato que ele parecia ser mais velho, seu semblante o aproximava dos 30 anos, mas sua essência, aparentava tristeza e distanciamento. Bem diferente do homem amável que me olhava com aquele olhar apaixonado e terno.

Finalmente ele tocou em minha pele. Nunca senti algo tão profundo, foi como se ardesse em chamas, uma corrente elétrica passou por cada terminação nervosa do meu corpo, senti meu rosto corar. Ele me olhou profundamente, segurando meu braço com delicadeza, seu olhar era confuso, de dúvida, era como se em uma fração de segundo ele tivesse sido transportado para meu mundo. Como se estivesse sentindo as mesmas coisas que eu, estivesse se achando louco, como eu também me considerava.

Elisabeth: Uma alma, várias vidas.Where stories live. Discover now