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     Tem alguns dias que não vejo Andrew

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     Tem alguns dias que não vejo Andrew. Após aquele dia na floresta, passamos um pelo outro algumas vezes, mas não conversamos. Eu queria saber do que ele estava falando ao dizer aquilo sobre Anna, mas toda vez que passo perto ele está no meio daquelas meninas do mercado. Ou seja, é impossível alcançá-lo.  

O dia de me encontrar com Elanor está se aproximando. Mandei uma carta há alguns dias e ela foi rápida ao responder. Então, como certamente não sairei viva, preciso garantir que esteja tudo encaminhado.

Gostaria de passar meus últimos dias na mansão com Ava, lendo alguns livros, mas seria correto me despedir das poucas pessoas que foram gentis comigo como Senhor Gilbert e Dona Aleta. Por isso, juntei coragem para atravessar o centro de Egline.

Puxo um pouco mais o capuz, mas não adianta muito. Assim que me vêem começam a cochichar:

"Aquela não é irmã da... "

"Não foi ela que cortou o... "

"Ela é tão feia, coitadinha... "

Entro na livraria e os sussurros são abafados quando a porta é fechada. O Senhor Gilbert sorri para mim de detrás do balcão. Seu cabelo grisalho está bagunçado e pelo olhar confuso, sei que está atrás dos óculos... que estão na cabeça dele.

Me estico e tiros eles dali entregando na suas mãos. 

— Obrigado — agradece e coloca — Veio pegar algum livro novo? Recebi um ótimo essa semana. Você vai adorar. 

Nego, tiro os últimos dois que peguei da cesta e os coloco sobre o balcão. Sentirei saudade desse lugar. Do cheiro de livros e da tranquilidade que sinto aqui. Também sentirei falta do Senhor Gilbert que sempre foi gentil comigo. 

— Vim apenas devolver esses aqui. 

— Estranho — diz e me analisa enquanto puxa os livros — Está indo para algum lugar? Nunca vi você sair daqui sem um livro. 

— Estou indo visitar minhas irmãs. 

Digo isso e dou o assunto por encerrado. Me despeço dele e coloco o capuz novamente antes de sair. 

O clima está péssimo nos últimos dias e isso torna o caminho ainda mais difícil. Quando consigo alcançar o cemitério está entardecendo e meu pé está latejando. Ainda assim, me abaixo e deixo as flores sobre seu túmulo do papai.

Talvez se ele não tivesse morrido, as coisas não estariam dessa forma. Estou tão perdida em pensamentos que pulo de susto quando Andrew diz:

— O que você está fazendo?!

O encaro confusa. Está vestido dos pés a cabeça com tecidos escuros e tem um pano amarrado na nuca que cobre a maior parte do seu rosto. 

— O que você está fazendo? Está me seguindo?

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