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Era a primeira festa de aniversário de quinze anos que Nico ia. Era estranho, porque todos os seus amigos estavam fazendo quinze anos e logo ele próprio faria quinze anos. E parecia uma idade tão assustadora.

Will já tinha quinze anos. Ridiculamente, Nico se sentia em desvantagem por isso.

Sentado no sofá da sala, com um copo de refrigerante na mão, Nico estava observando as pessoas. A música era alta. Muitos ali não estavam bebendo apenas refrigerante, sabia disso, mas preferia fingir que não via.

Havia um globo, pendurado no teto, que piscava luzes coloridas. Era tudo o que iluminava o lugar.

Em sua frente, no outro sofá, Lou e Will estavam conversando.

Nico não gostava de como os dois tinham se tornado amigos. Tudo bem, Will podia ser amigo de quem quisesse e não era como se Nico não fosse mais seu melhor amigo, mas precisava ficar tão grudado com aquela garota?

Mordendo o plástico de seu copo, Nico encolheu os pés para que um garoto passasse em sua frente. Ele provavelmente estava de cara fechada, porque as pessoas estavam olhando meio atravessado para ele, mas não importava, Jason dizia que a cara natural de Nico era uma cara fechada.

Lou estava próximo demais de Will.

Quando ela sussurrou algo no ouvido de Will, foi o ápice. Nico não ficaria mais ali.

Ele se levantou, rápido, e foi em direção à saída. Pensou ter ouvido alguém chamar pelo seu nome, mas ignorou.

Na calçada, ele sabia que precisava ligar para seu pai vir buscá-lo. Era perigoso andar sozinho de noite, afinal. Mesmo assim, Nico continuou andando, meio sem rumo.

Ele colocou a mão no bolso da jaqueta, mas ao invés de tirar o celular de lá, tirou um pedaço de papel e o apertou contra a palma da mão.

— Nico!

Não se virou. Era Will. Reconheceria a sua voz em qualquer lugar. Continuou a andar.

— Nico, para onde você vai?

Apertou mais ainda o passo.

— Nico!

Agora Will estava mais perto.

— Você não deveria estar com a Lou? — Nico praticamente cuspiu as palavras, com ódio.

— O quê?

Nico parou na esquina. Se virou para Will.

— Você parecia muito interessado no que a Lou estava dizendo.

Will pareceu confuso. Jesus, Nico queria que ele não fosse tão lindo.

— Que bicho te mordeu? — Will perguntou.

Nico cruzou os braços. O pedaço de papel ainda estava em sua mão.

— Você está toda hora de risinhos com a Lou. Ela é sua melhor amiga agora?

Will apertou os olhos, então assumiu uma expressão um pouco raivosa.

— Assim como o Jason é o seu melhor amigo agora?

Aquilo pegou Nico de surpresa.

— Quê?

— Isso mesmo. — Will falou. — Você acha que eu não percebo? Toda hora assistindo Capitão América com ele. É o nosso filme, Nico. Você não pode assistir com ele.

— É a droga de um filme, Will! E você fica a aula toda falando com a Lou.

— Você estava falando com o Jason por mensagem ontem quando a gente jogava mitomagia! O nosso jogo. Agora é tudo Jason, Jason, Jason.

— Ele é meu amigo!

— E a Lou é a minha amiga! Talvez seja a minha melhor amiga mesmo. Pelo menos ela não age igual você, surtando do nada.

Nico sentiu uma onda de raiva subir pela sua espinha. Ele largou as mãos no lado do corpo, de punhos fechados.

— É mesmo? — ele perguntou. — Então entregue isso para ela! Não vale de mais nada, não é? Não é mais importante pra você!

Sem pensar muito bem, Nico jogou o papel de "vale 1 milhão de beijinhos" contra o peito de Will e, bravo, saiu dali praticamente correndo.

Will não foi atrás dele. Depois de três esquinas, Nico percebeu que Will não viria. Não soube dizer se isso era bom ou ruim.

Vale um milhão de beijinhosWhere stories live. Discover now