Delicate

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Um aviso: Em algum momento nesse nesse capítulo será Gabriela e Carol narrando a fic em primeira pessoa. Vocês irão saber porque terá o nome delas em negrito.

Estela, havia acabado de desenhar carinhos nos cabelos de Low até o choro cessar e ele, eventualmente, cessou. A branca deitada nas pernas da produtora parecia uma criança desprotegida e como poucas pessoas do mundo a vira antes, respirava em paz mesmo mantendo o semblante de dor em sua face, agora seca. Estela, olhava aquela mulher adulta, vivida, madura...mas só conseguia enxergar uma menina; uma menina machucada demais para pedir ajuda. Levantou-se tomando cuidado de não acorda-la e começou a catar todas as roupas que foram jogadas no chão, juntar os objetos quebrados e fechar as gavetas; tentando sem sucesso disfarçar os indícios de que alguém de coração partido havia passado por ali. Queria tirar Low daquele quarto, daquela casa, de dentro do poço que ela se encontrava agora; mas toda vez que olhava pros olhos tão fechados da amiga, sabia que se eles abrissem naquele momento, abririam molhados. Decidiu deixar o dia chegar.

Low merecia uma noite bem dormida,  mesmo tendo sido ninada pelas lágrimas, o sono agora parecia sereno demais pra perturbado por detalhes. Low merecia um coração mais calmo, uma cama macia, um sorriso despreocupado, Estela olhou para aquela menina que merecia tantas coisas e o coração apertou...Agarrou os travesseiros em cima da cama e retirou o edredom fofo do armário, ajeitou tudo gentilmente sob o corpo da outra e deixou um beijo sobre sua testa.

- Vai passar. - Disse baixinho, terminando de cobrir os ombros da outra e enquanto se afastava percebeu a mão de Low agarrar a barra de sua blusa, puxando-a de volta sem dizer uma palavra sequer, ainda de olhos fechados não a deixando ir.

Não foi preciso pedir. Estela, se aconchegou entre as almofadas e voltou a deitar no tapete, se entrelaçando em Low e apertando contra o seu peito, como se seus próprios braços fossem capazes de colar os pedacinhos quebrados. A noite passou assim...sem pedidos ou sons, sem promessas de melhoras ou palavras de cuidado. A única coisa que existia dentro daquele abraço era a inabalável certeza não verbalizada de que o dia chegaria. E que nele existia mais.

- Logo mais amanhã já vem.

Gabriela, olhava o relógio pendurado no estúdio avisa-lá que o tempo não iria parar e esperar ela absorver tudo que aconteceu ali. Carol, chegaria em algumas horas e a noite perfeita que ela planejara não iria se montar sozinha, mas se mover mostrava-se uma tarefa estranhamente difícil.  Sentada, colocou os cotovelos sobre os joelhos e apoiou a cabeça nas próprias mãos, revivia todos os fragmentos da discussão que tivera com Low e pra toda vez que se repetia, tudo parecia mais sofrido. Doía cada vez mais, cada vez mais fundo e cada vez mais latente. Talvez se pudesse voltar no tempo faria alguma coisa diferente, talvez não. "Sei lá". Os pensamentos começavam com alguma lógica, mas todos se entorpeciam no meio do caminho e se resumia a duas pessoas jogando verdades cruas demais para o alto e assistindo explodir como fogos de artifício; Sem se preocupar com os efeitos colaterais daquela implosão assistida. O reconhecimento de que anos acabaram de ser destrinchados tão brutalmente ainda não havia chegado, e pior, as consequências daquela "conversa" traziam arrepios de dúvidas que subiam pela espinha de Gabriela, deixando rastros de medo e fazendo seu corpo se contrair involuntariamente. "Acabou? Assim...fim?". A bochecha latejando quente e as últimas palavras de Low, parecia ser a resposta para aquela pergunta.

Gabriela, chacoalhou a cabeça e viu que, de fato, o tempo não havia parado pra ela. Só restavam algumas horas pra se arrumar e preparar a noite. Pensou que talvez não houvesse tempo o suficiente pra tudo que havia  planejado ser feito, mas não podia desmarcar assim de última hora, portanto angariou todas as forças que ainda restavam e se pôs em pé, fechou os olhos e pensou em Carol, entrando por aquela porta, com aquele sorriso de menina, andando em sua direção e toda a paz voltou dentro de si, todas as dores se tornaram consideravelmente menores e os problemas findáveis. Elas mereciam essa noite, elas haviam lutado tanto por essa noite, e não havia força do mundo que impediria Carol de entrar por aquela porta.

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⏰ Last updated: Aug 25, 2019 ⏰

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