Shelter

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"Você me tem".

Gabriela não conseguia acreditar. Carol repetia essas palavras, mas elas não pareciam fazer sentido quando chegavam aos ouvidos da fotógrafa. "Você me tem". Era tudo que queria ouvir por tanto tempo e agora estavam elas, as palavras, todas arranjadas e ditas roucamente por Carol; pronunciadas com uma leveza que só quem ama consegue dá a certas falas. Ela tinha Carol, a tão procurada pessoa no meio de tantas outras pessoas. Gabriela a tinha na ponta dos dedos e repetia pra si mesma que aquilo era a realidade, que estava sonhando, que aquela boca estava sendo beijada pela mulher que ela amava. "Eu tenho você". Click.

Carol fechava os olhos tão apertados, abraçava Gabriela tão perto, respirava tão rápido, tudo isso pra que se aquilo fosse um sonho, ela teria aproveitado tudo ali. Mas não era, lá no fundo ela sabia que não era sonho nenhum. Gabriela estava ali tanto quanta a luz daquele sol que entrava pela janela e iluminava aquela sala. Ela existia dentro daquele abraço, sua boca continuava existindo beijando seu pescoço e o amor...o amor existia nelas. "Você me tem".

A realidade, por fim, era doce. E quente.

Gabriela sabia que tinha que ir devagar, estava no meio da sala de aula, era a primeira vez que beijava Carol, alguém podia entrar, existiam centenas de motivos para que ela soltasse Carol naquele momento, mas nenhum deles era tão bom quanto o beijo dela. Toda vez que tentava se afastar, mesmo que para tomar ar, deixar que existisse algum espaço  entre os corpos, Carol a puxava de volta, quando era ao contrário, Gabriela quase que involuntariamente a puxava também. Não era uma questão de escolha, Gabriela e Carol se precisavam e não ter, não era uma opção.

Carolina, passava as mãos pelas costas de Gabriela sem pressa alguma, diferente do beijo que aumentava de velocidade todas as vezes que havia ar pra isso; deixava arranhões muito bem demarcados por traços vermelhos na pele de Carol, sem questionar se ao menos estaria doendo, mas sabia que não. E pra todo suspiro que saia da outra, Gabriela tremia um pouco mais. Ela sentia todo seu corpo reagir ao de Carol como um imã; Ela se mexia, Gabriela mexia. Ela respirava, Gabriela perdia o ar. Ela suspirava, Gabriela sentia as borboletas no estômago escaparem para seu corpo inteiro. Apertava e puxava pra si a cintura de Carol tentando desfazer as barreiras físicas que impediam suas peles de se tocarem, mas desistia toda vez que ouvia Carol dizer seu nome em voz baixa, sussurrando...Gabriela se esquecia de tudo.

- Gabriela...- Carol mal conseguia falar. Sabia que "Gabriela" era um nome, mas saia quase como um pedido. Sentia as mãos da fotógrafa nas suas costas, passeando pela cintura, fazendo a curva na sua barriga, sem pedir arrancava suspiros que Carol também não sabiam de onde vinham. Mas vinham e não paravam. Era impossível conter e chegou o momento que Carol, também não tentava mais. Gabriela, mexia com ela de todas as maneiras possíveis, e existiam tantas! Sentia os dentes de Gabi puxarem seu lábio inferior, provocando a dor mais gostosa que ela já sentira até ali. Mas não ficava longe por muito tempo, Carol voltava a beijar Gabriela como se não houvesse outra coisa pra se fazer no mundo. Com as mãos baguncava o cabelos de Gabriela e sentia o carinho na sua nuca, feito pela fotógrafa tão intimamente, arrepiar os pelos de seu braço, pescoço...corpo. Puxava pelas raízes os cabelos de Gabriela e exercia todo o controle que tinha sobre ela, direcionando a fotógrafa pra direita e esquerda, ditando o ritmo do beijo, do movimento do corpo, da pressão sob a pele. Carol, estava no comando e Gabriela nao tinha forças pra toma-lo pra si. Ainda.

Gabriela  tremia, sentindo seu corpo se mover conforme Carol pedia, mandava, tão sutilmente. Foi descendo a mão pelos braços da outra, começando pelos ombros e seguindo rumo a sua mão, entrelaçou seus dedos e liberou a boca por um segundo, beijou os nós dos dedos de Carol e viu morder a boca, respirando pesadamente, não conseguiu manter os olhos abertos.

Sunset Where stories live. Discover now