Smoke and Mirrors

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O sol já havia raiado à bastante tempo quando Carol, acordou no quarto, olhou pra sua bichinha que ainda dormia pesadamente nos seus braços e lhe deu um beijo na testa, arrumando seu cabelo  loiro bagunçado. Levantou-se sem acordar sua filha e foi em direção ao banheiro, passou pela mesinha perto da janela e pegou seu celular, dando uma olhada rápida nas notificações. Já fazia mais de um mês, mas Carol, ainda tinha esperança de achar uma mensagem ou noticias de Gabriela, por ali. Lavou o rosto e quando se olhou no espelho percebeu o quanto sua fisionomia era triste, pálida, quase que irreconhecível. Não que não estivesse bonita. Não. Carol, era linda seus traços quase que cotidianos era de uma beleza ímpar. Desde que conhecera Gabriela, percebeu como havia negligenciado a própria beleza. Beleza de mulher, que ela tinha de sobra e simplesmente escolhia esconder, dos outros e dela mesma. Quando terminou de se arrumar e olhou uma última vez no reflexo do espelho, percebeu o quanto tinha mudado, pra melhor, claro; Agora parecia a mulher que sempre fora por dentro. Olhou no seu celular novamente e não conseguia não pensar em Gabriela. 

 Depois de ter acordado Amora, e ter arrumado todo o material da escola, foi pra cozinha enquanto ela tomava seu banho, passou por Vera e pediu para apressar o café, dando dois beijinhos na bochecha e agradecendo o elogio que recebeu de volta. Adentrou a sala e antes de puxar a cadeira pra se sentar a mesa, viu alguém parado ao lado do sofá, com as mãos no bolso e ombro caídos.

-Bom dia. -Disse seca, desistindo de se sentar e indo em direção a sua bolsa. Pegou alguns papéis levemente amassados e depositou em cima da mesinha, sem ter que se aproximar muito de Alan.

-Bom dia, Carol - Não conseguia a olhar nos olhos. - Como você está se sentindo?

- Muito bem, obrigada. - Virando as costas e indo pro outro lado da sala - Esses são os orçamentos que me pediu, decide ai sobre qual fornecedor você acha melhor e me passa até o fim da semana. 

-Pode deixar - Pegou os papéis da mesinha e deu alguns passos pra trás - Você sabe que pode escolher isso, né? - Não precisa passar tudo por mim - Tentou sorrir e falhou.

-Claro que sei, Alan. Eu simplesmente não quero. Além do mais, é o seu Bistrô. Não meu. - Carol, não sabia esconder a dor que era olhar o ex marido - E você sabe muito bem que não estou fazendo isso por você.

Alan, não ousou olhar pros olhos de Carol. Ficou ali parado, ao lado da porta, sem jeito assentindo com a cabeça, mudo.

-Pode ter sido o SEU sonho. Mas foi o NOSSO dinheiro. E quando você tiver bem de novo, você volta a tocar o SEU Bistrô.

-Entendido - Olhou para o braço esquerdo de Carol,mas não conseguiu prender o olhar "Como você pode Alan?" -E o ombro...Tá melhor? -Disse quase em um sussurro como se estivesse com medo da resposta.

Carol, prendeu a respiração, com o braço direito passou a mão  pelo ombro esquerdo involuntariamente sentiu seu corpo tremer.

-Bem. - Felipe já disse que foi um músculo distendido - Carol, passava a mão no braço e cerrou os dentes ao lembrar daquilo de novo.

Quando caiu por cima da mesinha que ficava no centro da sua sala, Carol não teve apoio algum. O vidro se quebrou e deixou seu corpo se chocar com os caquinhos da mesa e o chão duro. Toda aquela cena ainda era um borrão de imagens e sons, e não sabia explicar também, como machucara tanto o ombro; Que doía mais que o normal naquela manhã.

-Felipe, disse realmente que só era um músculo que foi distendido na queda, mas o ombro particularmente, era um lugar difícil de recuperar desse tipo de lesão.

-Carol, eu... -Alan caminhou alguns passos em direção a Carol, mas no momento que a viu dando os mesmo passos na direção contraria, parou. - Eu não vou te machucar, Carol.

Sunset Where stories live. Discover now