Desejos - II

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Minha cabeça está dando tantas voltas que eu poderia me sentir tonta se não estivesse sentindo outra coisa. Outra coisa maravilhosa. Jamais pensei que os homens poderiam proporcionar tais sentimentos a uma mulher... talvez não possam. Talvez seja apenas Henry que consegue fazer o que faz. Por Deus, espero que todos saibam, seria uma pena nenhuma mulher sentir isso.

Isso.

Henry me faz querer ficar de olhos fechados para sempre, apenas sentindo seus dedos se arrastando pelas minhas pernas; sua boca pairando pela minha pele escondida pelas meias, o que não me impediu de senti-la sobre mim; seus dentes mordiscando cada pedacinho de minhas coxas; suas mãos fortes apertando e esfregando toda a extensão me fazendo suspirar por precisão; sua língua que estava umedecendo o tecido fino que cobria vagamente minhas pernas.

Isso.

Cada pedacinho de mim que clama para que ele dê continuidade em suas ações, ações cujas deixam-me extasiada. Louca por mais. Louca por mais um toque depois do outro e assim sucessivamente, para sempre. A cada cessar de toque para começar outro, sinto uma abstinência momentânea que me faz pensar a quão necessitada de seu toque eu me tornei. Desde quando me carregou para montar. Dalí em diante o que mais passava por minha cabeça era suas mãos que nunca estão vestidas de luvas.

Isso.

Seus modos, suas expressões, seu comportamento e temperamento. Tudo me intriga e me faz perguntar como seria tê-lo para mim. As maneiras como nos encontramos, cada vez que me vi sozinha com ele, jogando algum tipo de jogo de palavras que ambos adoramos participar e cada um tenta de seu jeito ganhar. Por mais que eu sempre tente jogar com as mesmas cartas que ele e sempre esteja ciente de que estamos empatados, eu sei que ele sempre ganha. Sempre vai ganhar. Não tenho como vencer a vontade de o sentir me tocando.

Céus e ares sabem que eu tentei não gostar. Sabem que eu tentei ao máximo não pensar nele como um homem potencialmente favorável, mas não consegui. Depois de correr com ele e ajudá-lo com o jardim, algo foi martelado na parede de meu coração e sempre que o vejo, ou mesmo penso neste homem, ele se descontrola.

Não tenho culpa se ele é desejado pelas mulheres e odiado pelos homens. Não tenho culpa se ele é um cretino jogador de cartas. Não tenho culpa se além disso, ser um apreciador de obras literárias aclamadas o que faz meu coração bater mais forte ainda. Por Deus, nossas trocas de frases shakespearianas me fazem vibrar! Este homem, entre minhas pernas, que tem o sorriso mais devasso que já vi em vida fez algo comigo. Algo mal. Algo que não deveria ter feito. Algo que eu, mesmo sabendo que não deveria querer, tenho ânsia por mais e mais e mais. 

Henry apertou mais forte minhas pernas, que tremiam, e sorriu ao levantar um pouco até alcançar meu rosto. Abri meus olhos, apenas um pouco e o vi sorrindo. Mostrando-me aquela covinha que lhe dava um ar brincalhão. Seus olhos passaram de meus olhos para minha boca e algo dentro de mim pulsou. Ele voltou a encarar meus olhos.

— Você cheira tão bem. — Ele disse rouco e muito grave, fazendo alguns arrepios passarem pelas minhas costas. — Você cheira minhas rosas. Que os Deuses me ajudem...

Ele pairou a centímetros de minha boca e subiu as mãos de minhas coxas para meu traseiro, apertando com força.

Eu arfei e coloquei as mãos em seu ombro.

Ele sorriu. — Conte-me, então.

Eu fechei os olhos e abri a boca, mas nada saiu além de mais um arfo necessitado.

Ele sorriu novamente, como se estivesse se divertindo com os sons que eu emiti. — Parece que vou ter que ajudá-la.

Ele tirou as mãos de baixo de minha saia e eu abri os olhos. Juntei as sobrancelhas e ele sorriu ao me ver protestar sua ação. Ele apoiou uma das mãos no banco ao meu lado e com a outra ele tocou meu rosto, delicadamente, quase não senti seu toque, apenas seu calor.

Contos de uma LadyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora