Capítulo 1

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Pov. Ruby

O sol quente junto com a areia me impedia de enxergar sequer um palmo a minha frente. Maldita hora em que aceitei essa viagem, poderia estar em casa agora, no meu velho sofá, tomando um pote enorme de sorvete e vendo minha novela favorita, mas não ao invés disso estou perdida, enfrentando uma tempestade de areia no meio do deserto Rub' al-Khali, sem água e sem poder enxergar graças ao meu óculos que se perdeu no meio da areia.

Ouço uma voz que parece chamar meu nome, mas não consigo saber de onde vem, inutilmente olho em volta para tentar me localizar, a voz volta a gritar pelo meu nome e parece já estar mais perto.

- Socorro! Alguém me ajuda! – grito a plenos pulmões a fim de conseguir que seja lá quem for possa me localizar e me salvar.

Sinto a areia entrar em meus olhos e boca, começo a chorar desesperada, fim mais trágico que esse não poderia existir. Tiro a camisa que estou vestindo e a coloco em frente ao meu rosto, sinto a areia bater na minha barriga, costas e seios me causando alguns cortes.

Olhando minha atual situação só consigo me lembrar da decisão idiota que me fez chegar até aqui...

Uma semana antes

- Não sua burra, não o beije. Esse idiota não te ama, ele só quer o seu dinheiro e a sua irmã! – eu gritava com a televisão como se ela pudesse me ouvir e me entender.

- De novo discutindo com a televisão Jackson?

- Caramba Gi, que susto! – falo, colocando a mão no peito e tentando normalizar a minha respiração. – Não sei por que te dei uma cópia da chave da minha casa.

- Me deu? Está brincando né? Eu praticamente roubei uma cópia da sua chave e você deveria me agradecer por ter feito isso, te trago comida e sempre deixo um pote com água fresca perto da porta.

- Por que tenho a impressão de que está me comparando com um de seus animais de estimação? - olha para seu rosto e sei que ela está segurando uma risada.

- Você está doida, querida!

Apenas reviro os olhos e a espio enquanto caminha pelo meu apartamento pegando as roupas espalhadas pelo chão e resmungando enquanto faz isso.

- Dá pra parar de resmungar tão alto? Está quase mais alta que a televisão.

- Quando foi a última vez que limpou esse apartamento? Ou melhor, quando foi a última vez que saiu desse buraco?

Penso por alguns segundos e me odeio por não conseguir me lembrar da última vez que sai do meu apartamento, a verdade é que desde que terminei meu último e único relacionamento não tenho saído muito de casa e isso já tem mais de um ano e meio.

- Eu estou muito bem, obrigada. Posso trabalhar perfeitamente dentro de casa e você sempre me trás comida, não vejo motivos para sair! Até o meu precioso sorvete posso pedir por aquele aplicativo de comidas delivery.

- Que tal para se manter saudável? Ou então para conviver com as outras pessoas? – ela caminha até a janela e puxa as cortinas fazendo toda a minha sala ganhar a luz do sol, a claridade repentina incomoda meus olhos e me escondo embaixo da coberta que estava em meu colo. – Falando em trabalho, quando foi a última vez que escreveu?

Descubro apenas os olhos e espio os vários papéis espalhados por toda a minha mesinha de centro, há quase uma semana que não toco neles e a última vez foi só para achar o controle remoto.

- Estou sem inspiração para escrever, assistir novelas me distrai e trás a inspiração de que preciso.

- Você não pode escrever um livro tendo como base uma novela dos anos 90's Ruby!

- Por que não? – pergunto quando ela se senta no sofá em que eu estava jogada, me obrigando a sentar também.

- Porque ninguém iria comprar um livro assim, você precisa de novos ares, se distrair e voltar a escrever coisas que se aproveitem.

- De novo essa história? Eu estou com inspiração de sobra e outra meu último livro ainda me sustenta muito bem, obrigada.

Toda vez que Gisele vinha aqui tínhamos a mesma conversa, para ela eu estava cada vez mais presa dentro da minha bolha.

- Seu último livro foi lançado há quase dois anos, graças a Deus fechou aquela trilogia a tempo. Agora está ai, com esse manuscrito parado há meses em cima da mesa. – odiava esse tom de voz de mãe mandona que ela tinha. – Foi por isso que eu lhe trouxe isso aqui.

Ela mexe na sua bolsa e tira de lá um envelope grande marrom e me entrega, o pego com receio, era pesado e parecia conter bastante coisas dentro, o balanço perto do ouvido mas não consigo adivinhar o que possa ser.

- O que é isso?

- Abre, abre, abre – ela fala toda empolgada enquanto pula no sofá, reviro os olhos diante de sua animação descabida.

Viro o envelope e rompo o adesivo que ela usou como lacre, jogo todo o seu conteúdo em meu colo, reviro os papéis e vejo duas passagens de avião, alguns papéis que pareciam ser comprovantes de hospedagem de hotéis, uns dois cadernos, canetas e meus documentos. Olhava para tudo aquilo sem entender nada.

- O que é tudo isso? – pergunto virando para minha amiga.

- Se lembra daquela viagem que eu iria fazer para a Arábia Saudita daqui a uma semana?

- Como eu iria esquecer? Você está falando dela há semanas, chega até a ser irritante.

- Ha ha engraçadinha não foge do assunto, o meu chefe revogou as minhas férias por duas semanas e como eu já havia pago por tudo não vou desperdiçar meu dinheiro assim né, aí eu resolvi que você vai no meu lugar e depois encontro com você lá! – ela fala tão rápido e tão empolgada que levo uns segundos ainda para entender tudo o que ela diz.

Olho para ela como se houvesse nascido um chifre bem no meio da sua testa, ela não podia estar falando sério. O que eu iria fazer no meio daquele monte de areia?

- Você só pode ter ficado maluca mesmo amiga o que eu faria no deserto?

- Pode achar lá a inspiração de que tanto precisa e não tem só o deserto lá, as cidades são maravilhosas e já paguei por vários passeios.

- O que eu vou conseguir achar naquele fim de mundo é areia e calor, você sabe que eu odeio muito essas duas coisas.

Ela revira os olhos e passa as mãos no cabelo demonstrando sua impaciência.

- Eu vou reformular minha frase, você vai nessa viagem e vai com um lindo sorriso no rosto, agora trate de levantar essa sua bunda branca do sofá e vem me ajudar a arrumar suas malas.

Ela se levanta do sofá, me dá um sorrisinho bem do sarcástico, me lança aquele olhar que diz que eu não teria escolhas e começa a caminhar em direção ao meu quarto.

- Já disse que te odeio hoje? – grito para ela ainda do sofá.

- Não, e nem assim vai se safar agora vem logo me ajudar. –reviro os olhos e me jogo no sofá, choramingando. – Sem birras!

Ela grita lá do quarto não me dando nenhuma escolha a não ser me levantar e ir ajudá-la, já morrendo de medo do que essa viagem poderia me trazer.



Oie pessoinhas

Sei que estão ansiosas com essa história e espero atingir as expectativas rsrs

Me digam oq acharam por favor, logo eu volto 🙈❤️

Nas Amarras Do SheikWhere stories live. Discover now