Escapem

111 13 11
                                    

Enquanto a água subia, os jovens tentavam de tudo pra sair da caixa, Danyel batia com força nos vidros, tentou fazer isso até com os chifres, mas nada adiantava, os vidros se quer trincavam, a água já estava a altura da cintura e os nervos começaram a ficar a flor da pele.

-Qual é? Façam alguma coisa caramba!-exclamou Danyel irritado.

-relaxa ai o grandão, a gente está fazendo uma coisa útil que você não conhece... se chama pensar!-Thaila retrucou.

-E quem é você pra falar assim com ele?-perguntou Jenna encarando Thaila seriamente.

-Eu sou Thaila Lognistar e o desprazer é meu!

-Então, acho melhor nós pensarmos juntos, não colocaram todo mundo em uma caixa só pra economizar os vidros. Se quisermos viver, é preciso, pelo menos por enquanto, ficarmos como uma unidade! -discursou Theo.

-Talvez saber o que a gente pode fazer ajude.-Opinou Trin.

Enquanto eles conversavam sobre o que sabiam fazer, a água subia em níveis assustadores.

-Certo, Travel tem proteção corporal, Trin corre como um guepardo, Danyel é forte como um touro, Thaila não sabe como mas fez o fogo desaparecer só com olhar, eu absorvo energia, mas não funciona com água, Myle, Jenna não sabem ainda.-analisou Theo.

-conclusão, estamos ferrados!-exclamou Trin.

E ele não estava de um todo errado a água ja estava no pescoço deles, no caso da Myle afogando ela. A mesma buscava se segurar em Theo que a mantia com a cabeça pra fora da água, mas já não dava mais pra pensar, eles tinham que agir, pois a água já tomara todo espaço na caixa, e em breve seus fôlegos. Mas nem tudo foi ruim, Jenna descobriu que consegue respirar em baixo d'água, mas fora isso não podia fazer nada. Todos pareciam muito desesperados, Myle principalmente, ela não tinha tanto fôlego, logo seria a primeira a morrer, até que no mais profundo desespero a garota abre a boca e um som ecoa pela água, multiplicando a potência, tornando a voz de Myle uma bala no vidro da caixa, o que fez a mesma se quebrar, e todos eles caírem podendo respirar novamente.

-Pronto! Agora sabemos os poderes que faltavam. - Disse Travel recuperando o fôlego.

Os jovens sorriram e brevemente se sentiram felizes, mas aquilo não ia durar assim que eles se levantaram, luzes vermelhas e sirenes altíssimas começaram a tomar o ambiente, fazendo com que eles entrassem em uma porta de elevador que havia acabado de se abrir, assim que os jovens entraram a porta se fechou e começou a subir, o próximo desafio respirava forte nos ouvidos das cobaias, causando arrepios e calafrios.
Quando a porta do elevador se abriu eles se viram diantes uma floresta, e pra chegar até lá algumas barreiras, como muros e abismos nos quais eles teriam que passar por um único tronco fino. Cada um deles tinha sua própria trilha, assim se distribuíram nos numeros que ja estavam acostumados, no percorrer dessa trilha de desafios, tinha algumas armas, como o arco e flechas no tronco do abismo, ou o kit de adagas em cima do muro e as espadas na cascata de águas rasas. Uma buzina tocou e eles olharam ao redor, tinha franco atiradores e alguns cientistas com o dispositivo que controlava os chips nos pescoços deles, então começaram a correr, primeiro subindo pelo muro que estava encharcado de óleo, Trin ficou de quatro e pulou por cima do muro passando pela primeira etapa, Travel descobriu umas garras que o possibilitou escalar, Danyel quebrou o muro com seus chifres, Thaila tentava subir mas não adiantava, sempre caía, até que olhou fixamente pro muro e ele se fez em lama, derretendo aos pés dela, Jenna passou pelo muro encaixando seu salto 15 em uma das curvaturas dos tijolos se firmando e caindo do outro lado, Theo absorveu o ar e fez uma manobra o empurrando contra o chão, subindo e passando pro outro lado, ele olhou para o lado e viu que myle ainda tentava inutilmente escalar a parede, então gritou pra ela usar a voz, ela entendeu e depois de tentar usar a voz pra quebrar o muro acabou usando pra se impulsionar, passando pro outro lado. Quase todos pegaram o kit de adagas, com exceção da Myle e do Trin que pularam direto nem notaram o pacote la em cima, no tronco foi mais complicado para Jenna e Thaila porém Thaila conseguiu passar após quase cair, todos ja tinham passado e Jenna presa no meio do tronco, ela tinha decidido ir sentada mas o tronco estava cheio de formigas venenosas, e cada picada deixava Jenna ainda mais tonta, Danyel quis sair de sua trilha mas logo um franco atirador disparou um aviso em forma de bala, então os colegas dela só gritavam dizendo que ela conseguiria, quando ela decide se levantar, e ao tentar andar, acabou caindo do tronco se perdendo em meio a escuridão do abismo, o grito de dor do Danyel ecoou por toda arena, era só o que ele conseguia dizer.

-NÃO...

Uma única palavra, contínua e cheio de tristeza, mas eles ainda precisavam terminar a trilha, passando pela cascata de aguas rasas cheia de peixes elétricos, Theo gritava que Danyel precisava continuar, por ela, eles dariam um jeito de sair dali e se vingar, mas agora a única opção era continuar, Danyel ouviu ele, e com toda sua raiva entrou na água pegando a espada e sendo eletrocutado pelos peixes, sua tristeza era tanta que ele mal sentia os choques, mas conseguiu, Theo absorveu a eletricidade e facilmente pegou a espada, passando pela água, Myle usou a voz pra espantar os peixes mas não quis pegar a espada, apenas passou, Trin pulou a cascata, Travel sobrepôs sua couraça e passou pela água, mas correndo pra não ser muito atingido, logo viu que não tinha pego a espada, já pra Thaila os peixes simplesmente deram espaço e ela passou, pegou a espada e foi rumo ao seus colegas, que ágora estavam abraçando Danyel, que não parava de chorar.
Quando a lua apareceu, eles estavam ao redor da fogueira, comendo uns passaros que os gêmeos haviam caçado, Thaila percebeu o afastamento de Danyel e foi conversar com ele, que se encontrava distante dos outros colegas.

-Eu sinto muito, de verdade.-Ela disse em voz baixa e confortante.

-Pelo que? Não foi você que matou ela...-ele retrucou, surpreso pela aproximação de Thaila.

-pela sua perda, eu sei como é, você sente como se mais nada valesse a pena, quando perde a única pessoa que acreditava estar sempre do seu lado.

-sabe é? - perguntou Danyel com uma dose de sarcasmo.

-pode até não parecer, mas minha história também é triste.

-tem razão, não parece, você parece aquelas princesinhas filhinhas de papai, que sempre teve tudo que quis.-ele fala com um tom de grosseria.

-E eu tive, até certo ponto.-ela responde.

E então começa a contar sua história, de como sua vida era perfeita até tudo desabar. Quando Thaila tinha 8 anos seu heroi favorito se chamava Hélio, o pai dela, e foi assim até os 15, quando ele foi preso por abuso de mulheres, Hélio era médico e trabalhava no mesmo hospital que a mãe dela, Alice, mas isso não o intimidava, ele sedava as vítimas e as violentava, Thaila nunca imaginou que aquele exemplo de bom pai, poderia fazer algo tão repugnante e cruel, Alice disse que nunca havia suspeitado de nada, mas que queria que ele pagasse por cada vítima, na escola Thaila era vítima de insultos e piadas dos colegas, coisas do tipo, "me abusa também" "filho de estuprador, abusadora é" coisas sem o menor sentido que adolescentes idiotas falam pra passar o tempo, dois meses antes do aniversário de 16 dela, houve um acidente de carro, e a notícia da morte de Alice chegou por telefone, Thaila perdeu o chão, sua mãe era tudo que ela tinha, até por que dinheiro foi todo em indenizações para as vítimas do seu pai, claro que tinha o salário de médica da mãe dela, mas agora nem isso, Thaila procurou emprego como babá, mas tudo que achou foi desconfiança, devido o histórico do seu pai, o que não tinha nada a ver com ela. Mas ela foi parar no reformatório depois de pegar sua amiga na cama com seu namorado, e quebrar os dentes dela com um vaso de porcelana, ela também bateu no namorado, levando ele até a varanda, empurrou ele de lá e ele quebrou 2 costelas e um braço. E lá ela ficou até ser trazida pra cá.

Ela conseguiu tirar um breve sorriso de Danyel, quando terminou de contar sua vida catastróficamente arrasada.

-Você é perigosa heim garota. -disse ele sorrindo um pouco.

-Só não transe com meu namorado. - sorrindo ela retribuiu a brincadeira.

Os dois se abraçaram e voltaram pra fogueira, afinal esses breves momentos de paz são raros e devem ser aproveitados ao máximo.


(Nossas cobaias mal sabem que nessa floresta os piores pesadelos estão a espreita... vlw, flw)

COBAIAS Onde as histórias ganham vida. Descobre agora