Tocou para a aula de Português uma autêntica seca, odeio aquela professora, para dizer a verdade nem me lembro do nome dela. Ela é conhecida como a rainha das bruxas, que faz tudo pela calada inclusive os testes. Quando chegamos á aula sentei me atrás do Liam e ao lado da Dania, tinha escrito no quadro “Teste Sobre a Obra Estudada na Aula Anterior”. Boa, era só que me faltava teste surpresa. Eu estudei. Estudo todos os dias, mas fogo o raio da mulher podia ao menos ter dito alguma coisa. Sem olhar para a Dania já sabia que ela tava em apuros. Primeiro a Dania não é de estudar todos os santos dias, para a disciplina seja ela qual for, segundo aposto que ela vai copiar todo o que poder por mim ou por o Charles que é o colega de carteira da Dani.

 Eu trato a Dania por Dani é mais simples e desde criança que damos apelidos uma á outra. Ela trata-me por El e o Liam quando estamos junto também me chama de El.

Bem, decidi começar a fazer o teste o mais rapidamente possível, para não deixar nada por fazer. “Raios, a Bruxa deve pensar que somos universitários, possa!”- Pensei para mim mesma. Estava á rasca, não percebia o que queria dizer a pergunta e espelhei-me ao comprido no teste. Nem sequer ouvi a Dani perguntar algo, com a sua voz rouca e áspera, da noite anterior. Ela tinha ido ao Karaoke com a tia e então fica assim, sempre que lá vai. Mas eu não me deixo enganar ela pode muito bem berrar de novo aos meus ouvidos.

Saí-mos da aula todos desanimados por começar logo o dia com um esplendido teste de Língua Portuguesa, que mais parecia Chines. A seguir tivemos Alemão e depois Geografia. Eu e o Liam saímos da aula e fomos comer alguma coisa ao bufete da escola, eu comi um lanche mesmo bom e um sumo de manga já o Liam comeu um pastel de carne e duas maçãs. Tive de pedir um sumo de laranja light e uma barra de cereais de frutas, para a Dani, mal acabei o pedido o homem que me estava atender ficou com uma cara, tipo quem é que pede um lanche suculento cheio de queijo e logo a seguir uma barra de cereais e um sumo light. 

“ Isto é para uma amiga minha, não é para mim.” O homem continuou a olhar para mim e disse do género “Claro, claro.”    

“El, a Dani contou-te alguma coisa sobre ontem á noite? “ – Disse o Liam meio envergonhado e num tom baixo. 

“Disse só que tinha ido ao Karaoke com a tia e …“

“ E o quê!?”

 “ E que te tinha visto a cantar i believe i can fly.”

“ Ah?! O quê?! Ela disse-te isso!? El sabes que é perfeitamente mentira. Eu nunca na minha vida faria tal coisa. Nunca.” 

“Tem calma, estava a brincar ela só me disse que te tinha visto lá mais nada. Não fiques todo nervoso olha que depois aparecem-te uma brancas que te lixas.” 

Chegamos perto da Dani e dei-lhe o que me pediu, deu uma chinca na barra estaladiça de frutas e um trago no seu rico sumo light , estávamos entretidos a comer e a gozar com Liam imaginando ele a cantar i believe i can fly quando  toca para o “mini” teste de História.  

“Bora prá tortura, minha gente.” – Disse a Dani toda desanimada, mas só a maneira de ela dizer a frase fez-me desatar a rir.

Mal acabamos o teste fomos ao café, perto da escola, o Tropical. É lá onde nós nos costumamos encontrar aos fins-de-semana para estudar. Mas como é obvio com a Dani estudar e café não é a melhor junção logo nunca estudamos, por muito que digamos que vamos mesmo, mas mesmo estudar. Tomei um café e o Liam um capuchino, até me admirei por ela não pedir nada não é costume dela ficar a olhar em vez de falar com o rapazinho que nos servia.

 “Dani, então o que se passa? Nem falas com o rapaz.”

“Não é nada de grave, mas com esta voz até assusto o Luke!”- Agora é que foram elas, o quê que ela disse? Luke? Não.

“O Luke? O Luke Millem?”- Disse toda nervosa e num tom um bocadinho acima do normal.

“Sim amor, o rapaz dos teus sonhos estava mesmo á frente do teu nariz e tu nem o reconheces?” 

Mal cheguei a casa fui fazer o jantar, o meu pai é aquele tipo de homem que quando chega a casa senta-se no sofá a ver a liga Inglesa a jogar futebol. Eu não me importo de fazer o jantar e de por a mesa. Assim enquanto estou a cozinhar não penso no dia desastroso que tive. Hoje definitivamente foi o pior dia do ano, ainda bem que era só uma vez que acontecia. Decidi fazer carne assada e batatas para o jantar enquanto as descascava ouvi o telefone a tocar.

“Estou, quem fala?” – Disse eu num tom de cansaço e taciturno.

“Sou eu querida, era para avisar-te que vou chegar mais tarde.” – Era o meu pai e não tava nada contente por chegar mais tarde. Ele trabalha na policia no departamento de homicidios então ás vezes tinha de ficar até tarde.

“Ah! Está bem pai, mas eu já estou a fazer o jantar, quando chegares esta no forno. “

“Ok obrigada vê se te deitas cedo, ouviste?”

“Sim pai, até logo.”

  Bem fui ter com as batatas e com a carne que tinha no balcão e pus mãos á obra. Terminei de arranjar tudo em  quinze minutos, meti numa travessa e foi ao forno.

Enquanto a comida assava, estive a fazer os trabalhos de casa. Acabei num estante então decidi ligar á Dani a perguntar como estava e se queria sair hoje. Não saímos. Fiquei em casa a criar raízes. Não gosto de passar muito tempo sozinha principalmente á noite. Comecei a comer as batatas e estavam muito boas pra meu espanto, nunca fui boa a fazer assado mas hoje calhou bem talvez a única coisa que calhou bem.

Acabei de jantar, pus tudo na maquina de lavar e fui tomar banho, estava com a pele tão gelada que senti a diferença da temperatura da água na minha pele. O banho foi bom, relaxante, sequei o cabelo e quando olhei para o espelho vi que estava horrível. A minha cara estava branca e os meus olhos verdes estavam com raios vermelhos de forçar a vista, debaixo dos meus olhos estava cheia de olheiras de não ter dormido a noite passada, nada bem. Fui para o meu quarto e deitei-me na minha cama, comecei a pensar porquê que o Luke trabalhava no Tropical? E logo aquela hora, não tinha de estudar ou de ir jogar basebol? O Luke é o rapaz de quem eu estou apaixonada desde o nono ano, fomos sempre da mesma turma e ele sempre que falava comigo não era nada de especial mas algo nele me atraia muito. A Dani, já ela, fala com ele como se fossem amigos á já muito tempo. Eu não consigo ser como ela estabelecer logo uma conversa assim do nada, não tenho assim tanta lata. E também porquê que alguém como ele falaria com alguém como eu?

Será melhor parar de pensar no Luke ou então não vou dormir, outra vez. Virei-me para o lado da janela e comecei a ouvir a chuva a cair, e o vento a soprar cada vez mais forte então com os sons da natureza a embalar-me, acabei por adormecer.

Lei da VidaWhere stories live. Discover now