Despedidas

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- Noona?

A voz dele me trouxe de volta à realidade, embora eu ainda não tivesse certeza de que tudo aquilo era real.

Park Jimin estava diante de mim, em carne e osso.

- O-O que você...

- Você esqueceu desse aqui.

Ele me interrompeu, mostrando o laço vermelho que tinha em mãos. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, ele se aproximou.

Porém, num movimento rápido, eu me afastei, até estar a uma distância consideravelmente segura.

- Algum problema? - ele parecia confuso pela minha atitude.

- Problema? Jimin, como é possível você estar aqui? Eu vi você... - eu ia dizer "morrer", mas voltei atrás. - Você se foi, como pode estar aqui?

Ele me encarou, talvez surpreso pela minha pequena explosão. Mas como eu poderia reagir de outra forma? Era uma situação muito confusa.

Contudo, ele não me respondeu, apenas deu de ombros levemente.

- Eu senti sua falta. De vocês dois, na verdade. - ele coçou a parte de trás da cabeça, parecendo um pouco nervoso. Engoli em seco. - Eu sei o que houve com o Tae...

Levei uma das mãos até o meu peito, temendo que meu coração fosse parar ou sair pela minha boca a qualquer momento.

- Sim, e eu devia estar lá com ele, não aqui. - respondi, seca. - Adeus.

- Espera, Jin-Ah!

Estava prestes a partir, quando ele me gritou. Ainda estávamos distante um do outro, como se eu tivesse levantado uma parede de concreto para nos separar. Porém, Jimin não parecia intimidado com isso.

- Eu só quero conversar com você, por que está fugindo de mim?

- Porque você não é real! - gritei, minha voz ecoou por todo o espaço. - Você é só uma ilusão que a minha mente cansada criou, nada mais. Droga...

Eu estava gritando com uma ilusão. Ótimo, agora sim pareço louca. Ele se calou, me virei para ir embora e desejei que ele desaparecesse.

Embora parecesse com raiva, me sentia angustiada. Sempre quis acreditar que a morte dele não havia passado de um pesadelo, mas agora eu estava acordada e precisava encarar e aceitar a realidade. Jimin estava morto e jamais nos veríamos de novo.

- Jin-Ah.

Minhas mãos estavam prestes a girar a maçaneta da porta quando ele voltou a falar. Não pode ser.

- Não precisa ter medo de mim, noona.

Ele quebrou a distância entre nós, e logo me senti encurralada. Porém, ele não parecia querer me intimidar, apenas se aproximou. Ainda sem reação, eu fiquei em silêncio, esperando para ver qual seria a próxima atitude dele.

Eu não me mexi quando ele começou a ajeitar o laço vermelho no meu cabelo.

- Esse era o seu laço favorito. - observou, sorrindo ao terminar de me arrumar.

- Jimin... - eu disse, minha voz saiu tão fraca que mal pude reconhecê-la. - É você mesmo?

Ele envolveu meu rosto com ambas as mãos. Minha pele fria contrastava com o seu calor, eu podia sentir.

Ele sorriu, um sorriso tão largo que seus olhos se fecharam. Logo seus braços me envolveram e ele me abraçou forte.

Não era necessário dizer mais nada. Sabia que era ele ali.

Rain and Asphalt (KTH)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora