Visita

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O frio do ar condicionado do hospital se chocou contra o meu rosto no instante em que passei pela porta.

Os pacientes, nem um pouco abalados pela minha chegada, voltaram a esperar por um atendimento enquanto assistiam um programa qualquer na TV.

- Boa noite, senhorita. Posso ajudá-la?

A voz da atendente cortou o silêncio de repente. Percebi que ela falava comigo, então tratei de caminhar em direção ao balcão onde ela estava.

Ela pareceu perceber que eu estava perdida demais para sequer dizer o motivo de eu estar ali, então começou a me fazer perguntas.

- Veio para uma consulta? - neguei. - Ah, então veio visitar alguém?

Senti um frio na espinha. Toda aquela situação estava me dando náuseas, mas assenti levemente.

- K-Kim Taehyung. A irmã dele me disse que ele estava aqui, no segundo piso...

Tentei passar à atendente todas as informações que havia conseguido de Hanna. Ela digitou algo no computador e um sorriso iluminou seu rosto ao achar o que queria.

- Sim, ele está no segundo andar, último quarto do corredor. Por enquanto ele não pode receber visitas, mas o médico que o atendeu vai mantê-la informada sobre tudo. - ela me deu um papel com o número do quarto. - Você tem certeza de que está se sentindo bem, senhorita?

Mesmo com o meu aceno positivo, a atendente se virou para buscar um copo d'água para mim. Eu apenas aceitei sem dizer nada e fiz uma reverência.

Ainda em silêncio, eu me despedi, pronta para me aventurar pelos corredores brancos do hospital. Ou pelo menos era essa imagem que eu queria passar.

Eu estava um completo caos. Definitivamente não estava pronta para aquilo tudo.

Mesmo com a mente em um estado de completa desordem, eu segui em frente até enxergar uma figura baixa e magra que matinha o rosto entre as pernas, apertando-as como se sua vida dependesse disso.

- Hanna.

Ouvir a minha voz bastou para que ela saísse de sua zona de conforto e corresse até finalmente me abraçar.

- U-Unnie, eu...

- Não diga mais nada. É o suficiente. - deslizei meus dedos por seus fios castanhos, tentando transmitir segurança.

Minutos se passaram, onde Hanna apenas chorava enquanto me trazia cada vez mais para perto de si. Ela estava desesperada, e o que mais me machucava era não poder fazer muito para tranquilizá-la.

Ela se afastou para buscar ar e seus olhos se arregalaram, fixos em um ponto atrás de mim.

Me virei lentamente, dando de cara com dois policiais.

Hanna empalideceu, seu lábio inferior tremia enquanto ela lutava contra uma evidente vontade de fugir.

- Você é Kim Hanna? - o timbre grave da voz do policial me tirou de meus devaneios e a jovem ao meu lado parecia ainda mais assustada.

- Sim, é ela. - tratei de responder, visto que a própria Hanna não se encontrava em condições de fazê-lo.

- Queremos conversar sobre o que ocorreu com o seu irmão, Kim Taehyung.

- E-Eu não quero falar com vocês. - ela segurou meu braço com força.

Os policiais pareceram contrariados, então eu intervi.

- Olha, ela não está em condições de dizer nada. Tudo acabou de acontecer, acho melhor dar um tempo à ela e...

- E quem seria a senhorita? - o mesmo homem de voz grave tornou a falar, me interrompendo. - Não é da família, suponho.

Rain and Asphalt (KTH)Where stories live. Discover now