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— Ainda não entendo você.

— Eu já disse, eu não vivo sem café.

— Mas você é dentista! Isso não é errado?

— Errado seria se eu não tomasse café. Que pecado!

— Ótimo, estou sustentando um viciado hipócrita.

— Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

— Aqui, seu americano duplo, doutor Kim.

Era uma manhã agradável de outono, Taehyung estava na sua cafeteria preferida antes de ir para o trabalho. Além de ir alimentar seu vício, ele tinha mais um motivo para ir a aquele local todos os dias. O dentista fez amizade com aquele simpático barista, sempre que podia, antes e depois do trabalho, passava na Magic Coffee para conversarem na companhia de sua preciosa cafeína.

— Já disse para não me chamar assim. — resmungou saindo da fila com seu pedido. Hoseok mandou um outro funcionário ficar no seu lugar e saiu de detrás do balcão.

— Eu gosto, te faz parecer um homem sério. — riu sentando na frente de Taehyung que já ocupava uma mesa. — Olha, Jimin queria te mostrar isso. — o Jung mostrou a tela do celular.

Era uma foto do garotinho, ele estava sorrindo para a câmera mostrando suas janelinhas. Hoseok falou que caíram dois dentes de uma vez. Taehyung achou incrível o menino não ter esquecido dele depois de meses, achava adorável aliás.

Na verdade, nem era tão incrível assim. Taehyung conseguiu o que queria, ele e Hoseok se tornaram amigos. Passou a saber mais sobre o ruivo, este que era apenas um ano mais velho do que ele. O Jung disse que quis se tornar barista após uma pessoa dizer que seu café era bom, motivo bobo, mas foi responsável por ele conseguir fazer o que ele gosta de verdade. Não só gosta como também é bom no que faz, ele possui prêmios de concursos que participo e até ficou em primeiro lugar no concurso nacional de baristas. O Kim ficou impressionado com esse feito, ainda mais por nem saber que isso existia.

Descobriu também que Jimin é filho de sua irmã gêmea, Dawon, que é mãe solteira. Taehyung pensou no quão difícil seria ser mãe como ela, naquelas condições, tão nova e foi abandonada pelo namorado que não quis assumir nada. Hoseok lhe disse que lembrava bem das palavras de sua irmã, ela falou que não precisava de um homem para lhe sustentar e assumir um filho porque não seria pela falta de um pai que aquele belo menino, que é hoje, sofreria e deixaria de crescer bem. Taehyung sentiu vontade de conhecer essa pessoa que se mostrava tão forte, ele admira muito pessoas como Jung Dawon. E também adorou ver e admirar o sorriso orgulhoso que o barista mostrou ao falar dela.

Taehyung adorou saber de seus gostos pessoais e se aproximar do Jung. O dentista o deixou entrar aos poucos na sua vida, compartilhando suas histórias e experiências — mesmo que poucas —; gostos e problemas, assim como Hoseok fez. Uma troca justa de informações, nada demais, apenas um relacionamento se desenvolvendo.

— Como se sente hoje?

— Realmente faz questão de perguntar isso sempre? — Taehyung falou rindo.

— Claro, eu me importo.

— Eu estou bem, como sempre tudo bem controlado. — respondeu e encarou Hoseok que o olhava terno.

Os dois desviaram o olhar, sorrindo para um ponto aleatório que não fosse os olhos um do outro. Essas trocas de olhares ficavam cada vez mais frequentes, aquela sensação quente no peito também. É tão bom, Taehyung pensava e se perguntava se para Hoseok era do mesmo jeito, no fundo queria muito que fosse, que pudessem compartilhar da mesma sensação, mas não se incomodaria de senti-la sozinho, por hora.

Sobre romances clichês e doses de café || vhopeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora