Capítulo Dezesseis

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O som da chuva lá fora era o que quebrava o silêncio. Pensei em Luke como uma criança sentindo a rejeição do pai. Por isso ele era assim? Imaginei como me sentiria se tivesse crescido sabendo que meu pai me escondia e renegava e estremeci horrorizada. Naquele pequeno momento percebi a grandeza do que é se sentir amado. Meu dedo apertou sua cicatriz, uma bolinha negra que carregava tanto sofrimento, e o deixei ali, até mesmo quando minhas pálpebras começaram a pesar. Mas você é bom, Luke, eu sei que é. Lembrei dos acontecimentos daquela noite, de nós dois na moto, dele me arrastando para fora do meu pesadelo na chuva...

- Você me chamou de Julia. – falei, sonolenta. Estava realmente difícil manter os olhos abertos.

- Chamei. E eu gostei como soou. – ele respondeu simplesmente, e foi a última coisa que ouvi antes de adormecer.

Eu sonhei a noite toda

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Eu sonhei a noite toda. Com a festa na escola, com meus pais, com a briga e, principalmente, com Luke Hemmings. Meu subconsciente se esforçou bastante para reproduzir as sensações que ele havia despertado em mim, repetindo tudo uma e outra vez.

Acordei com o mundo balançando. Pisquei atordoada, querendo saber onde estava.

- Hora de dar o fora, Evans. – Luke. As memórias da noite passada me invadiram da cabeça até as pontas dos pés. Eu comecei a corar, mas ele me empurrou para sair debaixo de mim.

- Onde... O quê... por que fez isso? – reclamei, sentando.

- Eu quero minha camisa de volta. – foi a resposta dele. Estava sentado na ponta da cama, meio de costas para mim.

Bocejei, ainda sonolenta, depois o olhei. Luke parecia alguém que acabou de descobrir que fizeram xixi no seu cereal.

- O que diabos deu em você? – perguntei, puxando o lençol para me cobrir até a cintura. Eu havia resgatado a blusa dele do banheiro para dormir.

- Eu só quero ir embora.

Oh, droga, há algo errado. Senti meu corpo gelar. Joguei a coberta para o lado e fiquei em pé. Encontrei meu macacão no chão e fui para o banheiro. Lá, apoiei as costas na porta e tentei, com muita força, não chorar.  O que eu fiz de errado? Será que... oh, meu Deus. Deixei a porta e sentei na privada, colocando o rosto nas mãos. Repassei a noite passada na minha mente, para mim havia sido... Deus, não havia palavras, mas Luke... Qual o problema dele? Ele parecia bem satisfeito enquanto a gente... Então eu entendi, e foi como se todo o sangue do meu corpo tivesse desaparecido.

É claro que ele gostou, era tudo o que ele queria, não era? Pisquei, a queda na realidade levou até mesmo minha vontade de chorar. Burra, burra, burra! Como você não percebeu? Toda aquela aproximação, todo aquele papo, o emprego no Comic’s, tudo era parte do joguinho dele para chegar naquele ponto. Luke havia depositado seu tempo e energia, em todos aqueles dias, para me levar para a cama. Poderia até mesmo ter sido uma aposta com seu amigo idiota. Eu queria me chutar, muitas vezes. É claro, agora que ele havia conseguido o que queria iria me tratar como se eu fosse uma... Leicester. Eu queria bater nele, queria tirar aquele sorriso debochado de sua cara. Apertei as mãos em punhos. Ok, Jay, apenas finja que não foi importante para você também. Serão só alguns minutos e depois você provavelmente não voltará a ver aquele...

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