Capítulo Três

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Rivers havia mandado que conseguíssemos quartos em hotéis diferentes, com alguns quarteirões de distância. Aquela era uma cidade pequena, a polícia poderia detectar algo com mais facilidade.

Meu prédio era um tanto decadente, mas no limite do que se pode chamar de conservado. O quarto precisava ser repintado e a mobília se resumia a uma poltrona com manchas misteriosas, uma cama de casal que ocupava quase todo o espaço, uma mesa de luz e uma cômoda de madeira clara. O charme ficava a cargo da parede leste, que trazia um janelão, dando vista para o prédio ao lado. A cortina, que contribuía para alguma privacidade, era um tecido pesado e empoeirado.

Havia viajado com minha guitarra e uma bolsa pequena, com apenas algumas trocas de roupa, já que o serviço seria rápido. Ashton receberia as instruções, faríamos o que tivéssemos que fazer e, em dois dias, eu estaria longe daquela cidade e dos Leicester.

O velho está velho, pensei, me esticando na poltrona. Eu o chamava de velho desde que conseguia me lembrar, era melhor do que pai, mas o sr. Leicester tinha menos de trinta anos quando engravidou sua mulher e minha mãe. Mesmo assim, não importava, nas raras vezes em que eu o via ele sempre estava de terno, resolvendo algum problema e rodeado de senhores. Mas aquela visita me fez ver que era oficial, ele estava velho. Havia ganhado peso, estava com a pele mais flácida, olhos cansados e o cabelo que costumava ser loiro agora passava a ser cinza. Talvez eu pare de tingir o meu de preto, agora.

O celular vibrou no meu bolso, me distraindo.

- Olá, querida – cumprimentei.

- Meu quarto é tão pequeno que posso mijar estando sentado na cama. – Ashton falou do outro lado da linha.

- O meu não é melhor. – olhei para a porta do banheiro, espremida entre a cama e a cômoda.

- Passei por aí depois de alugar o carro. Bati até que sua vizinha de porta ameaçou jogar água fervente em mim. Onde você estava?

- Ganhando uns trocados dos babacas locais.

- Quer dar uma volta? Não acho que Rivers vá ligar ainda hoje. – eu podia ouvir a água do chuveiro caindo através do telefone. – Merda, isso não vai esquentar nunca?

- Você vai tomar banho com água quente? Nesse calor dos infernos?

- Hemmings, você sabe o que a água fria faz com nossos companheiros. – o barulho do chuveiro ficou para trás.

- Se o seu diminuir mais, ele desaparece.

- Você é um filho da mãe que se acha muito engraçadinho, não é?

Agora eu o ouvia batucar em alguma coisa. Ashton não podia carregar sua bateria nas viagens, mas levava as drogas daquelas baquetas para todos lados. Bom, eu não podia reclamar, minha guitarra também me acompanhava sempre.

- Você acha que vamos encontrar um bom lugar nesta cidadezinha? – perguntei.

- As melhores joias ficam escondidas, nunca te falaram isso? – eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

Aquilo era verdade, garotas bonitas existiam em todos os lugares, mas as das cidades pequenas eram mais dispostas com os turistas.

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