Capítulo Vinte e Quatro

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O lugar chamado The Vine era pior do que eu esperava. Tudo bem, o espaço era maneiro, mas estava cheio de crianças e não havia nada com álcool no bar. Foda-se, eu não estava ali para ficar bêbado.

Dei uma volta pelo lugar, me sentindo no jardim de infância com todas aquelas cabeças batendo no meu ombro. Definitivamente eu era o mais alto e mais velho por ali.

Ocupei um dos lugares no bar, com uma boa visão da entrada. O barman tentou me vender algo, mas neguei com um aceno de mão. Conferi a hora no meu jaeger-lecoultre recém-adquirido. Ainda era cedo, mas esperava que os dois não fossem demorar muito, por ser dia de semana.

Percebi um grupo de garotas me lançando olhares e sorrisinhos. Todas pareciam ainda mais novas que Julia. Se a polícia baixar aqui vai me acusar de pedófilo. Que merda eu estou fazendo em um bar para menores de idade? Minha cabeça girou para o lado sem minha permissão, em um daqueles momentos em que sentimos alguém nos olhando. Encontrei meu par de olhos favoritos.

Nos encaramos por um minuto, então passei a avaliá-la. Julia usava um vestido preto e branco de renda. A parte superior cobria o necessário, mas eu podia ver sua pele exposta mesmo com a distância. A saia ia até o meio dos joelhos. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo e simples. Ela usava brincos e pulseira, o que não era comum.

Estava a ponto de sorrir, aprovando o que via, mas então notei Patrick ao seu lado. O garoto não havia me visto. Ele pegou a mão de Julia e a levou para a pista de dança.

A música que estrondava meus ouvidos era uma batida complicada, cheia de efeitos. Observei Julia mover seu corpo no ritmo, parecendo meio hesitante. Patrick sorria e a incentivava. Ele estava totalmente solto, se movendo com naturalidade e confiança. Na segunda música, o imbecil começou a ganhar confiança, ao ver Julia mais à vontade. De vez em quando, tentava segurá-la pelos ombros ou pela cintura, mas Julia o afastava. Quase não consegui me manter no lugar. Meu maxilar começou a protestar, em algum momento, por o estar apertando com muita força.

No fim da quarta música, Julia se inclinou para falar algo no ouvido de Patrick. Ele concordou com a cabeça e ela desviou das pessoas para chegar ao bar, o mais longe de mim quanto possível. O barman lhe passou uma latinha de refrigerante. Ela a abriu e deu um longo gole. Eu detestava refrigerante, mas poderia apostar que teria um gosto muito melhor na boca dela.

Julia se virou, me lançando um olhar feio, claramente não esperava me ver ali. Pisquei para ela e sorri. Pensei em me aproximar, mas o estorvo apareceu, puxando ela de volta para dançar.

- Você não parece estar se divertindo.

Desgrudei o olhar de Julia e encontrei um decote absurdamente profundo. O vestido tinha que estar, de alguma forma, preso ao corpo dela para que seus peitos não pulassem para fora. Ergui os olhos. Rosto oval, nariz fino, maçãs proeminentes, olhos marrons, cabelo cor de cobre. Cacete, ela era linda.

- Esse não é meu habitat natural. – respondi, sorrindo.

- E o que faz aqui?

Dei de ombros.

- Quis variar um pouco.

- Sorte minha. – a ruiva ocupou o lugar ao lado e cruzou as pernas bronzeadas. – Gostaria que esse também não fosse meu habitat, nada interessante.

- Deixa eu adivinhar. Ainda não tem vinte e um. – estava na cara que não. Deveria estar entre os dezoito e dezenove.

- Infelizmente. Não vejo a hora de ir para festas de verdade. – ela me olhou e sorriu. – Talvez eu possa entrar em algum lugar mais animado, com você.

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