Somente Paixão - Capitulo XVI

457 35 12
                                    

O portão foi trancado, Henry olhou para Gabriel que estava colocando o boné. O sol estava batendo diretamente nos olhos deles. O caminho até a casa de Ryan não era tão longe, era apenas algumas casas após a dele. A rua estava vazia, quieta. As crianças que brincavam na casa da frente não estavam mais lá. Somente a bola no jardim, em um canto da cerca feita de madeira. A arvore onde o pássaro cantava minutos atrás também está vazia, ele tinha ido embora. Um-lindo-pássaro. Pensou Henry. Mas somente ele tinha presenciado a beleza daquele lindo pássaro com um canto esplendoroso.

Era uma tarde quente. A cada medida que eles iam andando parecia que o calor aumentava ainda mais. Provavelmente. Pois estando eles em movimento iriam sentir cada vez mais calor. Ao longo do caminho, Gabriel e Henry iam passando por tudo que sempre passavam todas as tardes. Tinha sempre uma banca de jornal, em uma rua próxima a rua de Gabriel. Nela sempre estava uma senhorinha que ao ver os dois garotos passarem, dava um belo sorriso para eles. Henry sempre a cumprimentava carinhosamente.

Andavam um ao lado do outro. A calçada estava quente, a tarde estava quente. As arvores se sacudiam desesperadamente por agua. Coisa que não estava prevista para os próximos dias. Logo eles chegaram na pracinha. Tinha 5 crianças brincando. Uma estava remexendo na areia.

Gabriel olhou para o céu, olhou para as poucas nuvens que tinham naquele manto azulado. Queria ele imaginar que sempre olharia para o alto e veria aquele manto acima dele, sempre ali, imóvel e lindo. Mas para ele tudo ultimamente estava tão lindo que parecia a última vez em que veria aquilo tudo. Depois de olhar para o alto ele passou a mão na cintura, as levando pelo corpo até chegar no pescoço. Passou ela pela nuca. Sentiu uma sensação estranha. Um calafrio que ele nunca tinha sentido quando passava a mão na nuca. Ele virou-se para o lado e viu Henry, caminhando com as mãos dentro dos bolsos frontais da bermuda.

Henry olhou para Gabriel e abriu um sorriso tristonho, mas lindo. Ele sabia misturar ao duas coisas em uma só. Tristeza e perfeição. Tudo em Henry estava diferente naquela tarde. Os olhos deles brilhando intensamente. Aqueles olhos negros transmitindo uma paz que Gabriel não encontrava nele mesmo. Por que uma pessoa tão boa como Henry teria que passar por aquilo tudo? Gabriel não estava achando justo deixar com que Henry continuasse nessa vida de sofrimento por causa dele. Ele queria achar um jeito de não continuar mais com isso. Ele sabia qual era o destino dele, a morte, e não deixaria Henry passar por mais uma perda.

Assim que chegaram em frente à casa de Gabriel, ele quis dá uma passada na casa dele para falar com a mãe. Quis saber de Henry se ele se importaria de esperar um pouco. Henry fez que não. Estava apoiado com os cotovelos na cerca de madeira. Ficou chutando uma parte da grama que crescia nas extremidades da calçada. Henry quis ficar ali esperando Gabriel, talvez ele quisesse logo acabar com essa agonia de Gabriel o mais rápido possível e mostrar para ele que Ryan estava tranquilamente são e salvo na casa dele. Ficou olhando Gabriel entra na casa, deixando a porta aberta.

Henry olhou para a rua, o sol tinha se movido um pouco. Já passavam das 16:00. Somente agora ele continuava a deixar o clima mais agradável. O calor tinha diminuído. Um homem passou na rua, de bicicleta. Tinha um chapéu de palha na cabeça. Calça jeans velha e rasgada, e uma camisa preta. Henry caminhou e sentou-se no degrau da entrada da casa de Gabriel. Apoiou os cotovelos no joelhos e deitou o queixo sobre as mãos. Por um instante, Henry teve a impressão de ver uma luz no meio de algumas árvores com ela algo meio incomum, penas. Ele levantou-se, porem a luz sumiu, deixando apenas as arvores solitariamente na calçada. Ele sentou-se novamente e passou a mão nos joelhos.

De onde Henry estava dava pra ver a ponta do telhado da casa de Ryan. Tão próxima. Perto o bastante para ele sentir que nada estava normal. Que nada ficaria normal a partir daquela tarde. Henry queria que seu instinto o enganasse apenas uma vez. Aquilo que ele estava sentindo, mostrava que Ryan não estava bem. Ele sempre teve esses pressentimentos estranhos. E sempre eram verídicos e traziam uma tragédia. A pior sensação foi na morte da mãe e da irmã.

OS CONJURADORES - A MALDIÇÃO - LIVRO 1Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt