Capítulo 21.

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Olá minhas riquezas!

Espero que tenham uma boa leitura.

Beijinhos.

21ºCapitulo

Melissa narrando:

Se eu falasse que não estava nervosa estaria mentindo, pois o meu salto preto batia freneticamente nos blocos no chão perto da empresa de Richard e o meu coração parecia que algum momento me saltaria pela boca.

Porque me encontro aqui? Simples, Richard não poderia descobrir que eu vivia num prédio a cair na parte pobre da cidade, novamente afirmo que sou grata por ter um tecto onde dormir e comer junto da minha irmã, mas não é o palácio que eu sonho em mostrar ao homem que eu pretendo conquistar.

Deus me perdoe.

Apesar de Richard saber que fui deserdada da herança Garcias, não precisava saber que eu fui burra o suficiente para não guardar dinheiro algum.

Então dei uma desculpa a Richard que o meu salão de beleza era perto da sua empresa e que ele me poderia buscar no primeiro salão que me veio em mente. Ou seja mais uma mentira nesta bola de neve.

Meu telemóvel vibrou na minha mão e eu confirmei sendo uma mensagem de Richard avisar que já se encontrava o outro lado da estrada. Um sorriso tomou os meus lábios e senti o meu estômago revirar em expectativa e curiosidade a onde este jantar nos levaria. Talvez um restaurante chique ou um pub? Ou, espero eu, na sua casa.

Ergui a cabeça vendo Richard perto de um carro de cor metálica enquanto olhava para os dois lados da estrada antes de atravessar a mesma a correr. Seu sorriso era reservado e o seu olhar subiu disfarçadamente, mas não tanto assim, das minhas pernas até aos meus lábios pintados.

" Olá, Melissa." Senti as minhas mãos tremerem então agarrei a minha bolsa discretamente para não ser notada por ele.

Senti que Richard ansiava por algo pela forma como a sua mão se levantou um pouco, no entanto ele a recolheu com um sorriso de constrangimento. Mas eu cheguei-me a frente inclinando-me nos meus saltos e beijei o seu rosto suavemente deixando um sorriso assim que me afastei.

" Boa tarde, Richard." Minha mão afastou o cabelo que balançava cravando o meu olhar no de Richard que parecia ter um ar surpreso e apreciador. " Muito trabalho hoje?"

" Não é desculpa para tal atrasado, mas um cliente chinês me prendeu até a ultima. Sabes como são os chineses." Libertei uma pequena gargalhada assentindo. " Bom podemos ir? Está frio e sinceramente estou louco por uma boa refeição." Senti meu rosto queimar por pensar em segundas intenções nas suas palavras.

Rapidamente Richard pegou delicadamente na minha mão com um sorriso puxando-me em direcção à rua até ao seu carro. Daqui a pouco saberia o local do nosso tão esperado jantar.

ᵜᵜᵜ

Ouvia-se ao longe o som de algumas musicas misturadas, e sentia-se o cheiro a algodão doce no ar. Franzi o cenho escondida pelo meu cabelo enquanto Richard conduzia no silencio do interior do carro.

" Bom, chegamos à primeira etapa do nosso encontro." Seu tom de voz era risonho enquanto ouvia o barulho do cinto de segurança.

Olhei para o meu lado direito vendo pequenas casas azuis todas iguais que não sabia como as pessoas que lá moravam não se confundiam à noite ou até mesmo durante o dia. Não via nenhum restaurante ou até mesmo um café, sentia-me a ficar nervosa e chateada.

" Onde vamos?" minha voz ficou rouca pelos nervos e apertei a bolsa entre os meus dedos chateada por estar a perder o controlo da situação.

Isto era para ser um jantar! E não aquilo que eu estou a pensar.

" Já vais ver." Richard abriu a porta com um sorriso de menino enquanto eu bufei profundamente antes de sair.

Assim que abri a porta, gritos animados e excitados de crianças foram ouvidos enquanto musicas saiam por megafones misturando-se em confusão que mais ninguém sabia que musica cantar. Nos estávamos perto da feira popular da cidade! Oh não.

" Espero que gostes um pouco de diversão." Richard pegou solenemente na minha mão apertando-a entre as suas.

" Gosto." Um sabor metálico picou na minha língua e eu sentia as minhas pernas tremerem.

" Otimo."

Richard nem esperou que chegássemos à passadeiras e atravessou a estrada com rapidez e ansiedade. Mas este homem tinha quase trinta anos ou ainda tinha doze? Ouvia a engrenagem dos carrosseis e os gritos animados das pessoas que neles estavam sentados sentindo o terror instalar-se no meu organismo. 

Havia uma montanha-russa, um jogo de argolas, um carrossel chamado tornado, um formula 1 e alguns carrosseis para os mais pequenos.

" Porque que me trouxeste aqui?" gritei aproximando-me do seu pescoço fazendo-o olhar para mim com um sorriso nos lábios. Como ele podia sorrir quando eu estava aterrorizada?

" Todos os anos os meus pais traziam-me a mim e a minha irmã à feira. Era o único dia que tinha os meus pais só para mim, o meu pai não pensava nos casos das outras pessoas, a minha mãe não queria esconder-se num dos seus retiros espirituais e e eu e a minha irmã estávamos feliz." Richard encolheu os ombros olhando para a frente.

Partilhava a mesma infância que Richard e isso suavizou o meu terror. Meus pais nunca paravam em casa para me dar atenção, então vivia de babá para babá até que uma me agrada-se por algum tempo. Até que nasceu a minha irmã, minha mãe por conta da gravidez não podia andar tanto de cidade em cidade então o meu pai ia sozinho deixando a minha mãe para mim. Foram os meses mais felizes da minha vida.

" Compreendo perfeitamente." Abaixei um pouco o olhar quando Richard olhou para mim com intensidade. " Apesar de tudo sinto falta dos meus pais."

Assunto pais ainda era doloroso para mim, e então família nem se fala. Uma tia gananciosa e um primo burro e imaturo, tios que nunca me deram atenção e um avô que supostamente me deixou no chão desamparada.

" Bom, o que vamos fazer aqui?" perguntei na sua frente e de costas para as diversões.

Podia ouvir o grito da rapariga do carrossel atrás de mim e podia ver o seu corpo voar por cima da minha cabeça e o seu sangue manchar o chão. Abanei a cabeça desnorteada. Não devia ter devorado aquele livro numa só noite. O homem de giz.

" Estava a pensar em andar em algumas diversões e comer por aqui." Richard deu de ombros com um sorriso de criança que senti o meu coração apertar por ter de lhe tirar essa carinha.

Lançei-lhe um sorriso forçado e olhei por cima do meu ombro desconfortável. O pânico de alturas era real na minha vida e só de pensar em ficar sentada naquelas coisas sem segurança alguma formigava o meu corpo todo.

" Há algum problema?" Richard colocou a sua mão no meu queixo puxando-me o olhar para si e pode ver o seu rosto realmente preocupado.

" Eu..." engoli em seco aproximando-me um pouco dele. " Eu tenho medo de alturas. As diversões são assustadoras para mim." Afastei-me de uma criança que trazia na sua mão um algodão doce meloso.

Richard abriu a boca surpreso e pode ver o arrependimento mostrar no seu rosto.

" Peço desculpa, Melissa. Não fazia ideia." Sua mão passou no seu cabelo. Nunca pensei ver Richard tão desconcentrado. " Bom, podemos jantar em minha casa."

" Não quero estragar os teus planos." Lancei um meio sorriso abraçando-me. Estava pronta para fugir.

A mão de Richard puxou a minha cintura contra si fazendo-me sentir o seu calor humano, não percebi o que Richard queria, mas estava pronta para o que viria. Com a outra mão Richard puxou a minha cabeça até ao seu pescoço abrigando-me num abraço confortável mesmo no meio da confusão e gritaria.

" Não te quero magoar, Melissa." O seu respirar batia na minha nuca provocando vários arrepios pelo meu corpo. Afastei-me um pouco ficando a poucos centímetros do seu rosto. " Vamos para casa."

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