- Apesar dele morrer de ciúmes de você, ele te vê como um filho.

- Eu nunca vou ser capaz de retribuir tudo o que sua família tem feito por mim e pela minha mãe desde que chegamos em Hills. Eu vejo em vocês a família que nunca tive. Além de que você e o Johnny sempre estiveram ali comigo, desde o começo quando eu tinha medo de me apegar as pessoas e no fim ser abandonado. Como ele fez.

- A melhor coisa que eu e o John fizemos foi termos te perturbado até você aceitar brincar conosco aquele dia. Depois dele foi se tornando frequente.

- Até o dia que você me consolou. Você tinha seis anos e falou coisas tão bonitas, você era uma coisinha minúscula e extremamente fofa, apesar do seu jeito moleca. Eu nunca me esqueci daquele momento, foi quando eu percebi que podia confiar em você.

- Você tinha dez anos.

Me sento para poder olhar melhor em seus olhos. Aquele dia foi especial.

- Eu via você e o Johnny como os irmãos que nunca tive. Quer dizer, o John eu ainda vejo como um irmão... Já você, bom, seria estranho se eu dissesse que te vejo como irmã.

Mike tem o dom de deixar tudo mais leve e tranquilo, desde que eu o conheço, sempre me senti assim com ele.

- Eu via você como uma irmã até seus quinze anos.

- Nós crescemos e as coisas mudaram.

- Eu não te vejo mais como irmã, porque agora eu te vejo como a mulher da minha vida, minha futura esposa, a mulher que eu quero para ser mãe dos meus filhos.

Se eu fosse sensível como a minha mãe, eu com certeza choraria nesse exato momento. É a declaração mais linda que eu já ouvi. Apenas por vim do cara que eu amo já a torna perfeita.

- Entenda que você nunca vai estar sozinho e nunca vai ser abandonado pelas pessoas que te amam de verdade. - Repito as palavras que disse a onze anos atrás, na noite que eu ganhei sua confiança mesmo sendo uma pirralhinha. Mike sorri junto comigo, agora vem a melhor parte: - Mimi, o seu pai é um boboca que não merece o filho lindo e fofo que tem. Se eu o visse na minha frente acertaria um chute aonde eu alcanço.

Aonde eu alcançava, na época, já é de se imaginar.

- Palavras sabiás. - Ele diz.

- Eu ainda penso da mesma forma. Seu pai é um otário que não merece o filho sensacional que teve, ele se arrependeria se visse como você está agora. De dar orgulho.

O abandono que o Mike sofreu quando era apenas uma criança mexeu muito com ele, ainda é uma insegurança que existe nele até hoje. Eu nunca vou perdoar o pai dele por isso.

- Eu nunca vou te abandonar, Mimi. - Finalizo minha fala de seis anos. - De verdade, eu disse isso a onze anos atrás e repito até hoje. Jamais te abandonarei, Mike.

- Então você me ama? - Ele diz, ainda relembrando aquele dia. Empurro-o da mesma forma que fiz antes.

- Acho que sim, não sei. A mamãe sempre disse que isso é uma palavra forte demais.

- Amar é quando você aceita outra pessoa como ela realmente é, você quer fazer de tudo para ver essa pessoa feliz. É colocar as necessidades dela acima das suas. É querer estar sempre com ela e protegê-la. Um mínimo sorriso dessa pessoa pode significar o mundo pra você.

Apesar de ter apenas seis anos quando escutei isso do Mike, essas palavras se impregnaram no meu cérebro. Anos atrás eu aprendi o significado de amar com o Mike e agora aprendi a amar com ele.

- Então eu acho que te amo. - Sorrio olhando para os seus olhos e depois para a lua. - Porque eu sinto tudo isso ai.

Mike sorri, assim como fez naquele dia. Então ele tinha me abraçado com todo cuidado para não me machucar.

Amor MalucoWhere stories live. Discover now