Capítulo 7

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As aulas começaram e meu primeiro professor foi um homem que eu já conhecia. Pedro. O boy do meu pai seria meu professor. Eu até gostei de ver um rosto conhecido. E ele me reconheceu.

— Oi Daniela, que conhecidencia grande não?

— Pois é, que bom que pelo menos um dos professores eu conheço.

— Sim... Quando ver seu pai mande um abraço a ele e diz que estou com saudades. — Ele pisca quando termina de falar. Aquela fala me fez entender que meu pai havia ficado com ele e agora que Augusto estava outra vez no Brasil já não iriam se ver mais, ou eu poderia estar totalmente errada, mas precisava acreditar nisso.

Eu não queria ver o Augusto triste. Por mais que eles tenham esse tipo de relacionamento aberto eu não queria que ninguém sofresse, ainda mais agora que estava apaixonada. Parecia que eu estava entendendo todos os amantes do mundo, e torcendo para que cada um deles tivesse o seu final feliz.

Não sei o que estava acontecendo ao certo entre eu e Manú, mas nós estávamos ficando todos os dias, e dormíamos na mesma cama como se fossemos casadas. Estava tudo perfeito. Eu tinha uma melhor amiga, que ainda por cima me proporcionava muito prazer. Estava em uma bolha de felicidade. Tudo finalmente perfeito.

Na faculdade os dias foram passando e as aulas eram cada vez mais difíceis. Odontologia não é brincadeira não. Quase não dava tempo para conversar com ninguém.

Meus dias começaram a ser iguais. Praticamente enfiada dentro de livros. Fazendo anotações e descobrindo como a boca de alguém pode ficar ferrada.

Manú não cursava a mesma coisa que eu. O curso dela era de fonoaudiologia. Sendo assim quase nunca nos encontramos no campus, e os horários começaram a se tornarem muito diferentes. Isso fez com que a gente se distanciasse um pouco, mas como não estávamos exclusivas, e nem namorando formalmente, não foi algo que me fez sofrer. Sempre que podíamos ficávamos juntas e por mim estava ótimo. Estava finalmente fora do tradicionalismo e pela primeira vez na vida sentia paz interior. Claro que eu procurava não pensar nos demais assuntos, pois eu tinha certeza que se começasse a pensar eu voltaria com todas minhas paranoias e não seria legal.

No fim do primeiro ano do curso, quando ela estava para ir para a casa dos pais para curtir as tão merecidas férias, conversamos seriamente e fui pega de surpresa com uma novidade nada agradável.

Antes ela preparou um jantar especial. Não tinha velas e nem flores, mas ela não era desse tipo de pessoa, então eu ainda acreditei que seria uma breve despedida romântica e acabaríamos a noite com orgasmos, mas...

— Dani, eu preciso dizer uma coisa. Espero muito que você não fique chateada e muito menos sofra.

Ela falou assim que me serviu de um belo pedaço de sua lasanha maravilhosa.

— Pode falar. Você sabe que não existe uma coisa que me faça ficar chateada com você. — Mais uma vez mostrei ao universo o quanto eu era imatura.

— Tem uma garota no meu curso, o nome dela é Marcela, que a alguns dias me chamou para sair.

— E o que tem?

— Eu fiquei com ela. Estou apaixonada por ela, e uma coisa levou a outra e a dois dias ela me pediu em namoro. Eu aceitei. Ela é da mesma cidade que eu e estamos indo juntas para casa. Eu sei que deveria ter te contado antes, e sei que você merecia saber de tudo desde o inicio, mas me falou coragem. Me perdoe.

Meu mundo caiu... Eu estava apaixonada por Manú. Nunca neguei isso a mim mesma. Ela havia me mostrado o mundo de uma outra perspectiva e eu sempre seria grata a ela por isso. Gostava de ficar com ela sem um compromisso sério, mas não negarei que sempre esperei que ela me falasse que queria namorar comigo. Mas agora ela esta ali parada na minha frente dizendo que esta apaixonada por outra garota e que é namorada dela...

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