Capítulo 4

45 9 0
                                    

A sensação do meu primeiro beijo foi no mínimo estranha. Quando apenas vemos em filmes parece tão colorido, tão romântico com aquelas músicas maravilhosas fazendo fundo, e na vida real não é nada parecido, mas no fim eu aproveitei o momento. Agora se você me perguntar o porquê eu ainda não havia beijado antes a minha resposta provavelmente seria: Porque não. Mas não se enganem, eu sempre corri dos garotos, alguns tentavam me conquistar, mas eu estava sempre na defensiva, talvez fosse por eu me sentir sempre horrorosa, então imaginei que quando eu finalmente beijasse seria por amor. Que eu estaria no mínimo apaixonada e o rapaz também e no fim não foi nada disso. Eu conheci ele em uma balada, através do boy do meu pai, estava bêbada e dançando e todo o resto vocês já sabem...

Enfim, eu depois que o beijei peguei seu telefone e nos dias posteriores trocamos algumas mensagens e acho que por hora já deu de falar do Fernando, logo mais eu conto o que realmente aconteceu com ele depois em minha vida.

Vou relatar o dia em que minha companheira de quarto chegou. Era terça-feira, e o dia estava chuvoso, coitada, ela perdeu alguns livros por terem molhado durante a mudança. Diferente de mim que fui com apenas uma mala, ela tinha umas cinquentas malas e eu realmente não sabia onde ela enfiaria todas aquelas coisas em sua metade do quarto, mas enfim vamos ao que interessa.

O nome dela? Emanuella. Ela é uma garota maravilhosa, imponente, elegante. Dona de uma personalidade forte e de opinião constante, sem a conhecer já se notava tudo isso que lhes disse. Negra com seus cabelos cacheados maravilhosos. E o que eu mais admirei em sua personalidade? Sua alta estima constante. Ela não é uma garota de corpo escultural, muito pelo contrário suas grandes curvas destacam uma sensualidade exótica.

Eu fiquei de boca aberta assim que eu a vi, talvez ela tenha percebido, porque chegou perto de mim e colocou a mão no meu queixo.

— Prazer, meu nome é Emanuella, mas você pode me chamar de Manú. E você pode fechar a boca xuxu, estaremos sempre juntas nesse quarto. — Depois de dito isso ela piscou. Seu gesto me fez ficar desconcertada. Meu coração disparou e de repente eu queria ser ela. Eu precisava muito dela em minha vida e aprenderia tudo o que eu pudesse com ela.

Claro que não foi sempre assim entre nós duas, teve um momento em que eu não pude deixar de notar que ela saia com garotas. Nossa os fantasmas do preconceito resolveram aparecer outra vez, eu não estava acreditando que eu estava pensando naquelas coisas, mas o que eu poderia fazer por ela? Será que ela não tinha medo de ir para o inferno?

Depois que ela organizou toda a sua mudança, a qual eu havia me oferecido prontamente para ajudar ela a fazê-la, saímos para jantar juntas para continuar nos conhecendo. Lá no jantar eu toquei no assunto. Ah, antes eu preciso dizer a vocês que eu descobri que ela saia com garotas por ter organizado alguns de seus porta retratos e em um deles havia uma foto dela beijando uma ruiva maravilhosa.

— E então Manú onde você morava? — Na verdade eu queria era logo perguntar se ela era lésbica, mas me contive.

— Eu morava em uma cidade que se chama Piracicaba, conhece?

— Não acredito, eu morava em uma cidade bem próxima. São Pedro. E você já conhecia São Paulo antes?

— Sim, eu sempre vinha aqui, eu amo essa cidade e por mim morarei aqui para todo o sempre. — A voz dela soa divertida, como que se quisesse aprontar alguma. Seus olhos sorriam junto com os lábios. Eu juro que me perguntei: Como ela consegue ser assim?

— Que legal, Manú, eu não conheço aqui muito bem. Eu já vim algumas vezes, mas sempre vinha na igreja junto com minha mãe e meus avós, então meus roles não eram lá muito agradáveis assim.

Liberdade Divergente.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora