Capítulo 2

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Lawren

A insistência de Peter para que eu procurasse Oliver estava se tornando uma espécie de mal-estar entre nós. Ele não compreendia o medo que eu tinha de perder meu filho. Eu tinha consultado uma advogada, que havia me alertado da possibilidade de Oliver pedir a guarda do meu filho. Ela tinha me aconselhado a pedir um reconhecimento de paternidade antes de qualquer coisa. Eu me neguei a chegar a esse ponto não iria fazer meu filho passar por essa humilhação. Mas agora não teria outra saída, mesmo receosa, tinha tomado a decisão de procurá-lo. Decidi falar diretamente com Oliver e enfrentaria as consequências. Não tinha outro jeito.

Só de pensar em ter que passar por isso, quando tinha jurado para mim mesma que nunca ele saberia que eu tive um filho dele, a bile subia pela minha garganta. Deitei-me na manta estirada no piso de madeira, meu lindinho brincava em silencio com seus brinquedos coloridos e fiquei olhando admirada em como ele era bonito. Sua pele tinha o tom mais clara do que a do pai, mas seus olhos eram verdes-acinzentados iguais aos dele. Os cabelos eram castanhos escuros, lábios grossos como os de Oliver. Eu sempre estava dando uma olhada no seu Instagram, o cretino era lindo. Era solteiro e tinha completado trinta e seis anos mês passado. Estava sempre acompanhado de uma mulher diferente.

A campainha tocou e eu me levantei para atender a porta. Quando abri, senti um alívio ao ver minha amiga Nicole. Agora eu tinha com quem conversar.

— Oi, bruxinha — cumprimentou e passou direto para onde Ethan estava.

— Oi, maluquinha. Não foi trabalhar hoje? — perguntei.

— Pedi o dia de folga para resolver umas coisinhas — respondeu.

— Ainda bem que passou aqui. Preciso muito conversar com alguém — confessei.

Enquanto ela brincava com Ethan, que não sei como ria para ela, fui até a cozinha passar um café. A minha cabeça estava estourando de tanto pensar.

Levei duas canecas fumegantes de café e um pote de biscoito, e me sentei no chão colocando o recipiente em cima da mesa de centro, longe das mãos de Ethan que já estava engatinhando. Com seis meses ele tinha um desenvolvimento normal como toda criança. Ele só não ouvia e nem balbuciava grunhidos, todos os bebê faziam na sua idade, menos ele. Fora isso, meu filho era super saudável. Tinha um gênio forte que não era brincadeira.

— Por que está parada olhando para o bebê com essa cara? — indagou.

— Vou procurar o pai de Ethan e pedir ajuda para o tratamento dele. Me dói vê-lo nesse silêncio interno, sem ouvir uma palavra sequer — desabafei.

— Você tomou a decisão certa, amiga. Você sabe que pode contar comigo.

— Sei, e vou precisar que você me acompanhe. Não quero envolver Peter e meu pai nessa.

— Eu te acompanho. Afinal de conta, eu estava lá no dia em que vocês fizeram o Ethan em um sexo relâmpago — brincou.

— Fala sério! Você nem viu eu entrar com ele no escritório — ironizei.

Começamos a falar sobre sexo e dei altas gargalhadas com ela me contando sua última experiência sexual. Nicole era muito louca e se envolvia em uma enrascada pior que a outra. Estar ao seu lado me fazia esquecer um pouco das minhas preocupações. Combinamos que na próxima folga dela, na próxima semana, iríamos até a empresa de Oliver. Eu tinha sete dias para me preparar para esse encontro.

Depois que conversarmos mais um pouco sobre outros assuntos, ela se despediu e foi embora.

A semana passou rápido e o dia em que irei revelar a Oliver que ele teve um filho, havia chegado. Tudo se definiria. Eu estava nervosa. Peter queria me acompanhar, mas eu não queria que ele se envolvesse. Mateo trabalhava na empresa e eu tinha pedido que Pete não falasse nada com ele. Era uma situação que colocava em risco o relacionamento deles. Depois eu teria uma conversa com ele e explicaria que fiz Peter prometer que não contaria a ninguém quem era o pai de Ethan. Era meu segredo, minha vida. Porém, o destino quis que fosse de outra forma e agora eu estava prestes a revelar meu segredo ao homem que só tive contato uma vez na vida e acabei engravidando dele.

Já tinha dado banho em Ethan e arrumado sua bolsa com tudo que precisaria. Ele estava lindo com uma calça jeans, uma camisa branca com detalhes em preto e um tênis no mesmo tom da camisa. Tinha comprado especialmente para essa ocasião. Com tudo pronto, desci as escadas com meu filho no colo e a sacola atravessada no ombro. Eu iria de metro e Nicole estaria me esperando em frete ao prédio da Empresa. Com o endereço em mãos, segui meu caminho. Depois de uma hora de viagem, encontrei Nicole em frente a um Pub. Eu estava morta de cansada. Meu braço doía com o peso de Ethan.

— E aí, preparada? — perguntou e em seguida pegou Ethan no colo.

— Cansada. Preciso descansar um pouco antes de enfrentar Oliver.

— Vamos sentar-nos um pouco. Você aproveita e toma um pouco de água.

Já estávamos dentro do prédio e Nicole estava falando com o recepcionista para saber qual andar ficava o escritório do CEO da empresa. Ele pediu nomes e um documento de identificação e confirmou no computador. Um segurança nos revistou depois nos entregou o crachá de visitante. Meu coração estava na boca, mas agora não tinha volta, teria que seguir em frente.

Decidida, apertei o botão do elevador, e segurando meu filho no colo, rezei para que eu me acalmasse. Assim que as portas se abriram, saímos e deparei-me com o luxo do lugar. As paredes eram todas revestidas por mármores com o nome da empresa em bronze. Havia vasos suspensos com flores brancas e folhagens. Poltronas e mesas que faziam o ambiente ser sofisticado e ao mesmo tempo confortável. Enquanto eu me distraia com os detalhes da recepção, Nicole já estava conversando com a secretaria. Aproximei-me e escutei a negativa dela em não ser possível falar com Oliver, pois não tínhamos horário marcado na agenda. Isso era verdade. Ela estava fazendo seu papel. Minha amiga insistiu e a secretária continuou a negar. Em um minuto de dispersão da secretaria, de repente, Nicole saiu as presas passando por sua mesa e abriu a porta que, possivelmente, seria o escritório de Oliver. Foi aí que começou o rebu. Nicole perdeu o controle.

Eu ouvia a voz inconfundível de Oliver gritar, enquanto a secretaria ligava para os seguranças. Percebendo que seríamos jogadas dali a ponta pés em segundos, andei com Ethan em direção ao escritório. Era agora ou nunca. Quando me aproximei da porta, vi ele trazer Nicole pelo braço, arrastando-a para fora de sua sala. Senti meu corpo em chamas, só em ver minha amiga sendo expulsa daquela maneira.

— Solte o braço dela — esbravejei irada.

Nossos olhos se encontraram e ele se deteve. Olhou fixamente para mim e depois para Ethan nos meus braços. Ele soltou Nicole e eu entreguei Ethan a ela. Ficamos parados frente à frente, mudos.

CHAMA ARDENTEOnde as histórias ganham vida. Descobre agora