1. Férias de Verão

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[ A história terá cenas explícitas tanto a nível de conteúdo linguístico, como a nível de conteúdo sexual. Lê à tua responsabilidade. ]

Nota: Neste capítulo, quando forem visíveis uns parágrafos e a escrita em itálico, estará a simbolizar um flashback.

{ Hipocrisia humana ; promessas impossíveis de realizar. }

↠ Ashton Irwin.

Vejo-me obrigado a acordar. O calor que se encontrava no quarto era deveras insuportável e, ainda que eu não tivesse muita coisa sobre o meu corpo, estava a morrer de calor. Devido à escuridão presente no quarto pude calcular que a porta se encontrava fechada, explicando por isso o ambiente abafado. A minha cama estava completamente desfeita, estando o meu corpo nú, unicamente coberto pelo lençol pálido e quente. Tento destapar o meu corpo sem recorrer a um esforço físico, mas ainda que tivesse mexido as minhas pernas de forma frenética, não havia conseguido alcançar o meu objetivo.

Ao levantar o meu tronco da cama relembro-me o quanto custara adormecer esta noite. O meu corpo parecia andar à deriva, como se estivesse no interior de um barco, e a minha mente induzia-me em erro, fazendo-me ver tudo a andar à roda, como se tivesse acabo de sair de um carrocel. Tudo estava bastante baralhado na minha cabeça, que logo me fez resmungar mentalmente. Nunca mais irei beber na minha vida.

Isto faz-me refletir relativamente à minha opinião pessoal e relativamente à minha visão do mundo. Toda a gente no mundo é hipócrita. Decerto que cada pessoa já fez promessas das quais sabe que nunca irá conseguir cumprir. Eu sei que a noite passada não fora a última vez que bebera, pois, conheço-me demasiado bem. Eu não sei que, provavelmente daqui a uns dias estarei no mesmo estado, ou talvez pior, mas isso não faz mudar a minha atitude teimosa perante as circunstâncias. Eu não sei cumprir promessas, mas, na minha opinião, acho que ninguém sabe.

Sento-me na cama e levo as mãos como suporte à minha cabeça. Como fora possível eu ter-me posto neste estado. Não me refiro ao estado físico, onde mal consigo raciocinar relativamente aos acontecimentos da noite passada, mas sim à vida de que tenho feito rotina. Uma pessoa devia saber quando parar, mas eu não sei e, mesmo que soubesse, não me estou a ver capaz de conseguir. As coisas foram demasiado longe. Excederam os limites.

Os meus dedos afundam-se na minha garganta. Não me acredito que estou prestes a provocar o vómito, mas depois de já o ter feito de forma involuntária é tudo o que me resta. Havia prometido a mim mesmo não voltar a beber, ainda para mais sem ter algo no estômago. Eu sou uma merda. Se não consigo sequer seguir os meus próprios conselhos em momentos racionais, como poderei eu ser um exemplo para a sociedade? Como poderei eu algum dia ser alguém na vida? Tudo o que tenho a afirmar é que álcool é mais forte que eu.

Acabo por desistir com o falhanço no meu objetivo e ligo a torneira do lavatório. As minhas mãos contrastam com a corrente gelada e levo-as de encontro ao meu rosto, quente tentando acordar-me para a realidade. Não há maneira de acordar para a realidade. A bebida tomou o melhor de mim e agora só me resta esperar pelo meu estado de desespero e necessidade.

Acabo por me levantar da cama, completamente nauseado da minha triste recordação. O que diriam os meus pais sobre este comportamento? Infelizmente, não importa fazer questões que sei que não irão ser respondidas. Os meus pais não estão aqui comigo, vivendo por isso junto da minha avó. Esta senhora desde sempre me criou e acho que nunca irei ser capaz de lhe contar sobre mim. Não quero ver a desilusão estampada no seu rosto. Não quero que ela se envergonhe do neto que tem, e muito menos quero que ela se preocupe comigo. Eu tenho dezoito anos. Eu sei o que faço.

O cheiro de uma parede a ser grafitada incomoda-me de uma forma inexplicável. Após finalizar o meu filtro, pego na droga, já ardida e desfeita, e coloco-a na palma das minhas mãos. Passar o aditivo para o papel translucido é a parte mais fácil de todo o processo. Após juntar todas as peças, nos devidos sítios do meu cigarro alternativo, pego no meu isqueiro amarelo e aproximo o lume da ponta do meu cigarro. Espero que a chama alcance a droga para a puder fumar e, uma vez que concluído esse objetivo, levo o material de encontro aos meus lábios.

Merda, como estou desesperado.

Ter dezoito não justifica as minhas atitudes, tanto que por essa mesma razão que ainda estou na escola. Eu não reprovara em nenhum dos anos. Após uma reflexão e uma análise relativamente à minha situação, achei que a minha média de dezanove valores não chegava e, este ano, procuro alcançar os vinte. Quem é que eu quero enganar? Eu cheguei aos dez valores o ano passado a muito custo.

Os meus professores caíram em cima de mim e devido ao facto de só estar a realizar três disciplinas (as de exame), sou obrigado a frequentar umas das atividades extracurriculares oferecida pela escola. Mas quem é que eles pensam que são para me obrigarem a fazer seja o que for? Ainda não fora ver as opções, mas decerto que nenhuma me vai agradar. Eu não gosto de rugby, nem de cricket, nem nada que envolva mexer-me. Eu basicamente não gosto de nada.

A rapariga despia-se na minha frente enquanto as minhas mãos envolviam o meu membro ereto. As provocações nunca foram algo que me chamassem a atenção no sexo, mas esta rapariga estava a fazer mudar-me a opinião relativamente a isso. Após ela estar completamente nua, deita-se em cima de mim e coloca o seu cabelo todo para um lado. A minha visão fixa o seu pescoço, já com algumas marcas das quais reconheço ser minhas. Quanto à rapariga? Acho que nunca na vida me cruzei com ela e culpo toda a gente, inclusivo eu, por estarmos onde estamos. Não só as mulheres, mas também os homens têm culpa de se envolverem com desconhecidos apenas em busca de prazer. Não sou exemplo para ninguém e nunca quererei ser exemplo para ninguém. Não quero que ninguém vivencie as minhas experiências, pois eu sei que estão erradas. Agora já é tarde demais para voltar atrás. Eu devia ter negado quando me fizeram uma escolha. Eu devia ter-me lembrado das consequências referidas pelos professores, aquelas personagens chatas que somos obrigados a ouvir. Até referia os pais, mas os meus nunca foram algo exemplar. Eles sempre estiveram mais importados com a empresa do que com a minha educação para ser honesto.

E quando acordo para a realidade, a rapariga já havia abandonado a divisão. Ficara apenas eu na companhia dos meus pensamentos críticos relativamente à minha vida.

Talvez se eu tiver uma conversa com o meu diretor de turma, ele não me obrigue a frequentar a atividade extracurricular oferecida pela instituição. Eu sei que já vou negativo, mas eu sou sempre assim. Em todas as situações da minha vida eu começo com um pensamento negativo e não há nada que me possa mudar.

- Ashton, querido, acorda. Vamos almoçar.

A voz trémula da minha avó soa, perto da porta que dá acesso ao meu quarto. Ainda que os meus pais tenham bastante dinheiro, a minha avó manteve-se neutra a todos os seus ganhos e negou sempre as suas ofertas de uma vida 'melhor'. Ela é uma senhora esperta e sei que, à mínima coisa, os meus pais lhe iriam pedir algo em troca. É assim que as pessoas da sociedade funcionam.

Eu posso não morar numa grande vivenda com uma piscina coberta, mas o apartamento é acolhedor e faz-me sentir em casa. A presença da minha avó também é deveras reconfortante.

- Sim, avó. Eu já vou para a mesa.

Eu preciso de algo que me tire deste estado de inconsciência.

Eu preciso de alguém que me tire deste estado de inconsciência.

Inconsciência  》 irwinOnde as histórias ganham vida. Descobre agora