22.

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{ Scarlett ; ações cheias de cautela e cuidado ; necessidade de uma explicação plausível }

Ashton Irwin.

Os meus lábios, secos e gretados, devido ao pouco cuidado que tenho comigo mesmo, apoderam-se do cigarro e apenas o soltam quando deliberam que o fumo inalado fora o suficiente. A quente toxicidade instala-se na minha boca, por breves segundos, pois acaba por ser encaminhada até aos meus pulmões. A sensação é boa, pelo menos, o meu corpo aparenta apreciar. Scarlett leva a ponta ainda ardente ao chão frio e faz movimentos circulares para a mesma se apague. O seu cigarro já não tinha utilidade nenhuma visto que se havia resumido a nada. A preocupação ainda habitava em mim pois estava curioso por saber quem é que lhe havia fornecido tudo isto.

Era já perto das três e meia da manhã e nada parecia acontecer neste local. Por vezes ouviam-se jovens que gritavam para o ar e que partiam garrafas, provavelmente de cerveja, contra os muros e contra o chão. Muito honestamente, nunca vira diversão nisso, por isso, sempre que acontecia algo desse género no meu grupo, eu, simplesmente, encostava-me a rir-me das figuras que os outros faziam.

No entanto, Scarlett parecia achar piada ao atentar esses momentos acontecerem. Ainda que não os pudéssemos ver bem, devido à imensa escuridão da noite, conseguíamos ver por vezes algumas sombras passarem de raspão. As suas gargalhadas, doces e melosas, ecoavam pelo estreito caminho onde nos encontrávamos e faziam o meu interior aquecer. Ela parece tão doce. Porém, não conseguia perceber se ela estava a achar as situações divertidas ou se apenas se encontrava alterada devido ao que acabara de fumar.

Questiono-me, na negrura da noite, até quando ficarei aqui. O chão, onde ainda nos encontramos sentados, parece ser o melhor sítio do mundo para estar. Os meus olhos, cansados, já me começam a picar e a minha vontade está dividida entre adormecer aqui e gritar bem alto, para que todo o mundo me pudesse ouvir. Todavia, as minhas ações estavam limitadas, não podendo, por isso, fazer nenhuma das minhas vontades.

- Scarlett.

- Sim?

- Esquece. - eu riu-me, sem deixar o meu sorriso de lado. A verdade é que não pronunciara o seu nome com a intenção de a chamar. Eu apenas quisera proferir o seu nome em voz alta por estar farto que o mesmo se acumulasse nos meus pensamentos.

Scarlett retira todos os fios de cabelo da frente do seu rosto e apoia as suas palmas das mãos no chão. O seu olhar claro ganha um brilho natural quando a jovem rapariga fixa o céu estrelado, desta bonita noite de primavera, e o seu sorriso dá mais vida ao seu rosto angelical e perfeito. Induzido pelas substâncias tóxicas, eu apenas desejo que ela seja minha.

Delibero imitar o seu ato, sentindo o chão rugoso e frio com a palma das minhas mãos. As pequenas pedras que se encontravam soltas e perdidas pela calçada incomodavam-me um pouco, fazendo-me, por isso, mover-me bastante até me acomodar. O meu olhar procura a beleza das estrelas que, devido a toda a situação envolvente, aparentavam dançar na escuridão do nosso telhado, o céu.

- Vieste ter comigo...

- O quê? - eu questiono meio perdido com a sua melosa intrusão no silêncio.

- Assim que eu te mandei mensagem, tu vieste logo ter comigo. Contaste-me na quinta-feira que a tua avó te tinha colocado de castigo mas, mesmo assim, tu vieste. - ela afirma com um pequeno sorriso no rosto sem colocar, por uma única vez que fosse, o seu olhar em mim. - Porquê?

- Eu não sei. Acho que não há uma razão que explique a minha atitude.

Riu-me ao ver a forma como as estrelas dançavam, ainda que a nossa conversa séria continuasse a decorrer. Era como se estivesse entre dois mundos, o real e o imaginário. Não estou capacitado para optar qual a melhor opção, por isso, decido manter-me entre os dois insanos mundos.

Inconsciência  》 irwinWhere stories live. Discover now