Visita de Mãe... E novas estradas

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     _ E posso saber que detalhe e que certeza te fizeram vir aqui me fazer perder tempo, e encher o meu saco?

     _ Foi pelo Maurício que eu soube o que você tentou e conseguiu fazer para tirar o Mau-Mau de casa... E foi por ele também que eu soube da sujeira que você fez com o garoto que amava, aqui mesmo dentro da casa de vocês, na noite do Ano Novo.

     _ E de posse dessas informações, o que pretendes fazer? Deixa eu te dizer só uma coisa, preocupada Dra. Fabiana... Nada pode ser feito, ok? Ele não me quer mais. Ele saiu da minha vida porque não soube entender uma fraqueza minha. Eu já reconheci não uma, mais várias vezes a minha burrada, e me humilhei, e implorei... Só que aquele desgraçado disse NÃO. Satisfeita? É agora que você vai me dar aquela boa e velha lição de moral? Se sim, acho melhor você sair daqui e procurar algo mais útil pra fazer da sua vida.

     _ Não vim aqui pra isso, Tobias. Eu queria apenas ouvir a sua versão da coisa toda. Você ter admitido seu erro, já é um bom começo. Talvez, filho, o que esteja errado nisso tudo é a sua insistência em querer esse rapaz de volta, sem ao menos ter tentado mudar uma vírgula do que você levou anos pra se tornar.

     _ Eu estive com ele no começo da semana. Fui até o Ginásio da Escola onde a gente trabalha, e tentei conversar com ele, e por puro desespero, eu voltei a me humilhar, a implorar para que ele me desse uma chance, e ele simplesmente se virou e saiu, depois de me dizer um monte de bobagem...

     _ E porque você não faz o mesmo, filho? Por que não segue em frente? Olha bem pra você, garoto. Um homem bonito, com traços bem fortes e definidos na sua personalidade. Um homem cheio de potencial, e que ao invés de viver, está preferindo se vitimizar, ser o coitado, na esperança de que as coisas possam voltar a ser o que era antes. E isso é absurdamente errado. 

     _ E o que a senhora acha que eu devo fazer, mãe? 

     Nesse momento Fabiana viu que tinha quebrado de alguma forma a arrogância e o ódio nos quais o filho estava mergulhado há um bom tempo.

     _ Que tal enterrar de vez esse velho Tobias, e renascer um novo e belo homem? Pensa bem, filho... E Fabiana abraçou o filho e o levou até o sofá... _ Se há uma mancha bem visível em você faça com que vire o mais belo desenho.

     _ Como se isso fosse fácil, mãe.

     _ É fácil, se você assim disser que será. Se bem lembro do filho que botei no mundo, ser a vítima nunca combinou com você, meu amor. Pode ser que um dia você olhe pra trás e veja que um erro seu acabou te transformando num outro homem, e que seguir por outras estradas é também uma ótima ideia. E o que quero dizer com tudo isso?

     _ Não faço a menor ideia, mãe.

     _ Se dê uma nova chance.

     Tobias não mais aguentou e agarrou a mãe. Fabiana ficou com o coração do tamanho de uma ervilha. Seus braços o prenderam e ele chorou com a cabeça apoiada na curva do seu pescoço.

     _ Agora vamos pra casa. Um final de semana na minha companhia não vai ser de todo ruim. E amanhã mesmo vou pedir pra Lucia vir aqui e fazer uma bela faxina.

     _ Obrigado, mãe. Eu te amo, Dra. Fabiana... Nunca esqueça disso, ok?

     _ Se isso um dia acontecesse, meu amor, eu preferiria morrer. Vá arrumar uma mochila enquanto eu fecho as janelas. Eu te amo demais, filho... Muito. 

     O Final de semana foi um dos melhores que tiveram, desde que Tobias havia saído de casa há alguns anos atrás. Ele também aproveitou para colocar a cabeça em ordem, e traças novas metas. No domingo Fabiana estava se arrumando para o trabalho, quando o filho entrou no quarto já de sunga...

     _ Tô indo nessa, mãe.

     _ Olha que pecado, esse belo garoto s'p de sunga, e eu gostosona ter que ir trabalha num plantão de 24 horas.

     _ Devia ter sido Professora, mãe... Rsrsrsrs.

     _ E só agora você fala isso? Ingrato. 

     _ Você sabe que tô voltando pra casa hoje, não sabe?

     _ Sei. E quero que você lembre que aqui também é sua casa e caso haja necessidade de voltar... Volte.

     _ Desculpa por todos os erros, malcriações, grosserias...

     _ Também amo você, garoto. Acho que já disse isso.

     _ Mais não custa nada repetir, Dra. Fabiana.

     Tobias abraçou a mãe, rodou com ela na bela suíte e a beijou ao se despedir. Ele rapidinho colocou suas coisas no seu carro, e os dois deixaram a casa. Ao passar pela casa dos Maurícios, foi assim que ele chamou o lugar por um bom tempo, ele olhou rapidamente e seguiu em frente.

     A orla estava cheia quando ele chegou e por conta disso, quase não encontra estacionamento. Ele decidiu não ficar no lugar de sempre, e andou na direção oposta do quiosque onde sempre ficava com os amigos. Assim que ele deixou suas coisas num pequeno armário da palhoça que ocupara, pediu uma água de coco, e deu uma rápida olhada no lugar. Era uma das áreas mais tranquilas da orla, e ficava próximo de um imenso quebra-mar.

     Foi durante a volta de um bom mergulho que alguém que vinha em sua direção, lhe chamou muito a atenção...

     Foi durante a volta de um bom mergulho que alguém que vinha em sua direção, lhe chamou muito a atenção

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     O sorriso era aberto, o jeito moleque centrado de ser era algo bem positivo e bom de ver. Talvez tivesse 22 anos, ou até menos. Era com certeza uns 15 cm mais baixo, mais o seu olhar conseguiu me prender mais do que eu talvez quisesse. Nos cruzamos, e quando olhei pra trás, ele já estava olhando... E o que fiz? Claro que voltei...

     _ Oi. Eu disse.

     _ Olá, Ele disse.

     _ Tobias. Prazer.

     _ Malik.

     E foi um dos dias mais incríveis que Tobias viveu em muitos e infelizes meses.


Meu Novo Eu  -  Romance gayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora