Uma Vida Toda Nova

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     Tínhamos chegado em Cameron horas depois de sair de Providência. O voo comercial parou em outras quatro cidades/Estados do país, e a primeira mudança que notei foi o tamanho do Aeroporto Internacional, e o tanto de gente que estava circulando nele. Cameron era a maior Cidade do País, isso era inegável, mas será que eu iria me acostumar a viver nela? Só o tempo me diria.

     Seguimos direto para um pequeno, mas confortável Hotel no centro da cidade...

     _ Você vai pro Hotel, filho, e vou seguir direto pra Superintendência da PF.

     _ Mais, pai, eu...

     _ Nem preciso te dizer que tenho milhões de coisas pra fazer, e me habituar a andar por aqui. 

     _ Tudo bem. Dá pra responder penas uma coisa?

     _ Manda, Mau-Mau.

     _ Vamos demorar muito nesse hotel? Nossas coisas vão chegar em três, quatro dias. O senhor mandou eu trazer apenas essa mochila com algumas mudas de roupa, e...

     _ Dá pra parar com a frescura, MF?

     Quando o velho me chamava de MF é porque já estava quase a ponto de explodir.

     _ Tudo bem, Sr. Maurício. Desculpa ter perguntado.

     Ele apenas se virou e andou em direção à porta do quarto 602 do bendito Hotel central. Acho que alguma coisa o fez parar, se virar e dizer...

     _ Vai ser difícil, filho essa adaptação. Prometo pra você que as coisas serão diferentes. Desculpa se fui meio grosseiro com você, ok? Agora devo ir porque quero me apresentar na sede, antes do final do expediente.

     _ Tudo bem, pai. vai lá que vou começar a me virar por aqui. Adaptação, seu Maurício. Vida nova. Ele apenas sorriu e saiu.

     Nos quase três dias que ficamos no Hotel, ele resolveu muita coisa não apenas do seu serviço. O que mais me agradou foram as chaves da nossa nova casa, que ele havia finalmente comprado e mobiliado sem que eu nada soubesse, e a abertura de uma conta corrente no BPB de Cameron. Me senti muito adulto com isso. Agora o que mais me deixou empolgado aconteceu depois do almoço do terceiro e último dia no Hotel. Papai me levou na nova Escola que me teria como aluno apenas os últimos seis meses do meu último Ano como um simples estudante de nível médio.

     O lugar era gigantesco. Não deu pra saber como seriam os novos " amigos " porque as férias do meio do ano já haviam começado há mais ou menos uns 15 dias, e eu aproveitei pra dar uma olhada em tudo, enquanto o seu Maurício pagava as taxas para a minha admissão.

     Sei que a gente não era rico, mais ter uma casa própria, um bom carro, estudar numa excelente escola, e ter certas comodidades, e tudo isso graças ao excelente salário do velho, me deixava bem mais tranquilo pra focar no meu futuro, e no momento certo montar a minha Academia. Eu queria muito me formar em Educação Física e um dia poder viver com o suor, literalmente, do meu trabalho.

     Meu pai havia dito uma vez que o pai dele, avô que não cheguei a conhecer, tinha deixado uma boa grana pra mim, e que eu só receberia após os 35 anos, ou quando me formasse, e eu não via a hora de tomar posse dessa herança e tornar meu sonha a mais incrível realidade.

     Depois que saímos da Escola São Paulo fomos direto pro Hotel fechar a nossa conta, e finalmente depois de tudo guardado, seguimos direto pra nova casa.


      

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     Quando o carro novo do velho entrou nas dependências do Condomínio que a gente moraria, após nos identificarmos e codificar uma senha pessoal de acesso pela portaria, dobramos na terceira, das quatro ruas do lugar e ele parou diante da casa numero 07. Eu rapidamente saí do carro, e após fechar a porta do carona...

     _ Gostou, Mau-Mau? Foram as primeiras palavras do meu pai.

     _ Isso aqui foi feita em série, pai. Até as cores das fachadas são iguais.

     _ Então você não gostou? É isso?

     _ Não, velho. Eu adorei tudo isso aqui.

     E adorei mesmo. O lugar tinha jardins incríveis, pracinha de convivência, uma piscina comunitária para os moradores e seus convidados, uma academia completa cujo instrutor vinha 03 vezes na semana, e o melhor de dois mundos... A Orla de Cameron ficava a mais ou menos 15 minutos de caminhada daqui.

     _ Isso deve ter custado uma fortuna, pai. 

     Juro pra vocês que não sei o que me deu, só sei que dei a volta no carro, e abracei o velho que estava se apoiando no carro com sua porta aberta, olhando pra casa com um bobo sorriso nos lábios e preocupado em me agradar. Ele foi pego de surpresa, mas, mais surpreso fiquei eu quando ele me abraçou e depois bagunçou o meu cabelo por quase um minuto.

     _ Agora vamos entrar e começar a desempacotar todas as nossas tralhas.

     _ Então nossas coisas já chegaram?

     _ Claro, filho. O pessoal daqui tomou conta de tudo, e assim que nossas coisas chegaram foram despachadas direto pra cá. 

     O dia só foi terminar por volta das 23h30 da noite. Tudo foi separado, arrumado, e guardado nos seus devidos lugares. O quarto do meu pai ficava no final do corredor, e o meu era a primeira porta do mesmo.

     Eu tinha acabado de me vestir, após tomar banho no banheiro do meu próprio quarto, quando ele bateu na porta e o disse para entrar...

     _  Gostou do seu espaço, filho?

     _  Gostou do seu espaço, filho?

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     _ Você tá brincando? Olha pra tudo isso, e me diz velho se qualquer garoto da minha idade não adoraria ter um quarto desses?

     _ Já vi que você arrumou todas as suas coisas, né?

     _ Isso mesmo. Amanhã vou querer acordar só à tarde. Tô bem cansado.

     _ Confesso que eu também, Mau-Mau. Amanhã a gente vai ter que fazer um bom supermercado, encher a geladeira e a dispensa, e...

     _ Já vi que tava bom demais. O que é, pai?

     _ Tô escalado pra uma missão de mais ou menos 04 dias... Depois de amanhã. vai ficar tudo bem? Quer que eu mande alguém dar uma passada por aqui?

     _ Tô seguro aqui, pai. O ruim é você ter que viajar. Acho que me acostumei com você por aí nos últimos dias.

     Ele veio até onde eu estava, parou bem à minha frente e pôs sua mão direita sobre meu ombro esquerdo e disse:

     _ Também me acostumei com voc~e no meu raio de visão, filho. Sabe o que fiquei pensando enquanto estava no banho agorinha mesmo? Que eu fui um completo idiota em não colar em você nesses últimos dez, onze anos. 

     Do nada ele me abraçou e disse:

     _ Você me ajudar a fazer dar certo, filhão?

     _ Sempre que você precisar, velho. valeu, coroa.

     Ele separou e voltou a bagunçar meu cabelo que eu tinha acabado de arrumar. Descemos juntos e tivemos pizza para o jantar. Ele colocou no microondas e nos serviu. Foi a melhor primeira noite na casa nova, e porque não dizer... De uma vida toda nova.

Meu Novo Eu  -  Romance gayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora