10.

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Fui pra casa o mais rápido que pude. Fui de Uber mesmo, porque o que eu menos queria era chorar na frente do Paul. Aliás, ele não poderia saber, nem ele nem ninguém.

Se Noah não gostava de mim como mulher eu não poderia deixa-lo comigo somente por pena. Eu sabia exatamente o que fazer, mas antes eu chorei e chorei muito.

Mal consegui dormir naquela noite. As palavras dele ficavam se repetindo na minha cabeça. E eu que tanto sonhei com ele sendo meu namorado. Foram tantas noites agradecendo que isso havia acontecido e depois comecei a sonhar com a nossa primeira noite, que não aconteceu. Nunca aconteceria. Estava bom demais pra ser verdade. Eu vivi um sonho e acordei, simples assim.

***

- está quieta, aconteceu algo?

Meu garfo remexia os ovos no prato. Meus pensamentos estavam longes e eu estava mergulhada em tristeza, mas meus pais não precisavam se preocupar com isso.

- não é nada. - sorri sem ânimo

- Noah vem buscar você?

Minha mãe mantinha os olhos em mim esperando uma resposta.

- hoje não. Pai, me dá uma carona? - pedi

Eles se olharam como se soubessem o que estava acontecendo. Preferi não explicar ou argumentar.

- tchau mãe.

Coloquei minha mochila nas costas e fui depressa até a porta. Eu queria mais era chegar logo na escola e colocar o que planejei em prática.

Meu pai me deixou na escola. Saí do carro com um nó gigante na garganta e lembrei da mensagem que havia mandado a Noah.

Oi. Não precisa vir me buscar, hoje vou com meu pai.

Ele não respondeu, mas visualizou. Eu já estava acostumada, afinal, ultimamente era sempre assim. Pra ele devia ser um alívio não ter que me levar ao colégio.

Bufei ao pensar nisso e caminhei a passos largos ao meu armário. Peguei os livros da primeira aula e fui para a sala.

Noah já estava lá. Olhei rapidamente com um sorriso tímido. Ele devolveu o sorriso e assim que me sentei em uma das mesas ele se aproximou.

- oi. – depositou um beijo em minha bochecha

Sorri de novo.

- oi. – respondi

Achei que ele perguntaria sobre não vir com ele pro colégio, mas não o fez.

A aula terminou e por fim saí da sala disposta a fazer o que havia planejado. Eu precisava acabar com aquilo de uma vez.

- Noah! – chamei e puxei seu braço assim que ele saiu da sala

- oi! O que foi?

- ahm... podemos conversar?

Ele estranhou a pergunta, então se distanciou dos amigos e veio em minha direção.

- o que foi? Parece preocupada.

Noah me conhecia desde pequena. Ele sabia quando algo me incomodava.

Levei-o para o pátio do colégio e aproveitei que estávamos sozinhos para começar a falar.

- preciso conversar com você.

Cicatrizes Where stories live. Discover now