GUARDIAN OF JUSTICE ༆ marvel

11| A espada retorna à dona

Sakaar
Narração Syn

        - Vamos logo, Thor. - Sussurrei, levemente angustiada, tentando ganhar a atenção do deus. Estávamos caminhando até o palácio, mas a todo momento Thor se perdia em seus próprios devaneios, mostrando interesse em qualquer outra coisa que não fosse no caminho que precisava ser tomado.

        - Você está muita apressada. - Ele reclamou, ajeitando o manto verde no rosto. As pessoas de Sakaar estavam realmente empenhadas em achar Thor e a pessoa que o ajudara, no caso eu, e por tal razão eu estava vestindo trapos velhos e havia pintado o rosto. No caso de Thor, ele optou apenas pelo seu inseparável manto. Não era um disfarce grandioso, mas pelo menos ninguém tinha nos reconhecido até então.

        - Thor, largue esse bicho nojento agora! Não quero viajar na mesma nave que um cara com leptospirose. - Aumentei o tom de voz, vendo o loiro acariciar um rato que encontrara perto de um amontoado de destroços carbonizados.

        - Shiu, ele pode te ouvir. - Thor me advertiu, olhando para o portador de doenças com um sorriso bobo. - Não dê atenção para ela, tudo bem? Você é uma criatura maravilhosa.

       Eu estava começando a ficar irritada com a sua insistência em nos atrasar. Quando o assunto era unidades, os sakaarianos não mediam  esforços para alcançar seu objetivo. E com o anúncio do Grão Mestre, as pessoas estavam nos caçando incansavelmente em troco da recompensa. Em tempos diferentes, eu faria o mesmo.

         Comecei a andar mais rápido e notei Thor me acompanhar, ainda emburrado por ter de deixar o bicho para trás. Ajeitei o enorme casaco de pelo, passando os dedos por cima da minha trança ruiva.

         - Sabe, se eu não soubesse que sou simpático e carismático demais para qualquer um me odiar, eu diria que você certamente odeia. - Ele soltou de repente. Não estava falando sério, pude perceber pela sua entonação de divertimento.

        - Eu não te odeio. Não por completo. Mas tenho certeza que muitas criaturas pela galáxia têm uma opinião diferente. Deus do ego, coisa e tal? - Sorri enquanto pronunciava tais palavras. Em pouco tempo de amizade eu e Thor nos tornamos bastante próximos. Confidentes, eu diria. Além de uma dupla de fugitivos, claro.

          - Já fui à Terra e fiz muitos admiradores por lá - retrucou ele, e ambos rimos baixo com suas palavras. - Não sei dizer se foi pelo Mjölnir ou pelos músculos, mas com certeza ser um vingador acrescentou algo.

           - Não foi cansativo se entrosar com os humanos quando se é um deus? Imagino que deve ter sido bastante decepcionante - comentei, imaginando Thor, um deus em toda sua grandiosidade, perdido em meio às criaturas mortais.

           - Não, na verdade não - admitiu, e me supreendi com seu tom de voz. - Quando se passa muito tempo cercado por bajulação, há uma certa ideia de que você é intocável. Ir à Terra apenas me mostrou que sejamos deuses ou humanos, não há nada que nos difere quando a morte chega.
  
        Quando chegamos próximos ao palácio resolvemos dar a volta, escolhendo pegar a escada de trás do terreno, raramente usada, para chegar ao subsolo onde ficavam as naves. Olhei em volta, sentindo-me mais tranquila ao perceber que ninguém observava. Nem mesmo Dália. Abri a porta de metal e desci pelo espaço estreito, sentindo minha respiração ficar irregular devido ao sufoco. Thor, percebendo meu desconforto, lançou-me um sorriso confiante. Não foi tranquilizador, mas fiquei feliz em vê-lo tão positivo mediante aquela situação. Abri a segunda porta e soltei o ar que nem percebi que havia prendido. Eu nunca tinha entrado na garagem do subsolo, portanto fiquei realmente surpresa com a enorme diversidade de naves.

       Graças a Valquíria, que começou uma rebelião com os lutadores, nós conseguimos tirar alguns guardas do palácio e entrar na garagem sem acionar o alarme. O amigo de Thor, Hulk, que por incrível que pareça no final das contas era só um cara da terra, nos ajudou. Ele iria conosco.