3. Festa?

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Juro que não sei dizer o momento em que eu desmaiei, mas alguém me segurou e me levou para a enfermaria. Me fizeram cheirar álcool e bateram em meu rosto; estava sentindo minhas bochechas queimarem.

Quando dei por mim, estavam as meninas e o novato a minha volta. Todos me olhando com olhos esbugalhados esperando uma reação. Céus, eu deveria estar horrível.

Sentei e coloquei a mão na testa, enquanto assimilava as informações que havia recebido antes do meu apagão.

Festa? Minha casa? Meu Deus, aquilo só poderia ser uma grande brincadeira!

Antes de responder qualquer pergunta corri pelo colégio, tentando me equilibrar sobre meus saltos. E ao chegar no corredor principal, vi Gael entrando no banheiro. Corri mais um pouco, olhando para todos os lados possíveis. Ninguém poderia ver aquilo que eu estava prestes a fazer.

Abri a porta do banheiro masculino e fechei atrás de mim. Gael se sobressaltou com o estrondo e tenho certeza que iria falar alguma coisa, mas fui mais rápida que ele:

— Festa? — quase gritei, vendo Gael em pé em frente ao mictório.

— O que está fazendo aqui? — perguntou olhando para mim e para frente. — Você está ficando maluca, boneca?

— Guarda isso — apontei para a torneirinha que ele segurava. — Precisamos conversar!

Ele revirou os olhos, terminou o que tinha de terminar e fechou as calças virando para mim. Levantei as sobrancelhas indicando a pia e ele riu, passando por mim, ameaçando me tocar. Quando finalmente lavou as mãos, cruzei os braços e ele se virou apoiando na pia.

— Não vai me explicar? — exigi e ele riu. — Para de rir!

— Quantos anos você tem, boneca? — perguntou e eu pisquei confusa.

— Dezessete.

— Eu tenho dezenove, quase vinte — fiquei surpresa, não imaginava que ele era tão... velho. — É de lei; os pais saem, os ratos fazem a festa. E como você não tem irmão mais velho, posso fazer esse... papel. Afinal, não mudaria muita coisa — estranhei, mas logo voltou os olhos para mim. — Enfim, boneca, você será a anfitriã e ninguém vai saber sobre nós.

Nesse mesmo momento alguém abriu a porta e antes que eu pudesse se quer pensar, já estava dentro de uma cabine, junto com Gael. Ele trancou e ficamos em silêncio. A outra pessoa abriu a cabine do lado, mas parou na frete da nossa. Senti os braços de Gael me pegando pelas pernas e me levantando. Enlaçou minhas pernas em sua cintura e eu quis brigar com ele, mas ele só fez cara feia e mexeu a boca mandando eu "ficar quieta". A pessoa ficou uns minutos parada na frente da nossa porta e vi sua sombra mexendo. Ele estava tentando olhar por baixo da porta? Em seguida entrou no banheiro do lado. Fez xixi, saiu da cabine, lavou as mãos e saiu do banheiro cantarolando.

No mesmo momento, suspirei e joguei as mãos mais tranquila pelos ombros do Gael. Sua respiração estava batendo em minha bochecha e sua mão apertou minha cintura. Voltei os olhos para os seus e nossos narizes se encostaram. Aquele banheiro era realmente pequeno, precisava aumentar um pouco; e tudo parecia mais quente. Meu Deus, e o ar-condicionado do banheiro?

Gael pigarreou, me colocando no chão em seguida. Lambi os lábios e suspirei enquanto Gael abria a cabine que estávamos. Até que aquele banheiro masculino não fedia tanto.

— Eu vou sair primeiro e depois você sai — disse já abrindo a porta principal do banheiro.

— Ei, não me deixa aqui! E se alguém me ver saindo do banheiro masculino? — perguntei aflita, e ele apenas riu. — E sobre a festa? Você trate de espalhar que não acontecerá!

Declínios de Uma Adolescente Rica [COMPLETA]Where stories live. Discover now